Funcionamento intestinal e imunometabolismo

Nosso intestino é colonizado por uma grande quantidade de microrganismos comensais (não causam bem nem mal), simbióticos (bons efeitos) e patogênicos (podem causar doenças), que fornecem uma grande variedade de nutrientes e metabólitos para o metabolismo do ser humano, seu equilíbrio energético e também para o treinamento do sistema imune. Quando estes microorganismos estão em equilíbrio tudo corre bem. Contudo, uma mudança para a disbiose pode resultar em prejuízos como mal funcionamento intestinal, problemas inflamatórios e imunes.

O microbioma intestinal (microorganismos) interage com as células epiteliais intestinais (enterócitos, células caliciformes e células paneth), o metabolismo humano e a imunidade. Mais nitrato e o oxigênio (O2) permite o crescimento de bactérias anae…

O microbioma intestinal (microorganismos) interage com as células epiteliais intestinais (enterócitos, células caliciformes e células paneth), o metabolismo humano e a imunidade. Mais nitrato e o oxigênio (O2) permite o crescimento de bactérias anaeróbias facultativas, gera aumento da permeabilidade intestinal e liberação de PAMPs (partes de patógenos), como LPS e DAMPs, como RNA de fita dupla, mtDNA e ATP. Com isso há aumento de substâncias inflamatórias, radicais livres que geram inflamação local e sistêmica. Esta contribui para uma série de doenças. O tratamento da disbiose é então fundamental para a saúde e boa imunidade (Belizário et al., 2018)

A inflamação sistêmica crônica de baixo grau também leva ao comprometimento da ação da insulina, resistência à insulina, aumenta o risco de obesidade, hipertensão, diabetes e síndrome metabólica. Probióticos, prebióticos e glutamina ajudam a manter o intestino e a imunidade saudáveis (Belizário et al., 2018).

Algumas pessoas possuem variações genéticas que aumentam o risco de doenças autoimunes. Quando estas pessoas possuem um estilo de vida estressante, contato com muitas substâncias tóxicas, carências nutricionais (como a de vitamina D), dieta ou desequilíbrios hormonais, genes para uma condição auto-imune.

Inflamação crônica como gatilho para doenças autoimunes

É necessária uma interação complexa entre o sistema imunológico do hospedeiro e a microbiota comensal para manter o organismo como um todo em equilíbrio. A disbiose intestinal também tem seu papel no desenvolvimento de doenças autoimunes (de Oliveira et al., 2017). Por isso, cuidar do intestino com carinho é muito importante.

Os tipos de bactérias presentes no intestino estão alteradas em pessoas com doenças autoimunes (de Oliveira et al., 2017)

Os tipos de bactérias presentes no intestino estão alteradas em pessoas com doenças autoimunes (de Oliveira et al., 2017)

A melhoria da imunidade e a remissão da doença autoimune depende da identificação de gatilhos que estejam influenciando no mal funcionamento intestinal, na inflamação e na ativação exacerbada do sistema imune.

Se você está com dor, tomando antiinflamatórios cronicamente precisa se cuidar. Não é egoísmo e não é impossível. O autocuidado é um componente essencial da remissão de qualquer doença auto-imune. Você não deve contentar-se com uma vida de remédios, dor e perda progressiva e rápida de qualidade de vida.

Um dos gatilhos mais importantes para a doença autoimune é o estresse. Por isso, recomendo que todos meus pacientes façam caminhadas na natureza, pratiquem yoga e meditem. Trocar o noticiário com notícias estressantes por comédias. Fazer um um diário da gratidão, terapia e ver a vida com humor e esperança também ajuda demais. Estas práticas estimulam a liberação de endorfinas que tornam a vida mais fácil.

O contato com toxinas é outro ponto que atua como gatilho. Por isso, excluir da vida alimentos ultraprocessados, dar preferência a vegetais orgânicos e trocar produtos de limpeza e cosméticos industrializados por versões naturais feitas a partir de óleos essenciais também faz parte do tratamento.

A dieta deve gerar saúde e bem estar. O protocolo antiinflamatório para doença autoimune utiliza-se de um ciclo de estratégias, que durante 9 meses vão tratando o paciente, reduzindo a toxicidade e a inflamação geral. Como a auto-imunidade está enraizada na inflamação, este passo é fundamental. Lembre-se também de beber água e adotar um padrão alimentar menos acidificante, fazendo rodízios apropriados de alimentos. Reduzir o consumo de sal e lectinas também é importante para o controle da inflamação em muitos de meus pacientes. Dietas de eliminação, como fodmap, podem fazer parte do protocolo.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/