Influências ambientais e nutricionais no desenvolvimento dos transtornos do espectro do autismo

Fonte da imagem: http://www.ozy.com/fast-forward/autisms-gut-brain-connection/33302

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A prevalência de autismo continua a aumentar em todo o mundo. As causas do transtorno são multifatoriais e incluem componentes genéticos, ambientais e dietéticos. A inflamação do cérebro é comum e pode ser desencadeada por neurotoxinas, como metais pesados e percloratos; ou por carências nutricionais (zinco, vitamina D, ômega-3). Também existem evidências de uma conexão intestino-cérebro no autismo, o que exige um maior cuidado com o trato digestório. Para Bjorklund e Chartrand (2016) o acompanhamento nutricional é fundamental, já que traz ótimos resultados com efeitos colaterais mínimos.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Carência de vitamina D em pessoas com esquizofrenia e autismo

A vitamina D (calciferol) possui uma série de funções imunomoduladoras, antiinflamatórias e neuroprotetoras. A carência da vitamina D tem sido associada a doenças neuropsiquiátricas. Em estudo publicado em 2016 por pesquisadores alemães, 60 adultos com esquizofrenia e 23 adultos com transtorno do espectro do autismo foram acompanhados por 1 ano. Foi observada carência maior de vitamina D nestes pacientes em relação a pessoas neurotípicas. Apesar da causa da hipovitaminose D nestes pacientes não ser bem compreendida os autores recomendam a dosagem e suplementação (Endres et al., 2016). Uma revisão, publicada em 2024, mostrou uma forte associação entre a deficiência de vitamina D e a esquizofrenia e outros transtornos mentais (AlGhamdi, 2024).

Como avaliar a vitamina D?

Muitos profissionais de saúde ficam confusos ao solicitar a dosagem de vitamina D. Como a 1,25-di-hidroxivitamina D é a forma ativa da vitamina D, muitos médicos e nutricionistas pensam que sua avaliação seria o meio preciso de estimar os estoques de calciferol e analisar a deficiência deste nutriente. De fato, esta seria a avaliação da vitamina D na forma ativa, após passagem pelo fígado e rins. Contudo, este exame é bem mais caro e não está disponível para todos.

Além disso, a 1,25-di-hidroxivitamina D (1,25OHD) têm pouca ou nenhuma relação com os estoques de vitamina D. Os níveis de 1,25OHD são regulados principalmente pelo hormônio da paratireóide, que por sua vez tem interferência da concentração de cálcio no plasma. Portanto, na deficiência de vitamina D, os níveis de 1,25OHD podem aumentar ao invés de diminuir. A produção de 1,25OHD também é desregulada em doenças como sarcoidose e patologias granulomatosas.

Assim, as diretrizes atuais da Endocrine Society recomendam a dosagem dos níveis séricos de 25-hidroxivitamina D, que tem vida média de 3 semanas. A 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) seria o melhor indicador do conteúdo corporal de vitamina D ao refletir a vitamina obtida a partir da ingestão alimentar e da exposição à luz solar, bem como a conversão de vitamina D a partir dos depósitos adiposos no fígado. Apesar de controverso, parece existir um «consenso» de que os valores plasmáticos de 25(OH)D inferiores a 30-32 ng/ml indicam um défice relativo de vitamina D. A vitamina. Porém, para pessoas com doenças autoimunes ou risco genético para as mesmas, recomenda-se dosagem acima de 40 ng/ml (Alves et al., 2013).

Concentrações mais baixas de vitamina D3 também levar a alterações no tamanho e forma do cérebro, como observado em pacientes com TEA (Jia et al., 2015). A deficiência de vitamina D é altamente prevalente em pacientes com esquizofrenia, especialmente aqueles em episódios agudos. Baixas concentrações séricas de vitamina D podem ter um efeito na patogênese da esquizofrenia. Outra hipótese é que a esquizofrenia e a deficiência de vitamina D podem ter uma coocorrência genética (Yüksel et al., 2014).

Embora suplementar vitamina D não altere o curso dos sintomas positivos da esquizofrenia (como alucinações), parece ter um benefício para tratamento dos sintomas negativos como anedonia, problemas de memória e outros prejuízos cognitivos.

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Como suplementar a vitamina D?

A vitamina D pode ser suplementada de 2 formas principais: o colecalciferol (vitamina D3) e o ergocalciferol (vitamina D2). Contudo, as mesmas são ligeiramente diferentes. Ambas as formas aumentam os níveis de vitamina D no sangue e ambas podem tratar e prevenir o raquitismo causado pela deficiência de vitamina D. No entanto, estudos descobriram que a vitamina D3 efetivamente aumenta os níveis de vitamina D no sangue por um período mais longo do que a vitamina D2.

O nível máximo para suplementação pelo nutricionista (UL) varia de acordo com a idade:

  • Crianças de 1 a 3 anos - 2.500 UI (63 mcg)

  • Crianças de 4 a 8 anos - 3.000 UI (75 mcg)

  • Homens e mulheres (inclusive gestantes e lactantes) acima de 19 anos - 4.000 UI (100 mcg)

A cada 1.000 UI de vitamina D suplementada diariamente, por um período de 8 a 12 semanas, espera-se um aumento no nível sérico de 6 a 10 ng/ml. Com isso e considerando-se o nível sérico é feito o cálculo da dosagem a ser suplementada.

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A vitamina D3 é extraída de peixes. No caso de veganos é prescrita a vitamina D2 (ergocalciferol). Além disso, o vegano deve tomar sol e consumir cogumelos e alimentos fortificados como cereais, leites vegetais, suco de laranja. Os alimentos fortificados com vitamina D são mais comuns fora do Brasil.

Doses de suplementação excessivas podem elevar perigosamente a absorção e níveis séricos de cálcio, aumentando o risco de lesão renal. Para redução do risco o magnésio e a vitamina K podem ser adicionadas às fórmulas prescritas. A ingestão excessiva de vitamina D também pode causar fraqueza, náuseas, perda de apetite, dor de cabeça, dores abdominais, diarreias e cãibras. Assim, doses acima da UL devem ser prescritas apenas em casos especiais e o paciente deve ser acompanhado por médico.

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O que é comer normal?

Hoje me uni a amigas de infância para festejar o 1o aniversário do filho de uma delas. Balões, crianças felizes correndo e brincando e claro, uma mes linda de doces. E eu, claro, adorei comer brigadeiro. Tem coisa que mais nos lembra de momentos bons da infância no Brasil?

E antes que digam: "mas nutricionista come brigadeiro?", vamos conversar sobre o que é o "comer normal". Comer normal significa ir para a mesa com fome e comer até se satisfazer. Significa ser capaz de escolher alimentos que você gosta e comer até que não esteja mais com fome. Significa ser capaz de pensar na seleção de alimentos para que todos os nutrientes necessários à saúde sejam ingeridos, sem impor restrições à vida. Também significa se dar permissão para comer, às vezes, porque se está feliz, triste ou entediado ou simplesmente porque comer é bom.

O comer normal significa comer três vezes ao dia, ou quatro ou cinco, ou mais. Significa deixar alguns biscoitos no prato pois você sabe que poderá comê-los no dia seguinte. Mas pode significar também comer agora simplesmente porque estão deliciosos. No comer normal, às vezes comemos demais, mas às vezes comemos menos do que estamos acostumados. No comer normal confiamos em nosso corpo e na sua capacidade de reparo. O comer normal envolve atenção ao que estamos comendo, consome um pouco do nosso tempo, mas é apenas uma das tantas áreas importantes de nossa vida. Ou seja, o comer normal é flexível. Varia em resposta à fome, à rotina, à carga de exercícios, ao estresse, à proximidade do alimento e aos nossos sentimentos. E então, nutricionista come brigadeiro? Se quiserem, se puderem, dependendo de seu estado nutricional, de saúde, de seus objetivos, gostos, memórias...  Afinal, o comportamento alimentar depende de muitos aspectos.

Dentro do comer normal está o comer saudável. Pessoas que comem saudável tem uma dieta que inclui todos os grupos de alimentos, desde que atendam às necessidades do corpo, e sejam consumidos respeitando os sinais de fome e saciedade – e claro, questões de frequência e quantidade.

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Mas o que é comportamento alimentar?

O conceito de comportamento alimentar engloba tudo que está ligado ao ato de comer. Não envolve apenas mastigação e deglutição, mas também a cultura, as experiências de vida, estímulos, tempo para preparo, conveniência do alimento, influências sociais e do marketing de alimentos, gostos pessoais, genética, religião, fatores psicológicos, fisiológicos, demográficos, econômicos, antropológicos, étnicos, raciais, comportamentais e biológicos.

A academia de nutrição e dietética (Estados Unidos) divulgou em 2013 um posicionamento sobre o que constitui uma alimentação saudável (Freeland-Graves, Nizke e AND, 2013). Defendem uma abordagem em que os alimentos deixam de ser classificados como bons ou ruins. Esta abordagem é excessivamente simplista e pode promover uma alimentação e comportamentos pouco saudáveis ou neuróticos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/