Cansaço e glândula Adrenal

A fadiga crônica, aquela sensação constante de cansaço que persiste mesmo após uma boa noite de sono, pode ter diversas causas, e as glândulas adrenais desempenham um papel importante nesse contexto.

As glândulas adrenais e o cortisol:

  • Glândulas adrenais: Localizadas acima dos rins, as adrenais são pequenas glândulas que produzem diversos hormônios, incluindo o cortisol.

  • Cortisol: Desempenha um papel crucial na resposta do corpo ao estresse. Ajuda a regular o metabolismo, o sistema imunológico, a reduzir a inflamação e manter adequados níveis de pressão arterial.

Como o cortisol se relaciona com a fadiga:

Em situações de estresse, as adrenais liberam cortisol para preparar o corpo para uma resposta de "luta ou fuga". Essa resposta fornece um impulso de energia a curto prazo. No entanto, o estresse crônico pode levar a um esgotamento das glândulas adrenais, resultando em níveis baixos de cortisol.

Alguns leigos chamam isso de “fadiga adrenal”, um termo popular (não existe esta doença). De forma geral, refere-se às reduções das concentrações plasmáticas de cortisol ou falta de efeito do cortisol. As razões principais destas alterações são:

  • Disfunção mitocondrial: parte da síntese do cortisol é feita dentro das mitocôndrias das células adrenais.

  • Down-regulation (regulação negativa/diminuicao do número) de receptores do cortisol causada pela ativação dos TLR (tool like-receptors): é gerada pelos DAMPS (padrões moleculares associados a dano) os quais, por sua vez, são gerados pelo estresse crônico prolongado.

  • Distúrbios hormonais: condições como a doença de Addison podem afetar a produção de cortisol.

  • Má nutrição: a falta de nutrientes essenciais, como vitamina C e vitamina B5, pode prejudicar a função adrenal.

  • Uso crônico de medicamentos: Alguns medicamentos, como corticosteroides, podem suprimir a produção natural de cortisol.

  • Queda do sódio: como acontece nas dietas restritas em carboidratos. Entenda mais aqui e aqui.

Dollarphotoclub_68698869-e1439686209676.jpg

Sintomas da alteração da glândula adrenal e estratégias para recuperar o vigor

  1. Depressão

  2. Insônia

  3. Cansaço ou maior dificuldade em acordar pela manhã

  4. Desejo intenso por alimentos salgados ou açucarados

  5. Dificuldade de concentração e memória

  6. Ansiedade e irritabilidade

  7. Fraqueza muscular

  8. Baixa pressão arterial

  9. Intolerância ao frio

O cansaço é queixa comum nos consultórios. Uma das causas comuns é a qualidade ruim ou insuficiente do sono. Neste caso, o principal é a mudança de rotina. Desligar as luzes mais cedo, apagar o celular, fazer atividades mais relaxantes à noite, jantar cedo (nunca após 20h), fazer atividade física pela manhã (ser for ao ar livre, melhor ainda). Tudo isso ajuda muito e, geralmente, é suficiente para a correção do problema.

Contudo, existem situações em que a vida está de cabeça para baixo. Casamento, nascimento dos filhos, trânsito, doença na família, demandas intensas no trabalho podem contribuir para estresse crônico, aumento do estresse oxidativo e mau funcionamento das mitocôndrias das glândulas adrenais.

Estas glândulas, localizadas acima dos rins (também são conhecidas como glândulas suprarrenais), desempenham várias funções como controle da pressão sanguínea, do metabolismo da água, dos carboidratos e gorduras. Têm uma comunicação intensa com o sistema nervoso por meio dos hormônios adrenalina, noradrenalina e cortisol.

O comprometimento da glândula não só diminui os níveis de energia mas também aumentam o acúmulo de gordura abdominal, prejudicam a imunidade e a capacidade de concentração, aumentam a irritabilidade e levam à exaustão. A boa notícia é que a adrenal pode ser tratada com alimentos e suplementos nas quantidades e horários corretos. Importantíssimo é e o fracionamento das refeições.

Não devemos passar muito tempo sem fornecer ao corpo energia, já que a queda da glicemia leva o organismo ao estresse. Quando isto acontece, as glândulas adrenais aumentam a produção do hormônio cortisol, que tem como uma das funções equilibrar a quantidade de glicose no sangue. Para isto, quebra proteínas (diminuindo a massa muscular) tranformando-as em açúcar. Quando ficamos muito tempo sem comer, as adrenais funcionam mais e mais. Simultaneamente, todas as funções de renovação e recuperação do organismo ficam paralisadas.

circadianrhythm_cortisol_72dpi.jpg

O gráfico acima mostra que o cortisol tem um ciclo natural que funciona junto ao nosso relógio biológico ou ritmo circadiano.

De madrugada, os níveis de cortisol são baixíssimos, favorecendo a recuperação do corpo. Normalmente a secreção do hormônio inicia-se cedinho e atinge um pico às 8:00h, quando estamos prontos para trabalhar. Depois os níveis declinam durante o dia, com alguns aumentos próximos às refeições. Se comemos demais à noite, liberamos mais cortisol e o corpo não se recupera tão bem. O ideal é fazer as refeições respeitando este ritmo. Assim, não sobrecarregamos o organismo. Este é um dos motivos para privilegiar refeições maiores pela manhã e menores à noite, quando precisamos relaxar para dormir.

O cortisol, hormônio relacionado ao estresse, também é secretado em maiores quantidades após exercícios intensos. Por isto, se quer dormir bem, evite este tipo de atividade à noite. Neste horário prefira caminhadas ou alongamentos.

Também é fundamental escolher bem os alimentos. Como o estresse adrenal leva ao cansaço muitos acabam optando por alimentos hipercalóricos como bolos, biscoitos, massas, chocolate, café com açúcar ou refrigerantesd. Porém, estes alimentos dão apenas um pouco de energia momentânea já que a hipoglicemia de rebote acontece e o cansaço passa a ser ainda maior.

A cafeína e o glúten são particularmente problemáticos, roubando energia do organismo e afetando o sono. Caso esteja louco por café ou por carboidratos pode ser que seu cortisol esteja baixo ou sua serotonina desequilibrada. Pode ser também que esteja precisando descansar mais. Para restaurar a adrenal dê preferências à bebidas com gengibre ou ginseng, chás de ervas como camomila ou valeriana e sucos verdes. Dê preferência aos cereais integrais (especialmente pela manhã afim de estabilizar os efeitos do cortisol. Se possível, consuma alimentos orgânicos para não expor-se tanto a metais pesados vindos com os agrotóxicos.

Suplementação para redução do cansaço:

  • Extrato seco de alcaçuz: o princípio ativo é glicirrizina, que tem ação antiinflamatória. Porém, como o mesmo é metabolizado pelas bactérias intestinais, o tratamento da flora é muito importante. Atenção não recomendado para gestantes.

  • Extrato seco de Rhodiola Rosea: modula o estresse reduzindo a secreção do hormônio liberador de corticotropina.

  • L-theanina: aminoácido da planta Camelia sinensis, aumenta a produção de serotonina no cérebro, promovendo relaxamento.

  • Suplementos vitamínico-minerais: as vitaminas C, E e o complexo B desempenham funções cruciais nas reações que ocorrem na glândula adrenal. Cálcio, zinco e selênio também atuam de forma sinérgica acalmando as funções do organismo. Para horários e dosagens converse com seu nutricionista. O tratamento é sempre individualizado.

  • Suplementação de eletrólitos, especialmente para quem está realizando dieta cetogênica. Entenda mais aqui e aqui.

  • Os óleos essenciais também podem ser utilizados para o tratamento da fadiga. Os mais indicados são: hortelã-pimenta, melaleuca, sândalo, frankincense, lavanda, camomila romana, erva-cidreira, bergamota, limão. Aprenda mais sobre o uso dos óleos essenciais aqui.

PRECISA DE AJUDA? MARQUE AQUI SUA CONSULTA.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Suplemento para acabar com a tristeza

A tristeza é uma emoção normal porém quando ela se cronifica pode afetar a vida em suas muitas áreas. Algumas pesquisas tem estudado o uso do aminoácido L-acetil-carnitina no tratamento da tristeza e da depressão, já que algumas pessoas produz quantidades menores da substância.

Nosso organismo possui cerca de 20 gramas de L-carnitina em suas células, principalmente nas musculares. Desempenha funções importantes no metabolismo das gorduras e tem também uma função antioxidante, diminuindo o estresse oxidativo nas células nervosas, regulando a neurotransmissão e o humor. Carnes e cogumelos são fonte de carnitina e a absorção completa leva de 4 a 6 horas. Para diagnóstico de depressão consulte seu médico. Para suplementação de dosagens maiores de carnitina consulte seu nutricionista.

A depressão é uma doença complexa e a psicoterapia ajuda muito. Falar sobre sentimentos reduz a ansiedade e ajuda no gerenciamento da medicação. Indico a Julia Maciel, psicóloga formada pela UnB e que atende online, por videoconferência Atividade física, meditação, acupuntura e yoga também vêm mostrado-se importantes complementos ao tratamento tradicional medicamentoso. Cuide-se!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Fome de quê?

A fome é o nome da sensação primitiva, fisiológica e confiável, por meio do qual nosso organismo percebe que o alimento é necessário. O mecanismo de fome é essencial para que os nutrientes necessários à vida cheguem ao organismo.

Sentir fome é um sinal claro de que o corpo está funcionando normalmente, tendo avisar que as reservas de energia precisam ser repostas. Ou seja, é um dos nossos mecanismos naturais de sobrevivência. Não tem nada a ver com falta de força de vontade, fraqueza ou falta de educação. Deixar de comer quando se tem fome é rejeitar a inteligência natural e instintiva do corpo.

“Enganar a fome” pode gerar compulsão. Claro que comemos também sem fome. A comida é importante forma de socialização em nossa sociedade, além disso muitos comem por frustração, tristeza, hábito ou por terem perdido a capacidade de identificar as sensações de fome e saciedade.

No geral, o comportamento alimentar dos indivíduos pode ser dividido de três formas:

- Comedores instintivos: são as pessoas que comem quando tem fome e que param de comer quando já estão saciados. Crianças são, em sua maioria, comedores instintivos, sendo quase impossível faze-las comer quando não tem fome e acalmá-las quando estão com fome. Porém, várias influências colaboram para que aprendamos a ignorar os sinais de fome e saciedade. Alguns pais e familiares forçarão a criança a comer mais do que deve ou precisa. Também aprendemos ao longo da vida a comer em resposta ao ambiente ou às emoções.

- Comedores compulsivos: são as pessoas que comem demais. Estas pessoas nem sempre comem pela razão certa (fome) mas sim por tédio, tristeza, solidão, estresse, prazer... Além disso, os comedores compulsivos geralmente optam por alimentos que trarão conforto (como os açucarados ou gordurosos) e não necessariamente por alimentos que irão nutrir o organismo. O ato de comer também pode ser bastante automatizado, rápido ou pouco consciente (em frente à TV ou computador, por exemplo). Tais hábitos podem levar ao ganho excessivo de peso ou mesmo à má nutrição, em decorrência do excesso de determinados nutrientes em detrimento de outros igualmente importantes. Aqui a pessoa parece fora de controle.

- Comedores restritivos: são os que mantém o peso as custas de muito sacrifício e restrições. Regras ditadas pela própria pessoa ou por algum profissional de saúde podem guiar o indivíduo, que pode se sentir culpado ao sair da dieta. Outros tendem a fazer mais e mais atividades físicas afim de compensar o excesso de alimentos. Aqui a pessoa é, ao contrário do comedor compulsivo, extremamente controladora. Ao longo de dias, semanas ou meses de restrição, o indivíduo pode começar a se sentir cansado, sem energia ou motivação. Por isto, é comum em pessoas que fazem dietas alternarem compulsão e restrição.

Aprender a comer de forma instintiva é, portanto, fundamental. Se tentar enganar a fome ela voltará mais forte que antes. Seu corpo vai desregular, compensar. Se fome existe é porque é importante. Mesmo assim, pergunte-se sempre antes de devorar aquela torta, bolo, pizza ou sanduíche: “Estou com fome?". A resposta é sim? Então pergunte-se também: “Estou com quanta fome?”. Esta reflexão é mais importante do que a contagem de calorias, gramas ou pontos.

Escolher bem os alimentos e se exercitar de forma moderada é importante para o adequado funcionamento do organismo, para a manutenção da massa muscular e para o perfeito metabolismo, porém sem aprender a ouvir o corpo entramos em um ciclo vicioso que não favorece a saúde. Ame seu corpo, entenda sua fome, consuma alimentos que favoreçam seu funcionamento, saúde, vitalidade e beleza. Para os que querem emagrecer, este respeito também é a chave para a perda de peso saudável e sustentável.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/