Whey protein em doenças crônicas e no envelhecimento

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo desenvolvido, com a pressão alta sendo um fator de risco modificável. Um estudo controlado aleatorizado realizado com 42 adultos demonstrou que o consumo de proteínas de soro do leite (whey protein) reduziu a pressão arterial e melhorou a reatividade vascular, assim como biomarcadores da função endotelial (Fekete, Giromini, Chatzidiakou, Givens, & Lovegrove, 2016). Outro estudo clínico, em homens com sobrepeso e obesos, mostrou melhorias na pressão arterial após uma pré-carga de proteína de soro de leite (whey protein) administrada 30 minutos antes de uma refeição (Tahavorgar, Mohammadreza, Shidfar, Mahmoodreza, & Heydari, 2015).

A dislipidemia é outro fator de risco modificável associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e a redução no consumo de carboidratos e aumento do consumo de proteína pode ajudar a combater o problema, além de evitar a sarcopenia. A sarcopenia é uma condição associada à perda de massa e função muscular. Gera incapacidade física, perda de mobilidade e aumenta o risco de morte. Muitas pessoas fazem atividade física e não ganham músculo, pelo baixo consumo proteico.

O impacto econômico da sarcopenia é enorme devido ao crescente envelhecimento da população mundial. Os idosos parecem mais resistentes a vários fatores que estimulam a síntese de proteínas musculares, incluindo os níveis plasmáticos de aminoácidos. As recomendações de um workshop da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN) são de que, juntamente com exercícios de resistência para pessoas idosas saudáveis, a dieta deve fornecer pelo menos 1,0 a 1,2 g de proteína / kg de peso corporal. Para pessoas idosas desnutridas ou com risco de desnutrição devido a doença aguda ou crônica, a dieta deve fornecer entre 1,2 e 1,5 g de proteína / kg de peso corporal por dia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

pH normal, acidose e alcalose

Acidose e alcalose são estados anormais resultantes de excesso de ácidos ou de bases no sangue. O pH normal do sangue deve ser mantido dentro de uma faixa estreita (7,35-7,45) para o funcionamento adequado dos processos metabólicos e para a liberação de quantidades corretas de oxigênio nos tecidos. Acidose é um excesso de ácido no sangue, com pH abaixo de 7,35, e alcalose é um excesso de base no sangue, com pH acima de 7,45.

pH arterial normal: 7,35 a 7,45

< 7,35: acidemia ou acidose

> 7,45: alcalemia ou alcalose

Durante o dia ácidos vão sendo formados e precisam ser neutralizados ou eliminados para manutenção do equilíbrio ácido-básico. Os principais sistemas de controle do pH são a eliminação de ácido como gás carbônico (CO2) pelos pulmões, a reabsorção de bicarbonato e excreção de ácidos pelos rins. Muitos distúrbios e doenças podem interferir no controle do pH do sangue, causando acidose ou alcalose. Distúrbios ácido-base são frequentes em doenças pulmonares, doenças renais e na diabetes.

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Componentes da dieta podem gerar resíduos ácidos ou básicos durante o metabolismo. Alimentos com grandes quantidades de magnésio, potássio e cálcio geram mais resíduos básicos (bicarbonato), enquanto alimentos ricos em fosfato, cisteína, metionina, lisina, arginina e histidina geram mais resíduos ácidos (H3PO4, H2SO4 e HCl). A produção ácida endógena líquida pode ser medida diretamente na urina (PRAL) ou pode ser estimada pela composição da dieta (PAEL estimada ou NEAP):

Estudos mostram que quanto mais acidificante é a dieta maior é o risco de diabetes, doenças cardiovasculares, hepáticas e renais (Han et al., 2016; Parvin et al., 2016; Jayedi & Shab-Bidar, 2019; Alferink et al., 2019). A dieta mais acidificante também reduz a densidade óssea aumentando o risco de osteoporose (Mangano et al., 2014). Por isto, indica-se uma dieta antiinflamatória e de baixa carga ácida (Passey, 2017). Esta dieta precisa de menos proteína animal, menos fosfatos, menos alimentos industrializados e em conserva. Por outro lado, para alcalinizar o organismo precisamos de mais cálcio, magnésio e potássio, a partir de alimentos de origem vegetal. Equilibre sua alimentação, previna doenças e proteja seus ossos (Gunn et al., 2015):

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta do peito de frango: qual é o problema?

Sempre que estou dando aula de nutrição esportiva me aparece um marmiteiro (bem intencionado) com seu peito de frango dividido em n porções para consumo durante o dia. Fora a monotonia alimentar é bom ficar de olho na forma de preparo. A gordura dietética de origem animal está associado ao aumento do risco de câncer de pâncreas (Thiébaut et al., 2009), mama (Sinha et al., 2000; Steck et al., 2007), cólon e reto, com o Alzheimer e as doenças coronarianas.

E a carne vermelha não é a única vilã. A carne de frango possui alto nível de aminas heterocíclicas logo após o abate. Com a refrigeração observou-se o aumento de putrescina, cadaverina, histamina e tiramina, principalmente no peito (Silva e Glória, 2002). O consumo de apenas 50 gramas de carne de frango (1/4 do peito) ao dia parece aumentar o risco de câncer de pâncreas em 72%.  O cozimento em altas temperaturas (grelhando-se, por exemplo), aumenta a geração de aminas heterocíclicas. Tais substâncias podem causar danos ao DNA e mutações celulares (Holland et al., 2005Rohrmann et al., 2009).

Aminas heterocíclicas ativam receptores de estrogênio (DeBruin et al., 2001Lauber, ali & Gooderham, 2004). Desequilíbrios hormonais com aumentos de estrogênio em relação à outros hormônios ativam genes que promovem o aparecimento do câncer. Desta forma, a busca por outras alternativas para o aumento do consumo de proteína, quando necessário, é fundamental. Exemplos de alimentos de origem vegetal ricos em proteínas e que não contribuem para o desequilíbrio hormonal incluem leguminosas (lentilha, ervilha, grão de bico, feijões), oleaginosas (pistache, amêndoas, castanha de caju), quinoa, tofu, cogumelos, sementes de cânhamo (hemp seeds).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/