Segundo o emir de Bukkuyum, na Nigéria, Alhaji Muhammadu Usman, mais de 300 crianças morreram em consequência de envenenamento por chumbo na vila de Yar-Galma. A divulgação foi feita na última sexta-feira durante a inauguração de um poço de água movido a energia solar. O emir elogiou a fundação Sir Ahmadu Bello Memorial (SABMF) por ter iniciado o projeto e lamentou que o envenenamento por chumbo tenha afetado adversamente várias comunidades na áreao.
A presidente da fundação Mamman Nasir alegou que o projeto foi pensado para fornecer água segura e potável livre de chumbo e outros metais pesados encontrados no solo. O chumbo é um elemento natural encontrado em pequenas quantidades na crosta terrestre. É largamenteutilizado pelas indústrias para produção de cigarro, tintas de cabelo, gasolina e encanamentos de distribuição de água. Quando aquecido a uma temperatura superior a 550-560°C, o chumbo emana vapores tóxicos. Na Nigéria o problema foi a água. No Brasil também existe contaminação da água de beber por chumbo e outros metais pesados mas o principal problema é o uso excessivo de agrotóxicos nos alimentos.
O chumbo pode entrar no corpo humano pela via respiratória, cutânea ou digestiva (a mais comum). O jejum, a desnutrição e a carência dietética de cálcio, ferro e fósforo aumentam a absorção intestinal de chumbo, assim como seus efeitos tóxicos. Após a absorção o chumbo é distribuído pela corrente sanguínea chegando a tecidos como rins e fígado. Também pode se depositar nos ossos, dentes e cabelos. O metal também pode atravessar a barreira placentária chegando ao feto pelo cordão umbilical.
As manifestações da intoxicação por chumbo incluem alterações cognitivas e de humor, dores de cabeça, sabor metálico na boca, perda de apetite, vômitos e prisão de vente. Em crianças os sintomas incluem irritabilidade, perda de interesse por brincadeiras, vômitos persistentes, instabilidade da deambulação, confusão mental, sonolência, convulsões e coma. Se houver uma redução na exposição ao chumbo, pode haver uma melhora espontânea do quadro, voltando a piorar caso a exposição retorne.
A eliminação do chumbo presente no organismo é difícil. Os tratamentos de quelação do chumbo são demorados e incluem vários efeitos colaterais. O ácido dimercaptosuceínico (DMSA) liga-se ao chumbo auxiliando sua excreção pela urina mas pode aumentar erupção cutânea, náuseas, vômitos, diarréia, perda de apetite, sabor metálico na boca e alterações das funções hepáticas.
Outras opções de medicamentos incluem o dimercaprol e o edetato de cálcio dissódico. O tratamento tem duração de 5 a 7 dias consecutivos. Como tais drogas quelam minerais há o risco de excreção de vários nutrientes fundamentais para o adequado funcionamento do corpo. Desta forma, a terapia exige internação para que haja monitoramento constante.