A convulsão é um distúrbio no qual descargas elétricas anormais no cérebro geram contração muscular desordenada, tremores, respiração irregular, alterações dos sono e da deglutição, perda da consciência ou confusão mental.
A convulsão pode ser gerada por febre alta, trauma craniano, intoxicação por chumbo, uso de alguns remédios, doenças que afetam o cérebro ou consumo de drogas, incluindo a cocaína. As convulsões podem gerar insuficiência respiratória e déficits neurológicos permanentes por perda de neurônios.
Algumas doenças geram episódios recorrentes como epilepsia de difícil controle, síndrome de West e síndrome de Lennox-Gastaut. Na epilepsia, por exemplo, a dieta cetogênica tem sido usada com sucesso desde a década de 1920. Estudos mostram que aproximadamente 20 a 30% dos pacientes com epilepsia não respondem adequadamente ao tratamento medicamentoso, por isto outras estratégias precisam ser testadas.
A dieta cetogênica também beneficia pessoas com deficiência de GLUT-I, deficiência de piruvato desidrogenase, síndrome de Rett, espasmos infantis, Síndromede Dravet, gicogenose tipo V, síndrome de Landau-Kleffner.
Esta dieta leva a um aumento do nível dos corpos cetônicos no sangue e estudos mostram que os corpos cetônicos e seus componentes tem efeito neuroprotetor evitando as convulsões por reduzir a excitabilidade neural.
Para que tenha sucesso de 75% a 90% das calorias ofertadas deverão vir de gorduras, 3 a 10% de carboidratos e 7 a 20% de proteínas. A dieta em geral é seguida por 3 a 4 meses para que os efeitos sejam percebidos e deverá ser mantida por 2 a 3 anos. Para começar a dieta o paciente deve passar por avaliação médica e aconselhamento nutricional.
Dentre os exames solicitados no início e durante o processo estão hemograma e contagem de plaquetas, eletrólitos, enzimas hepáticas, funcionamento renal, lipidograma, perfil de acilcarnitina sérica, exame de urina, níveis de drogas anticonvulsivantes, aminoácidos séricos. Conforme as crises vão diminuindo o neurologista fará a revisão do uso de anticonvulsivantes. Já o nutricionista deverá calcular cardápios variados, fornecer receitas e suplementar multivitamínicos e minerais, cálcio e vitamina D, selênio, magnésio, zinco, fósforo, carnitina, triglicerídeos de cadeia me'dio e sódiio, conforme necessidade.
O tratamento pode ser iniciado em casa ou no hospital, a critério da equipe de saúde. Devem ser excluídos do cardápio alimentos fonte de glutamato monossódico e bebidas estimulantes.
Algumas fitoterápicos também podem agravar o quadro epiléptico devendo ser eliminados do esquema terapêutico: kava kava, valeriana, passiflora, gingko biloba, ginseng.
Em relação aos resultados 33% não conseguem seguir a dieta, há redução de 50% das convulsões em 33% dos pacientes, há redução de 90% em 17% dos pacientes e outros 17% dos pacientes livram-se totalmente das convulsões,
Efeitos colaterais podem surgir e incluem letargia (provavelmente pelo efeito sedativo dos corpos cetônicos), hipoglicemia, alterações gastrointestinais, como náuseas, vômitos (pelo elevado nível de corpos cetônicos) e dificuldades de ingestão da dieta. Desidratação também pode acontecer.
À longo prazo, as complicações podem incluir litíase renal (que pode ser associada à acidúria e queda do pH urinário ou à restrição hídrica), infecções recorrentes (consequência da alteração da função dos granulócitos), aumento do ácido úrico, acidose, depleção de carnitina, hipercolesterolemia, irritabilidade, letargia e recusa de ingestão de alimentos.
A dieta cetogênica também pode acarretar a piora de pacientes com deficiência da enzima piruvato-carboxilase, de carnitina, com porfiria ou defeitos na beta-oxidação (queima) de ácidos graxos. Além disso é contra indicada para pacientes com doenças cardíacas, renais e musculoesqueléticos, incluindo osteopenia.
Fontes:
Kossof et al. (2009). Optimal clinical management of children receiving the ketogenic diet: Recommendations of the International Ketogenic Diet Study Group. Epilepsia, 50(2):304-17
Pereira et al. (2010). Dieta cetogênica: como o uso de uma dieta pode interferir em mecanismos neuropatológicos. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, R. Ci. méd. biol., 9(Supl.1):78-82
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