O cortisol é um hormônio esteroide produzido e liberado pelas glândulas supra-renais, localizadas acima dos rins. Muito se fala dos efeitos maléficos do cortisol. Contudo, esta molécula desempenha várias funções importantes no corpo.
Funções do cortisol
Hormônios são substâncias químicas que coordenam diferentes funções, levando mensagens através do sangue até cada órgão, pele, músculo. Esses sinais dizem ao corpo o que deve fazer a cada momento.
Os glicocorticóides são um tipo de hormônio esteróide. Possuem efeito antiinflamatório e regulam o metabolismo nos músculos, gordura, fígado e ossos. Os glicocorticóides também afetam os ciclos sono-vigília. Dentre os papeis específicos do cortisol, destacam-se:
Ajuste a eventos estressores.
Fornecimento de energia.
Suprime a inflamação.
Regulação da pressão arterial.
Ajuste dos níveis de açúcar no sangue.
Regulação do ciclo sono-vigília.
Agora, tanto níveis de cortisol acima do normal, quanto abaixo do normal podem ser prejudiciais à saúde. O corpo libera cortisol logo cedo, para que tenhamos energia para enfrentar o dia. Também libera cortisol em momentos de estresse.
Quase todos os tecidos do corpo têm receptores de glicocorticóides. Por isso, o cortisol pode afetar quase todos os sistemas, incluindo:
Sistema nervoso.
Sistema imune.
Sistema cardiovascular.
Sistema respiratório.
Sistemas reprodutivos (feminino e masculino).
Sistema musculo-esquelético.
Sistema tegumentar (pele, cabelo, unhas, glândulas e nervos).
Como o cortisol atua?
Durante períodos de estresse, o corpo libera hormônios como adrenalina e cortisol. A adrenalina desperta os mecanismos de “luta ou fuga” e o cortisol nos mantém em alerta máximo. Além disso, ajuda na obtenção de energia a partir das nossas reservas de gordura, glicogênio e proteína.
Quando o estresse é de curta duração ou quando nos machucamos, o cortisol ajudará no fornecimento de energia para melhoria da nossa imunidade e correção da inflamação. No entanto, se o estresse nunca vai embora, os níveis de cortisol permanecem altos e acabam tendo o efeito oposto: mais inflamação e enfraquecimento do sistema imunológico.
Como o corpo controla os níveis de cortisol?
O organismo desenvolveu um sistema elaborado para regular os níveis de cortisol. O hipotálamo - uma pequena área do cérebro envolvida na regulação hormonal - e a glândula pituitária - uma pequena glândula localizada abaixo do cérebro - mandam mensagens para a glândula suprarrenal, regulando os níveis de produção e liberação de cortisol.
Na síndrome de Cushing há uma liberação exagerada de cortisol por um longo período de tempo. O hipercortisolismo pode ser causado por tumores na glândula adrenal. Também pode ser gerado pelo uso prolongado de medicamentos corticosteroides, como prednisona e dexametasona.
Os sintomas da síndrome de Cushing dependem de quão elevados estão os níveis de cortisol. Pode incluir ganho de peso, aparecimento de estrias na barriga, fraqueza muscular, hiperglicemia, hipertensão, crescimento excessivo de pelos na face, aumento do risco de fraturas ósseas.
Níveis de cortisol abaixo do normal (hipocortisolismo) também são prejudiciais. São gerados pela insuficiência adrenal ou desmame de medicamento corticoide. Os sintomas incluem fadiga, perda de peso, redução do apetite, hipotensão (queda da pressão arterial).
O cortisol pode ser avaliado no sangue. Consideram-se intervalos normais:
6h às 8h: 10 a 20 microgramas por decilitro (mcg/dL).
Por volta das 16h: 3 a 10 mcg/dL.
Lembre que os intervalos normais podem variar de laboratório para laboratório, de tempos em tempos e de pessoa para pessoa. O mais comum são os níveis exageradamente altos de cortisol.
Controle os níveis de cortisol com um estilo de vida saudável
Tenha um sono de qualidade. Apneia obstrutiva do sono, insônia ou trabalho noturno estão associados a níveis mais altos de cortisol.
Exercite-se regularmente. A atividade física regular ajuda a melhorar a qualidade do sono e a reduzir o estresse, o que pode ajudar a diminuir os níveis de cortisol ao longo do tempo.
Gerencie o estresse e os padrões de pensamento estressantes.
Aprenda a respirar lentamente e meditar para controlar a frequência cardíaca e reduzir a tensão. A respiração controlada ajuda a estimular o sistema nervoso parassimpático, o sistema de “descanso e digestão”, controlando os níveis de cortisol.
Divirta-se e ria: a liberação de endorfinas suprime o cortisol. Tenha hobbies e inclua diversão em sua rotina.
Mantenha relacionamentos saudáveis. Relacionamentos ruins contribuem para o estresse crônico e maior risco de depressão.
Mantenha a saúde em dia. Além do estresse, a resistência insulínica, a anemia, a disbiose intestinal desregulam o eixo hipotálamo-hipófise adrenal.
Não precisamos ser fortes o tempo todo, mas precisamos reconhecer quando estamos passando dos limites, nos estressando exageradamente. Precisamos nos dar a oportunidade para parar, relaxar, mudar a rotina, deitar na rede, sair de férias. Cuide-se!