Vinagre de maçã ajuda a emagrecer?

O vinagre de maçã está na moda. Recebo perguntas muito variadas. Desde meninas que querem usá-lo para hidratação dos cabelos até pacientes em quimioterapia que o utilizam para regular o pH plasmático. Vamos às evidências científicas:

Já ouviu a expressão  "an apple a day keeps the doctor away" (uma maçã ao dia mantém o médico longe)? De fato, maçãs são ricas em uma série de compostos potencialmente protetores, incluindo:

  • Pectina - fibra solúvel que contribui para a menor absorção de açúcar e colesterol. Também mantém a saúde do trato digestório e protege contra o câncer de colon (Jedychowski & Maugei, 2009);

  • Boro - mineral importante para a saúde do cérebro e ossos;

  • Quercetina - flavonóide que varre radicais livres e reduz o risco de câncer e danos ao DNA;

  • Vitamina C - vitamina com propriedades antioxidantes importantes para a redução do envelhecimento celular, para o aumento da produção de colágeno e melhoria da imunidade;

  • Outros compostos que beneficiam a saúde - carotenóides, vitaminas do complexo B, potássio, magnésio, catequinas, ácido clorogênico (Boyer & Liu, 2004; McCann et al., 2007; Gerhauser, 2008).

Para quem não vai muito ao supermercado as maçãs são uma ótima opção pois seus nutrientes são preservados mesmo após estocagem por longos períodos (Boyer & Liu, 2004). Outra opção é consumir o vinagre de maçã. Estudos mostram que o consumo do vinagre de maçã combate a resistência à insulina (Maryam et al., 2015), protege o fígado de fumantes (Omar et al., 2015) e não fumantes (Omar et al., 2016), inclusive em diabéticos. Reduz o estresse oxidativo e inflamação em pacientes com câncer de mama, quando associado a uma dieta rica em outros polifenóis (Dragan et al., 2007).

Quanto à perda de peso o vinagre vem sido utilizado há muito tempo. Existem relatos na literatura desde 1820. Mas funciona? O vinagre é uma forma de temperar saladas com baixas calorias. Além disso, a solução diluída de ácido acético (4g/100 mL)  demanda energia do organismo para sua metabolização (Kohn, 2015). De fato, o consumo de ácido acético (McCarty, 2014) ativa a enzima AMPK (Proteína quinase ativada pelo AMP), que aumenta a biogênese mitocondrial (Reznick & Shulman, 2006) e estimula a queima de gordura (Ceddia, 2013Hardie & Ashford, 2014). 

Estudo de Kondo e colaboradores (2009) observou que após 3 meses de consumo de 2 colheres de sopa ao dia houve perda de peso, principalmente na região abdominal. Após a suspensão do uso do vinagre os participantes voltaram a ganhar peso.

O consumo de vinagre também estimula a produção de óxido nítrico (Sakakibara et al., 2010). Porém estes efeitos duram apenas cerca de 15 minutos após o consumo de 1 colher de sopa do produto. Já sabemos que uma estratégia isolada não costuma ser eficiente. Hábitos saudáveis, que incluem abstenção do tabagismo, a prática regular de atividade física, a qualidade do sono e da dieta são todos importantes para a saúde.

Assim, outra dica para aumentar o óxido nítrico, favorecendo a vasodilatação e a chegada de nutrientes aos tecidos é consumindo suco de beterraba, uma fonte de nitratos  que melhora a função cognitiva em diabéticos (Gilchrist et al., 2014), a endurance submáxima em idosos (Eggebeen et al., 2016), a função vascular (Kipen et al., 2015) e a pressão arterial sanguínea (Siervo et al., 2013) de adultos.

Mas voltando ao vinagre, use-o na salada sempre que puder! Um estudo antigo da Universidade de Harvard (1999) mostrou que seu uso na salada, junto ao azeite, 5 a 6 vezes por semana, reduzia o risco de doença coronariana isquêmica fatal e arritmias em mulheres. Além dos ácidos graxos do bem do azeite (monoinsaturados) o vinagre melhora a função arterial  (Sakakibara et al., 2010).

E o vinagre balsâmico (feito de vinho tinto), tem um efeito similar? Sim, ele possui 4 vezes mais polifenóis do que o vinagre de arroz, por exemplo (Lizuka et al., 2010). Por isso, possui um efeito protetor contra radicais livres maior do que o de arroz. A adição de vinagre balsâmico à comida parece contrabalancear os efeitos negativos de dietas ricas em gordura (Vogel et al., 2000).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Suplementação nas ataxias

Ataxias cursam com perda do controle muscular durante movimentos voluntários, como andar ou pegar objetos. Pessoas com ataxia têm problemas com a coordenação, uma vez que partes do sistema nervoso que controlam o movimento e equilíbrio são afetados.

As ataxias podem ser hereditárias ou adquiridas:

  • Hereditárias: conjunto de doenças geneticamente determinadas (como a ataxia de Machado-Joseph).

  • Adquiridas: não têm um componente genético envolvido, podendo ser causadas por abuso de álcool ou drogas, intoxicação por metais pesados (chumbo/cádmio/mercúrio/arsênico) ou por disfunções do sistema neuroimunológico, como a esclerose múltipla. Outras condições incluem traumatismo craniano, AVC, ataque isquêmico transitório, paralisia cerebral, catapora, tumores, reações tóxicas a medicamentos, deficiência de vitamina E ou vitamina B12, alergia ao glúten.

Ataxia espinocerebelar - doença de Machado-Joseph (Klockgether, Mariotti & Paulson, 2019)

Ataxia espinocerebelar - doença de Machado-Joseph (Klockgether, Mariotti & Paulson, 2019)

Tratamento

O primeiro passo é procurar ajuda médica. Neurologistas podem fazer o diagnóstico das ataxias, basendo-se em um conjunto de sintomas e/ou exames genéticos.  Ainda não existe um tratamento específico para as ataxias, mas os pacientes beneficiam-se de um conjunto de medidas que podem incluir prescrição farmacológica (como no caso de disfunções do cerebelo), prescrição de suplementos (Vitaminas E e B12, coenzima Q10, 5-HTP, zinco), terapia ocupacional, fisioterapia e atividade física para fortalecimento da musculatura e yoga, para melhoria do equilíbrio.  

Um estudo publicado em 2022 mostrou que a suplementação de triglicer´ídeos de cadeia m´édia (TCM) na quantidade de 18g ao dia, por 3 meses, melhorou a marcha e o equilíbrio de pacientes idosos. Isto foi devido ao metabolismo da glicose suprimido no córtex sensório-motor no cérebro. Além disso, ressonância magnética e PET com 18F-fluorodeociglicose também confirmaram o aumento da conectividade funcional do hemisfério cerebelar ipsilateral (Mutoh et al. 2022).

Basicamente, o cérebro estava funcionando melhor e isso se traduziu em melhor movimento físico. Os MCTs (triglicerídeos de cadeia média) são únicos em comparação com outras gorduras, pois são rapidamente convertidos em corpos cetônicos. As cetonas são pequenas moléculas solúveis em água que são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica. Eles fornecem mais energia por unidade de oxigênio e produzem menos resíduos metabólicos, daí sua reputação como um supercombustível para o cérebro.

Conforme envelhecemos o uso de glicose para o cérebro torna-se menos eficiente. Por isso, açúcares e carboidratos simples devem ser reduzidos e corpos cetônicos aumentados. Uma forma de estimular a produção de corpos cetônicos é pela dieta cetogênica suplementada com TCM.

Tipos de TCM

Existem quatro tipos diferentes de TCMs:

  • Ácido capróico (C6): é o mais eficiente na absorção e absorção, mas tem um cheiro e sabor bastante ruins, quando isolado. Presente naturalmente no óleo de palma e laticínios integrais.

  • Ácido caprílico (C8) ou ácido octanóico: ajuda a manter o intestino saudável. Rapidamente absorvido. Aumenta corpos cetônicos na corrente sanguínea 3 vezes mais rápido que C10 e 6 vezes mais rápido que C12. Cheiro e sabor melhores do que C6. Presente naturalmente em marcas de TCM e no óleo de coco.

  • Ácido cáprico (C10): ajuda a manter o intestino saudável. Rapidamente absorvido, contudo 3 vezes mais lentamente que C8. Mas, a mistura nos produtos é interessante para manter os níveis de corpos cetônicos mais constantes no plasma. Presente naturalmente em marcas de TCM e no óleo de coco.

  • Ácido láurico (C12): ajuda a manter a microbiota saudável. Tem ação antifúngica. Leva mais tempo para ser absorvido e pode elevar mais os níveis de colesterol plasmáticos do que C8 e C10. Disponível naturalmente no óleo de coco e nos laticínios integrais.

Destes, C8 e C10 são os mais associados à perda de peso e encontrados em marcas como:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/