ÓLEO DE COCO, MCT OU SAIS E ÉSTERES DE CETONA?

Cetonas ou corpos cetônicos são compostos criados a partir da metabolização de gordura corporal para obtenção de energia na ausência de carboidratos. É uma adaptação fisiológica que permite o uso de nossos estoques enquanto não estamos comendo, como acontece durante o sono, o jejum, a convalescência de uma doença ou no pré e pós cirúrgico. O mesmo acontece com os bebês logo que nascem. Até que o leite da mãe desça em grande quantidade e o bebê aprenda a sugar, estão utilizando grande quantidade de corpos cetônicos.

Nossos ancestrais não tinham acesso a supermercados, quitandas, geladeira. Comiam quando haviam comida e no restante do tempo estavam descansando ou caçando e coletando alimentos. Podiam passar longos períodos sem comer e nestes momentos utilizavam justamente cetonas como fonte de energia.

Na história mais recente da humanidade passamos a ter abundância de alimentos, especialmente fontes de carboidratos. Bolos, biscoitos, macarrão, pães, salgadinhos, frutas, tubérculos como batata, cereais como arroz são consumidos diariamente e, muitas vezes, exageradamente. O excesso de carboidratos é oxidado (quebrado, queimado) e gera moléculas de glicose que serão utilizadas facilmente pelas células. Neste caso, o corpo nunca entra em cetose e quando precisa utilizar corpos cetônicos acha dificílimo.

As mitocôndrias ficam mimadas, acostumadíssimas a só usar carboidratos. Se a pessoa não pode comer, se o almoço atrasa já começam a reclamar de fraqueza, mal estar, dores de cabeça. Contudo, voltar a utilizar corpos cetônicos é importante. Conforme vamos envelhecendo o corpo vai tornando-se mais resistente à insulina. Sem a utilização de cetonas a primeira a sofrer é a memória.

Consumir menos carboidratos, aumentar o consumo de antioxidantes, fazer jejuns de pelo menos 12 horas, não comer sem fome, praticar atividade física aeróbica, manter o peso saudável, evitar comer perto da hora de dormir vai adaptando novamente o corpo para a utilização de cetonas. Pacientes com declínio cognitivo e Alzheimer frequentemente possuem resistência insulínica cerebral. Neste caso, favorecer a cetose é importante e isto pode ser feito com dieta cetogênica, associada à atividade física e uso de suplementos específicos.

Laudo do PET-SCAN paciente com declínio cognitivo

ÓLEO DE COCO, MCT OU SAIS E ÉSTERES DE CETONA?

Suplementos não são substitutos para dieta e atividade física. O ideal é que ao longo do tempo o paciente consiga entrar e manter a cetose sem o uso de recursos. Mas no início é mais difícil. Neste caso utilizamos suplementos que favorecem a cetose. Mas como escolher?

O óleo de coco é a opção mais barata mas não é indicado para pacientes que já tem colesterol total e colesterol LDL alto, especialmente se for uma pessoa com mutação do gene APOE4. O MCT é outra opção mas é bem mais caro. Além disso, deve ser iniciado lentamente pois não é tolerado por todos. Já começar com uma colher de sopa cheia pode gerar agitação, tremores. O ideal é começar com 1/2 colher de chá e ir aumentando aos poucos. Mesmo assim, para os pacientes com mutações de APOE4 indico os sais ou ésteres de cetonas, como o BHB (beta hidroxibutirato). Para mais informações agende sua consulta online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cetose cíclica

Existem muitas formas de perder peso e regular genes associados à diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Dois protocolos muito estudados são a dieta cetogênica e o jejum intermitente que visão reduzir o uso de carboidratos e aumentar o de corpos cetônicos, principalmente beta hidroxibutirato.

Funções do beta hidroxibutirato

Tanto a dieta cetogênica quanto o jejum intermitente permitem que o corpo utilize mais beta hidroxibutirato, garantindo maior flexibilidade metabólica e saúde geral. Contudo, nem todo mundo consegue ficar sempre com uma dieta muito rica em gordura ou uma dieta onde o jejum é obrigatório todos os dias. É aí que entra a cetose cíclica.

Post Amarelo e Vermelho de Gratidão para Facebook.jpg

Quando o consumo de carboidratos é menor, o pâncreas reduz a secreção do hormônio insulina. A insulina é um hormônio anabólico, que favorece o ganho, o estoque (de carboidrato, proteína e gordura).

Por outro lado, a supressão de longo prazo da insulina gera um estado metabólico não saudável mas que é facilmente evitável com a cetose cíclica - entrando e saindo da cetose.

Cetoce cíclica

A cetose gera benefícios metabólicos ao organismo. Só que vários outros benefícios estão associados com a fase de realimentação, com a saída da cetose.

O ciclo de estratégias ajuda ainda a controlar a inflamação crônica, a qual associa-se com uma série de doenças incluindo síndrome metabólica, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, depressão e ansiedade (pela neuroinflamação), condições autoimunes, sarcopenia, osteoporose e doenças neurodegenerativas.

Faça jejum intermitente de pelo menos 12 horas diárias. Pelo menos dois dias da semana tente fazer jejum de 16 horas. E, pelo menos a cada três meses reduza o consumo de carboidratos significativamente para que consiga entrar em cetose (a maioria das pessoas precisa reduzir carboidratos para 20 a 50g/dia, suplementar fibras, vitaminas, minerais - se precisar de ajuda, marque uma consulta aqui).

Abacates, óleo de coco, ômega-3 de origem animal de peixes gordurosos, manteiga, nozes cruas (macadâmia e nozes são ideais, pois são ricos em gorduras saudáveis, mas pobres em proteínas), sementes, azeitonas e azeite de oliva, coco, açaí puro farão parte do cardápio deste período. Tiras de teste cetônico podem ser usadas para confirmar que você está em cetose, definida como tendo cetonas no sangue na faixa de 0,5 a 3,0 mmol/L.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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RODÍZIO DE ESTRATÉGIAS NUTRICIONAIS PARA ATLETAS

É frequente atender atletas com dores musculares, mas tenho atendido também com doenças autoimunes e inflamação crônica que afeta outros tecidos. Falo um pouco neste vídeo:

No vídeo falei do rodízio de estratégias (jejum, dieta com diferentes quantidades de carboidratos). O rodízio aumenta a flexibilidade metabólica do atleta, ou seja, sua capacidade de performar com diferentes alimentos e nutrientes.

Por exemplo, o jejum e a dieta cetogênica fazem com que o corpo funcione com a utilização de cetonas, poupando aminoácidos de cadeia ramificada e a massa magra. Quando o corpo possui flexibilidade metabólica o risco de inflamação crônica é reduzido, assim como o risco de câncer, doenças cardiovasculares e Alzheimer.

O açúcar é um acelerador potente do envelhecimento e da morte prematura, em parte pela ativação de dois genes conhecidos como Ras e PKA, ambos envolvidos na degeneração celular. Estratégias como jejum intermitente inibem a via mTOR, que tem demonstrado um importante papel na extensão da vida.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/