Aldosterona e dieta cetogênica

Que a dieta cetogênica é u ma estratégia interessantíssima para pessoas com diabetes tipo 2, síndrome metabólica, obesidade e a doença cardiovascular todo mundo sabe. Mas o que faz com os níveis de aldosterona?

A aldosterona é o mineralocorticoide mais potente produzido pelo córtex suprarrenal. Causa retenção de sódio e perda de potássio. Nos rins, a aldosterona provoca a transferência de sódio do lúmen do túbulo distal para as células tubulares em troca de potássio e hidrogênio.

Estudos de perda de peso usando redução calórica demonstraram uma diminuição na aldosterona, mais excreção de sódio água. Para os propensos a reter sódio (que gera inchaço, pressão alta, insuficiência cardíaca congestiva, edema/inchaço no tornozelo), essa excreção maior de sódio com a dieta acaba sendo uma bênção. E o que acontece na dieta cetogênica?

Um estudo prospectivo controlado de alimentação avaliou as concentrações de aldosterona e renina ao longo de 6 semanas em uma dieta cetogênica hipocalórica (25% de restrição energética) + placebo (DC+PL), dieta cetogênica + suplemento de sal de cetona (DC+SC) e uma dieta com baixo teor de gordura (BTG). A ingestão de sódio consistiu em 6100 mg, 2300 mg e 2000 mg para os grupos DC+SC, DC+PL e BTG, respectivamente.

Ambas as dietas cetogênicas forneceram 40 gramas (g) por dia de carboidratos, 1,5 g/kg de peso de referência de proteína e as calorias restantes fornecidas como gordura. A dieta BTG forneceu 25% de gordura total, 1,5 g/kg de peso de referência de proteína e 100 g de carboidratos.

A aldosterona sérica foi coletada em jejum na posição ereta nas semanas 0, 2, 4 e 6. Vinte e quatro participantes nos grupos de dieta cetogênica foram pareados por idade e índice de massa corporal, então divididos nos grupos DC+PL ou DC+SC. Um grupo separado de 12 participantes pareados foi recrutado especificamente para o grupo BTG.

A idade média foi de 33 anos. O peso diminuiu 6, 8 e 7 kg em média nos grupos DC+SC, DC+PL e BTG, respectivamente, ao longo de 6 semanas (p<0,05 para todos). A pressão arterial sistólica (PAS) melhorou de 117 e 115 mmHg nos grupos DC+SC e DC+PL para 110 mmHg ao longo de 6 semanas, enquanto a PAS média basal de 118 no grupo de dieta BTG não mudou.

A aldosterona média basal de 13,6 e 13,6 ng/dL nos grupos DC+SC e DC+PL aumentou para 33,3 e 27,3 ng/dL ao longo de 6 semanas (p<0,001). A aldosterona média basal de 8 ng/dL no grupo de dieta de BTG mudou não significativamente para 11,5 ng/dL ao longo de 6 semanas (p>0,05). Usando associações de valores previstos, aumentos em cetonas foram positivamente associados com aldosterona mais alta (R2=0,86; p<0,001).

Conclusão: Os participantes deste estudo em uma dieta cetogênica apresentaram níveis significativamente elevados de aldosterona ao longo do estudo, enquanto os participantes em uma dieta com baixo teor de gordura apresentaram pouca mudança. Inesperadamente, a aldosterona foi significativamente maior na dieta cetogênica com alto teor de sódio vs. baixo teor de sódio. Houve uma associação significativa entre cetonas e aldosterona, sugerindo que as cetonas podem desempenhar um papel estimulante na síntese ou secreção de aldosterona.

Este resultado foi inesperado uma vez que com a restrição de carboidrato há maior excreção de sódio e a queda de sódio leva a aumento de renina e aldosterona para conservação do mineral. Contudo, uma vez que qualquer excesso de sódio e água tenha sido eliminado do corpo nas primeiras semanas de uma dieta cetogênica, um novo equilíbrio entre ingestão de sódio e excreção de sódio deve ocorrer para que a circulação sanguínea adequada possa ser mantida.

Se, neste estado ceto-adaptado, o sódio da dieta for restrito, o cérebro e os rins enviam sinais para as supra-renais, que aumentam a produção de aldosterona, do hormônio do estresse cortisol e do hormônio de luta ou fuga adrenalina. Resultado? Sem sal há mais cansaço e estresse. Como níveis aumentados de cortisol e adrenalina são hormônios do estresse que impedem um sono adequado, indivíduos em dieta cetogênica devem receber maior suplementação de sódio. A dieta cetogênica neste estudo já possuía mais sódio do que as outras dietas, mas possivelmente estes indivíduos precisariam de ajustes de todos os eletrólitos e não só o sódio.

Em geral, indica-se:

  • 4–6 gramas de sódio

  • 3,5–5 gramas de potássio

  • 400–600 mg de magnésio

  • 1 grama de cálcio

DIETA CETOGÊNICA PASSO A PASSO (para leigos).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/