pH normal, acidose e alcalose

Acidose e alcalose são estados anormais resultantes de excesso de ácidos ou de bases no sangue. O pH normal do sangue deve ser mantido dentro de uma faixa estreita (7,35-7,45) para o funcionamento adequado dos processos metabólicos e para a liberação de quantidades corretas de oxigênio nos tecidos. Acidose é um excesso de ácido no sangue, com pH abaixo de 7,35, e alcalose é um excesso de base no sangue, com pH acima de 7,45.

pH arterial normal: 7,35 a 7,45

< 7,35: acidemia ou acidose

> 7,45: alcalemia ou alcalose

Durante o dia ácidos vão sendo formados e precisam ser neutralizados ou eliminados para manutenção do equilíbrio ácido-básico. Os principais sistemas de controle do pH são a eliminação de ácido como gás carbônico (CO2) pelos pulmões, a reabsorção de bicarbonato e excreção de ácidos pelos rins. Muitos distúrbios e doenças podem interferir no controle do pH do sangue, causando acidose ou alcalose. Distúrbios ácido-base são frequentes em doenças pulmonares, doenças renais e na diabetes.

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Componentes da dieta podem gerar resíduos ácidos ou básicos durante o metabolismo. Alimentos com grandes quantidades de magnésio, potássio e cálcio geram mais resíduos básicos (bicarbonato), enquanto alimentos ricos em fosfato, cisteína, metionina, lisina, arginina e histidina geram mais resíduos ácidos (H3PO4, H2SO4 e HCl). A produção ácida endógena líquida pode ser medida diretamente na urina (PRAL) ou pode ser estimada pela composição da dieta (PAEL estimada ou NEAP):

Estudos mostram que quanto mais acidificante é a dieta maior é o risco de diabetes, doenças cardiovasculares, hepáticas e renais (Han et al., 2016; Parvin et al., 2016; Jayedi & Shab-Bidar, 2019; Alferink et al., 2019). A dieta mais acidificante também reduz a densidade óssea aumentando o risco de osteoporose (Mangano et al., 2014). Por isto, indica-se uma dieta antiinflamatória e de baixa carga ácida (Passey, 2017). Esta dieta precisa de menos proteína animal, menos fosfatos, menos alimentos industrializados e em conserva. Por outro lado, para alcalinizar o organismo precisamos de mais cálcio, magnésio e potássio, a partir de alimentos de origem vegetal. Equilibre sua alimentação, previna doenças e proteja seus ossos (Gunn et al., 2015):

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Por que existem tantas pessoas com problemas da tireóide no Brasil?

A tireóide é uma glândula e para funcionar bem precisa de condições ideais, como a presença de selênio, iodo, zinco e substâncias protetoras de tecidos como vitamina E, vitamina D, vitamina A, manganês, glutationa e vitamina C. Além da falta de nutrientes o contato com disruptores endócrinos pode afetar negativamente o funcionamento da tireóide, fazendo com que a mesma produza menor quantidade de T3 e T4, hormônios necessários ao controle do metabolismo.

Um disruptor ou desregulador endócrino é um agente exógeno que interfere na síntese, secreção, transporte, metabolismo, ação de ligação ou eliminação de hormônios naturais que estão presentes no corpo e são responsáveis pela homeostase, reprodução e processo de desenvolvimento.

Pesticidas, maquiagens e protetores solares cheios de metais pesados, alimentos industrializados em embalagens contendo ftalatos e bisfenol atuam como disruptores endócrinos. O contato com um único produto provavelmente não causaria grandes problemas. Contudo, estamos frequentemente expostos a substâncias químicas que permanecem no corpo por semanas, anos ou décadas (Calsolaro et al., 2017).

Além da tireoidite de Hashimoto, hipo e hipertireoidismo preocupa o aumento no número de casos de câncer de tireóide no Brasil. Além da genética e idade, os disruptores endócrinos citados acima estão envolvidos no número de aumento de casos (Fiore et al., 2019). No Brasil, o uso de agrotóxicos é elevadíssimo, superando Estados Unidos e China, outros dois grandes consumidores de pesticidas.

Por isso, indica-se a redução no uso de maquiagens e produtos de beleza e higiene contendo metais pesados (isso é ainda mais importante na infância e adolescência), adoção de dieta mais natural, antiinflamatória, com a menor quantidade possível de alimentos ultraprocessados, preferência por alimentos orgânicos e evitação do uso de utensílios de plástico.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Nutrição e síndrome de Tourette

A síndrome de Tourette (ST) é uma condição neuropsiquiátrica definida por tiques motores e fônicos, repetitivos, involuntários e não rítmicos, com início na infância ou adolescência. Os tiques tendem a diminuir na maioria dos pacientes no final da adolescência ou na idade adulta.

A ST é diagnosticada clinicamente pela presença de múltiplos tiques motores e um ou mais tiques fônicos, com duração de pelo menos 1 ano e início antes dos 18 anos - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5a Edição ( DSM-V).

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A ST também está associada a várias comorbidades neuropsiquiátricas, incluindo transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo, ataques de raiva, problemas de sono, depressão e enxaqueca. A fisiopatologia exata é desconhecida, mas acredita-se que a ST tenha um componente genético que gera disfunção no circuito córtico-estriado-tálamo-cortical.

Está relacionada ao excesso de dopamina nos ganglios da base (estriado/substância negra). O tratamento medicamentoso consiste no uso de α-2agonistas (clonidina, guanfacina), antipsicóticos (haloperidol, risperidona, pimozida) e agentes mais novos (tetrabenazina e topiramato). Contudo, além de não funcionarem em todas as pessoas, os efeitos colaterais desses medicamentos incluem sedação, tontura, irritabilidade, dores de cabeça e hipotensão devido aos agonistas alfa; ganho de peso, depressão e discinesia tardia com o uso dos medicamentos neurolépticos; insônia, inquietação e depressão devido à tetrabenazina; e perda de peso, diminuição do apetite, cálculos renais e dificuldade em encontrar palavras com o topiramato.

Por isso, pessoas com Tourette também deveriam passar por tratamento comportamental abrangente para tiques (CBIT). Infelizmente, não é tão fácil encontrar especialistas bem treinados em CBIT. Como vários dos medicamentos usados fazem efeito pela redução da disponibilidade de dopamina, suspeita-se que a supressão da produção deste neurotransmissor exerça efeitos benéficos na síndrome.

Deve-se trabalhar para reduzir promover a liberação de dopamina nos gânglios da base. Ansiedade, medos, estresses e outros fatores que ativem eixo-HPA aumentam dopamina. Fazer modulação GABaergica é importante e discuto isso em vídeos da plataforma https://t21.video (procurar por GABA).

Indica-se ainda dieta restrita em açúcares, glúten e alimentos alergênicos e associação e suplementos como vitamina B6, magnésio, ômega-3, ácido alfa-lipóico, triptofano e 5-HTP, NAC, fosfatidilcolina ou fitoterápicos como Bacopa monnieri, Morus alba, morinda citrifolia, Magnolia officinalis, Glycyrrhiza glabra, valeriana. Estes suplementos não são usados todos de uma vez e a indicação deve ser feita por profissional habilitado, que possa avaliar efeitos colaterais e evitar interações droga-nutriente. Saiba como utilizar estes compostos nos vídeos de psiconutrição na plataforma https://t21.video.

A medicina complementar também é usada em associação às terapêuticas tradicionais, incluindo yoga, meditação, acupuntura, óleos essenciais (como o de limão) e hipnose. Crianças com seletividade alimentar e alterações sensoriais devem ser acompanhados ainda por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional (Patel et al., 2020; Smith et al., 2020). Para redução da dopamina estímulos excessivos também devem ser evitados, como uso excessivo de aparelhos eletrônicos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/