Exames genéticos fornecem dados úteis para a prevenção de doenças

A nutrigenética estuda a influência da variabilidade genética entre os indivíduos em relação às suas necessidades nutricionais, ao estado de saúde e ao risco de desenvolver doenças. Dentre as variações estudadas no DNA, destaca-se o polimorfismo de nucleótido simples (NSP), que consiste numa pequena variação na sequência de DNA que afeta apenas uma base na sequência do genoma.

Resultado genético de paciente hipotético

Resultado genético de paciente hipotético

A identificação precoce de SNPs contribui para o planejamento de intervenções nutricionais individualizadas. Um caso muito estudado é o polimorfismo do folato. Os ciclos do folato e da metionina compartilham algumas etapas, das quais a enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR) participa catalisando a conversão da vitamina B9 inativa (folato) na forma ativa (metilfolato).

Entre as variações genéticas mais estudadas no gene da MTHFR está o polimorfismo rs1801133 ou C677T (troca de uma base nitrogenada do tipo citosina por uma timina na posição 677 do gene). Este SNP resulta em uma MTHFR com atividade reduzida, em 30% nos heterozigotos e 65% nos homozigotos. Esta variação genética compromete reações de metilação e aumenta o risco de doença cardiovascular. A correção é feita por meio de suplementação da vitamina B9 na forma ativa.

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Outro polimorfismo comum é o da TCN2. Este gene codifica a proteína transcobalamina, que transporta a vitamina B12 para os tecidos periféricos. O SNP TCN2 776C>G gera a substituição de uma prolina por uma arginina na posição 259 da TCN2 e foi relacionado com menores concentrações de holo-TC no sangue. A concentração de TCN2 pode ser quantificada por meio da dosagem de holo-transcobalamina (holo-TC), que é o complexo TCN2 ligado à vitamina B12. Concentrações plasmáticas reduzidas de holo-TC (<45 pmol/L) indicam deficiência tecidual. Esta situação é comum em mulheres grávidas de bebês com problemas de fechamento do tubo neural, veganos, adultos com doenças coronarianas, pacientes com câncer ou com doença de Alzheimer.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Uso do Silybum marianun no tratamento da esteatose hepática

O Silybum marianum, também conhecido como Cardo Mariano ou Cardo de leite (Milk Thistle) é a planta mais bem pesquisada no tratamento de doenças hepáticas.

É uma erva terapêutica da família Asteraceae, usada com vários propósitos. Seus benefícios devem-se principalmente à presença do conjunto de bioflavonóides conhecido como silimarina. Fazem parte deste conjunto as flavonolignanas silibinina, isosilibina A e B, silicristina, silidianina e taxifolina.

Estudos mostram os seguintes efeitos para a silimarina:

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  • detoxificante, protetor, antifibrótico e regenerador hepático;

  • protetor celular contra danos tóxicos e contra o câncer (especialmente de fígado, pele, estômago,mama e próstata);

  • antioxidante potente;

  • imunoestimulador.

Nativa de países mediterrâneos. Tem sido usada há aproximadamente 2.000 anos em muitas regiões do mundo, para melhoria do funcionamento do fígado e também para tratamento da esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado). Estudos mostram que seu uso pode normalizar a concentrações de enzimas hepáticas, como TGO e TGP (com suplementação de aproximadamente 140 a 180 mg/dia, por 2 a 3 meses).

Abenavoli et al., 2018. DOI: 10.1002/ptr.6171

Abenavoli et al., 2018. DOI: 10.1002/ptr.6171

Pode ser manipulada, após prescrição nutricional. Contudo, apesar de suas propriedades antiinflamatórias, antioxidantes e antifibróticas não existe milagre com o uso de suplementos. Estes devem ser associados a outras estratégias. São fatores de risco para a esteatose hepática: diabetes, obesidade, dislipidemias, consumo elevado de álcool, perda de peso rápida (como no caso de paciente submetidos a cirurgia bariátrica). Assim, além do uso da silimarina, o paciente precisará se abster do consumo de álcool, açúcar, alimentos industrializados, gordurosos e hipercalóricos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

O que é genômica nutricional?

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Os alimentos interferem na expressão de genes. A ciência que estuda as interações entre o genótipo o epigenótipo e o ambiente (dieta, atividade física, condições do bebê durante a vida intrauterina, infecções, qualidade do sono, uso de medicamentos ou drogas, microbiota intestinal, contato com disruptores endócrinos, estresse psicológico, condição socioeconômica, consumo alimentar).

A genômica nutricional é uma área de estudo dentro da ciência da nutrição. Tenta compreender a interação entre genes e nutrientes. As três áreas de estudo da genômica nutricional são:

  • Nutrigenética: estuda a influência da variabilidade genética entre os indivíduos em relação às necessidades nutricionais, ao estado de saúde e ao risco de desenvolver doenças. Dessas variações estudadas no nosso DNA, destaca-se um tipo de alteração conhecido como polimorfismo de nucleotídeo simples (SNP) que consiste numa pequena variação na sequência de DNA que afeta apenas uma base na sequência do genoma.

  • Nutrigenômica: estuda o modo como os nutrientes e os compostos bioativos dos alimentos — o licopeno do tomate e a curcumina do açafrão-da-terra, por exemplo — influenciam a atividade dos genes, aumentando ou reduzindo a sua capacidade de promover a produção de proteínas.

  • Nutriepigenômica: estuda as alterações no DNA, provocadas por fatores relacionados com a alimentação ao longo da vida. Exemplo: A metilação (adição de grupos metil) ao DNA controla a expressão de vários genes.

Assim, a genômica nutricional fornece dados preditivos acerca do risco de problemas de saúde. O diagnóstico nutricional completo e definição de estratégias depende ainda de outros parâmetros, coletados por meio de ferramentas como análises bioquímicas, avaliação de sinais e sintomas, história familiar de doenças, preferências alimentares, ancestralidade, antropometria e avaliação consumo alimentar.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/