Suplementar ou não?

Para milhões de pessoas no mundo, tomar um suplemento vitamínico e mineral faz parte da rotina da manhã. A indústria adora: os rendimentos só nos EUA em 2007 foram de 6 bilhões de dólares! Mas será que os benefícios são realmente compensadores? Nem sempre.

As pesquisas tem mostrado sistematicamente que fórmulas antioxidantes (geralmente com vitamina C e E), vendidas para a prevenção e o combate das mais variadas doenças, não conseguem reduzir o risco de câncer nem de eventos cardiovasculares. O mesmo foi mostrado ao se combinar ácido fólico, vitamina B6 e B12. Isto não quer dizer que os suplementos sejam totalmente inúteis porém a indicação deve ser precisa, as fórmulas utilizadas também precisam ser analisadas. Nem todo mundo precisa ou deve suplementar tudo!

Outro estudo mostrou que o uso de antioxidantes (vitamina C + vitamina E) por indivíduos fisicamente ativos pode prejudicar as adaptações celulares. Isso pode resultar em menor ganho de massa magra, por exemplo. 

E o que a ciência tem mostrado de mais importante é: primeiro alimentação, depois (caso seja realmente necessário) suplementação. Isto porque a natureza fornece os nutrientes combinados de formas que não conseguimos reproduzir nas cápsulas. Frutas, vegetais, cereais integrais, legumes, nozes, castanhas sementes contém uma sinfonia de vitaminas, minerais, fibras e outros compostos bioativos que na verdade trabalham juntos para nos proteger contra as doenças. Esta sinergia não pode ser imitada em pílulas. Não existe mágica e não há como fugir da melhor fórmula já inventada: alimentação saudável + atividade física moderada + combate ao estresse.

Além disso é dificílimo ultrapassar as doses seguras se alimentando direito. Por outro lado, é fácil se intoxicar com pílulas e cápsulas que contém doses enormes de nutrientes. Estudos já tiveram que ser descontinuados uma vez que ao tomarem doses concentradas de antioxidantes ou outros nutrientes os níveis de câncer passaram a aumentar. As células passaram a crescer mais e mais rápido devido ao excesso de nutrientes. Outros estudos também mostraram a associação entre vitamina A, beta-caroteno com o risco de morte por qualquer outra causa. O consumo exagerado de selênio também aumentou o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2. Por isto, a recomendação tão comum de não se automedicar também vale aqui: não autosuplementar. Procure sempre um profissional capacitado para avaliar a real necessidade de uso de qualquer produto milagroso. Mesmo públicos alvo como gestantes, crianças pequenas e atletas devem ser acompanhados.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/