Nutrição e esclerose múltipla

Esclerose múltipla, lúpus, psoríase, artrite reumatóide, vitiligo, tireoidite de hashimoto, diabetes são exemplos de doenças de doenças autoimunes geradas por uma combinação entre genética e ambiente. Os danos podem se acumular no corpo ao longo de décadas antes da manifestação de uma doença. Sono irregular, estresse crônico, sedentarismo, alimentação rica em açúcar, pobre em frutas e verduras, cheia de agrotóxicos contribuem para este processo.

A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica degenerativa de caráter inflamatório que acomete e reduz a bainha de mielina dos neurônios. Vários fatores podem combinar-se para aumentar a propensão à doença (Moreira et al., 2000), como desordens genéticas, dieta, tabagismo, exposição a toxinas e infecção pelo vírus Epstein-Barr, envelhecimento e aujmento do estresse oxidativo, disfunção mitocondrial etc.

Os sintomas da doença (paralisia, tremor, dor, ansiedade, estresse, depressão, déficit de atenção, problemas de aprendizagem, fadiga, vertigens e distúrbios visuais) comprometem a qualidade de vida conforme a doença progride daí a busca incessante pelo tratamento adequado. Enquanto a cura da doença não chega muitos estudos vem sendo feitos na área de nutrição, na tentativa de minimizar tais sintomas.

O chá verde é rico em epigalocatequina que melhora a função muscular de pacientes com EM. Além dos efeitos antioxidantes tal composto e outros polifenóis presentes no reino vegetal possuem muitos efeitos neuroprotetores importantes. Desta forma, investiga-se a efetividade das dietas vegetarianas adotada por indivíduos com esclerose múltipla. Apesar dos inúmeros benefícios da dieta vegetariana, um ponto a se observar na dieta vegetariana é o consumo insuficiente de vitamina B12, uma vez que a deficiência deste nutriente está associado a menor qualidade de vida e mais dor em pacientes com esclerose múltipla. Por isto, recomenda-se a suplementação sublingual da mesma.

Apesar de laticínios fornecerem vitamina B12 o consumo de leite e derivados tem sido restringido em indivíduos com EM por aumentar a inflamação e as reações alérgicas. O leite de vaca ser substituído nas preparações por leites de arroz, macadâmia, quinua, aveia e amêndoas. A vitamina B12 pode ser então suplementada, assim como cálcio, se houver necessidades. Alimentos ricos em cálcio no reino vegetal incluem couve, couve flor, mostarda, algas marinhas, repolho, brócolis, oleaginosas, pasta de gergelim, leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha), quinua, amaranto e figos secos.

Vários estudos têm evidenciado ainda que o consumo de leite, além de alimentos com glútencontribuem para a disbiose intestinal e para o desenvolvimento da doença, devido ao mimetismo molecular (incapacidade do corpo em diferenciar estruturas próprias das não próprias do organismo) entre os antígenos presentes nestes alimentos e uma sequência de aminoácidos da bainha de mielina.

O intestino é um órgão protetor, pois evita que diversas substâncias nocivas  sejam absorvidas e entrem na circulação. O problema é quando a disbiose se instala (quando há um desequilíbrio da flora intestinal) aumenta a passagem de moléculas grandes, que são absorvidas sem que a digestão esteja completa para o sangue, gerando inflamação e reações imprevisíveis.

Outro deficiência bastante associado à EM é a  de vitamina D. A síntese desta vitamina ocorre após a exposição solar (UVB) e, por isso, banhos de sol regulares são indicados. Se esta não é uma opção para você a suplementação deve ser obrigatoriamente realizada já que esta vitamina é fundamental para o fortalecimento do sistema imune e redução da inflamação. Outro nutriente importante para o controle da inflamação é o ômega-3. Peixes de aguas profundas (salmão, sardinha, atum, cavalinha, bacalhau), óleo e semente de linhaça e sementes de chia, além de folhas verdes e oleaginosas (menor quantidade) são fontes deste nutriente.

Outros estudos comprovam ainda que uma alimentação rica em gordura saturada e trans altera a estrutura das membranas do cérebro favorecendo a degradação da mielina. Por isto, alimentos industrializados e ricos em gorduras ruins devem ser evitados. Indivíduos que adotam uma dieta com menos gordura saturada relatam menos cansaço e mais disposição.

Ressalta-se também a importância do consumo dos alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos, prejudiciais à saúde.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/