Dieta cetogênica e canabidiol no tratamento da epilepsia refratária

A dieta cetogênica tem sido utilizada com sucesso no tratamento de crianças com epilepsia de difícil controle desde a década de 1920. Contudo, apenas recentemente deixou de ser vista como um tratamento alternativo. Os avanços nas pesquisas evidenciaram que a dieta cetogênica (rica em gordura e pobre em carboidratos) contribui para a redução da excitação neuronal, além de possuir ação anticonvulsivante e antiepiletogênica (Pereira et al., 2010).

Com a redução das crises a dieta contribui para o melhor desenvolvimento psicomotor. É bom destacar que há necessidade de acompanhamento e individualização por profissionais especializados na área já que a dieta pode ter efeitos colaterais como letargia, anorexia e complicações gastrointestinais (Hirano et al., 2015), atraso no crescimento, acidose metabólica e dislipidemia (Vilches, 2016). 

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

A dieta cetogênica também possui algumas contraindicações. Pessoas que não podem seguir a dieta incluem aquelas com deficiência primária de carnitina, deficiência de carnitina palmitoiltransferase 1 e 2, defeitos de beta-oxidação de ácidos graxos, deficiência de piruvato carboxilase e porfiria (Vilches, 2016). 

De acordo com a associação brasileira de epilepsia a dieta deverá ser feita por períodos prolongados, chegando a 2 ou 3 anos. 

Antes do início da dieta deverá ser realizada a avaliação nutricional completa. Quanto aos exames devem ser solicitados: hemograma, níveis de eletrólitos e gases no plasma, proteínas totais e albuminúria, função hepática e renal, perfil lipídico e exame de urina. Além disso, exames mais específicos como vitamina D, perfil de aminoácidos e acilcarnitinas, aminoácidos no soro e ácidos orgânicos na urina (Vilches, 2016) poderão ser solicitadas. 

Outro tratamento promissor na redução da epilepsia resistente às medicações convencionais é o canabidiol, substância derivada da planta cannabis sativa. Em estudo publicado na prestigiada revista Lancet os autores destacam o efeito do uso de 2 a 5 mg/kg/dia em crianças, adolescentes e adultos com idades entre 1 e 30 anos (Devinsky et al., 2015). Apesar de os autores destacarem como resultado principal a redução no número de convulsões, relatam que o uso do canabidiol pode cursar com efeitos adversos incluindo sonolência, alterações no apetite, diarreia e fadiga. Além disso, 11% dos pacientes tiveram aumento das convulsões.

Outros estudos, como o conduzido na Universidade de Alabama em Birmingham, Estados Unidos e tem mostrado resultados promissores no uso do canabidiol para o tratamento da epilepsia. No Brasil, o uso do canabidiol para o tratamento da epilepsia ainda não está liberado. Mesmo assim, algumas famílias tem conseguido na justiça a liberação da importação e uso do canabidiol. Para avaliação do uso um neurologista ou neuropediatra deve ser consultado.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/