Nutrição e síndrome de Tourette

A síndrome de Tourette (ST) é uma condição neuropsiquiátrica definida por tiques motores e fônicos, repetitivos, involuntários e não rítmicos, com início na infância ou adolescência. Os tiques tendem a diminuir na maioria dos pacientes no final da adolescência ou na idade adulta.

A ST é diagnosticada clinicamente pela presença de múltiplos tiques motores e um ou mais tiques fônicos, com duração de pelo menos 1 ano e início antes dos 18 anos - Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5a Edição ( DSM-V).

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A ST também está associada a várias comorbidades neuropsiquiátricas, incluindo transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, transtorno obsessivo-compulsivo, ataques de raiva, problemas de sono, depressão e enxaqueca. A fisiopatologia exata é desconhecida, mas acredita-se que a ST tenha um componente genético que gera disfunção no circuito córtico-estriado-tálamo-cortical.

Está relacionada ao excesso de dopamina nos ganglios da base (estriado/substância negra). O tratamento medicamentoso consiste no uso de α-2agonistas (clonidina, guanfacina), antipsicóticos (haloperidol, risperidona, pimozida) e agentes mais novos (tetrabenazina e topiramato). Contudo, além de não funcionarem em todas as pessoas, os efeitos colaterais desses medicamentos incluem sedação, tontura, irritabilidade, dores de cabeça e hipotensão devido aos agonistas alfa; ganho de peso, depressão e discinesia tardia com o uso dos medicamentos neurolépticos; insônia, inquietação e depressão devido à tetrabenazina; e perda de peso, diminuição do apetite, cálculos renais e dificuldade em encontrar palavras com o topiramato.

Por isso, pessoas com Tourette também deveriam passar por tratamento comportamental abrangente para tiques (CBIT). Infelizmente, não é tão fácil encontrar especialistas bem treinados em CBIT. Como vários dos medicamentos usados fazem efeito pela redução da disponibilidade de dopamina, suspeita-se que a supressão da produção deste neurotransmissor exerça efeitos benéficos na síndrome.

Deve-se trabalhar para reduzir promover a liberação de dopamina nos gânglios da base. Ansiedade, medos, estresses e outros fatores que ativem eixo-HPA aumentam dopamina. Fazer modulação GABaergica é importante e discuto isso em vídeos da plataforma https://t21.video (procurar por GABA).

Indica-se ainda dieta restrita em açúcares, glúten e alimentos alergênicos e associação e suplementos como vitamina B6, magnésio, ômega-3, ácido alfa-lipóico, triptofano e 5-HTP, NAC, fosfatidilcolina ou fitoterápicos como Bacopa monnieri, Morus alba, morinda citrifolia, Magnolia officinalis, Glycyrrhiza glabra, valeriana. Estes suplementos não são usados todos de uma vez e a indicação deve ser feita por profissional habilitado, que possa avaliar efeitos colaterais e evitar interações droga-nutriente. Saiba como utilizar estes compostos nos vídeos de psiconutrição na plataforma https://t21.video.

A medicina complementar também é usada em associação às terapêuticas tradicionais, incluindo yoga, meditação, acupuntura, óleos essenciais (como o de limão) e hipnose. Crianças com seletividade alimentar e alterações sensoriais devem ser acompanhados ainda por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional (Patel et al., 2020; Smith et al., 2020). Para redução da dopamina estímulos excessivos também devem ser evitados, como uso excessivo de aparelhos eletrônicos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/