A escolha dos alimentos

Talvez você já tenha feito uma dieta para emagrecer, ou duas dietas, três? Dez? Isso na verdade é muito comum. Estudos mostram que, em geral, pessoas que perdem peso voltam a engordar em até 5 anos. Comemos quando temos fome, mas alem dos impulsos biológicos, também por razões cognitivas, emocionais, sociais e psicológicas.

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Sem personalizar a dieta levando em consideração todos estes fatores, em geral, o corte de calorias sai pela culatra. Além do como, quando, quanto e o quê você come, é importante refletirmos sobre como você pensa sobre sua alimentação e como você gerencia os sentimentos relacionados a ela.

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É importante organizar as refeições e seus horários. Porém, pense na sua alimentação como escolhas e não como algo forçado, ditado por algo externo (cultura, moda, médico, nutricionista, parente...). Também é importante separar a fome emocional da necessidade física. Não é errado comer mais em uma festa, em que está confraternizando com os amigos. Mas, a maioria das pessoas ao repetir excessos frequentemente, intercalados com privações extremas terá dificuldade em permanecer saudável física e mentalmente. O importante é descobrir o que funciona para você a longo prazo. Discuto mais sobre o tema e ensino técnicas no curso online "Alimentação Consciente":

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Algumas considerações adicionais acerca da interpretação dos hormônios da tireóide

O TSH é produzido pela glândula hipófise no cérebro. Estimula a tireóide a produzir seus hormônios T3 e T4. Estes, por sua vez, estimulam as células a produzirem mais mitocôndrias. Tecidos nobres, que gastam muita energia, são então altamente influenciados por disfunções na tireóide. O cérebro é um deles. Apesar de constituir apenas 2% do peso do corpo, consome 20% da energia que usamos diariamente.

O problema é que o cérebro não consegue armazenar energia. Assim, suas mitocôndrias precisam estar muito saudáveis pois precisarão sintetizar energia constantemente. Os hormônios da tireoide afetam o metabolismo e a produção de energia. Ligam-se à mitocôndria e enviam a ela sinais para aumentar ou diminuir a produção de ATP. Assim, quanto mais hormônios da tireoide estiverem presentes, mais ATP será produzido e, consequentemente, mais rápido será o metabolismo. Aumentando o metabolismo, cresce também a produção de calor; é assim que a tireoide acaba controlando também a temperatura do corpo.

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Então vejamos, precisamos de mitocôndrias saudáveis, tireóide saudável e também de uma hipófise saudável. A glândula mãe - hipófise ou pituitária - alimenta outras glândulas. Está localizada na base do crânio e tem o tamanho aproximado de uma ervilha. Apesar de seu pequeno tamanho tem um papel fundamental em nossa saúde, regulando o funcionamento de muitos tecidos.

Para a hipófise funcionar bem e produzir seus hormônios precisará de nutrientes como magnésio, zinco e DHA. Ou seja, carências nutricionais afetarão todo o organismo visto que a hipótese produz diariamente mais de dez hormônios, dentre eles o TSH (hormônio estimulante da tireóide). Intoxicação por metais pesados, consumo de gordura hidrogenada ou gorduras oxidadas também reduzem a função da hipófise.

São inúmeras as consequências deste mal funcionamento. No corpo, o TSH desempenha uma função importante: induzir a produção de T3 e  T4 na tireóide.Por exemplo, gestantes com TSH, T3 e T4 baixos podem ter bebês com menor QI, mais hiperatividade e déficit de atenção. 

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Já níveis normais de T3 e T4 e TSH alto mostram um mal funcionamento da tireóide, caracterizando um hipotireoidismo subclínico. Nesta fase, não parece haver benefício no uso de hormônios da tireóide mas é fundamental o reequilíbrio da tireóide com dieta antiinflamatória e reposição de nutrientes como zinco e selênio, que estimularão a produção de T3.

É bom lembrar que a disfunção mitocondrial acarretará em níveis baixos de ATP, o que também desregulará a tireóide visto que esta terá mais dificuldade para converter T4 em T3. Nesta situação poderemos encontrar TSH normal, T4 normal e T3 baixo, condição chamada de hipotireoidismo tecidual ou celular. 

Para a produção de T3 e T4 também não pode faltar iodo. A tireóide consome 80 a 90% do iodo presente no corpo. Por outro lado, a eliminação diária pela urina também é grande (75%) visto que o iodo é tóxico. Para avaliar iodo o ideal é justamente a dosagem urinária. A dosagem de iodo no sangue já serve para controle de suplementação. É importante lembrar que não é só a carência de iodo, zinco e selênio que vão afetar a tireóide, mas também a deficiência de vitamina A e ferro. Muita gente tem medo de suplementar ferro e aumentar o estresse oxidativo mas a produção de radicais livres também é importante para a tireóide! (escreverei um texto sobre a suplementação de ferro, em breve).

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Radicais livres são importantes para a vida celular. Precisamos de H2O2 (peróxido de hidrogênio) para deixar o iodo instável. É desta forma que conseguirá se acoplar ao aminoácido tirosina para a produção de T3 (triiodotironina) e T4 (tetraiodotironina). Claro, se a produção de radicais livres for excessiva, o metabolismo também é desregulado. E é por isso, que cuidados são necessários na suplementação de qualquer nutriente.

Nota importante: antes de fazer exames dos hormônios da tireóide suspenda a suplementação de biotina. Esta vitamina do complexo B interfere no resultado dos exames como T4, T3 e cortisol. A alteração ocorre pois a maioria dos imunoensaios depende da ligação de biotina-estreptavidina e, quando a amostra de sangue contém megadoses de biotina, há interferência nesse resultado, tornando-os artificialmente altosPor isso, precisa haver suspensão do uso de biotina (comum em suplementos multivitamínicos) pelo menos por 72 horas antes do exame.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Crescimento bacteriano excessivo no intestino - causas e consequências

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A SIBO (small intestinal bacterial overgrowth) é uma sigla para o acúmulo de bactérias no intestino delgado.  Ocorre quando as bactérias que normalmente crescem em outras partes do intestino começam a crescer no intestino delgado, causando dor e diarreia. Também pode levar à desnutrição e/ou carência de micronutrientes, pois as bactérias começam a consumir os nutrientes do corpo.

Você tem algum destes sintomas?

Dor no estômago, especialmente após comer, inchaço abdominal, cólicas, diarreia ou prisão de ventre (ou ambas de forma intercalada), indigestão, sensação regular de plenitude, gases

A SIBO pode ocorrer após infecções gatrointestinais ou em decorrência de  anormalidades anatômicas, mudanças no pH intestinal (como acontece no estresse crônico e no uso de medicamentos como antibióticos, antiparasitários, anticoncepcionais, antidepressivos, antiinflamatórios), problemas no funcionamento do sistema imune.

Se não tratada ao longo do tempo a SIBO contribui para o aumento do risco de várias doenças, como:

Hipocloridria, gastroparesia, hepatite, hipertensão portal, síndrome do intestino irritável.

Pessoas que possuem problemas que afetem o trato gastrointestinal estão sob maior risco como doença de Crohn, diabetes, esclerodermia, HIV, Mal de Parkinson, hipotireoidismo

Diagnóstico

Quando várias causas de problemas gastrointestinais foram descartadas em que se encontrasse uma solução a investigação da SIBO deve ser feita. O excesso de bactérias no intestino delgado pode levar à liberação dos gases hidrogênio e metano, que podem ser identificados através de um teste de respiração. Este teste não é invasivo e pode ser realizado em casa ou em consultório médico. Para fazer o exame há necessidade de jejum. Durante o teste, você vai respirar em um tubo. Então você vai beber uma bebida doce especial fornecida pelo seu médico. Você vai respirar em uma série de tubos adicionais em intervalos regulares de 2 a 3 horas após o consumo da bebida.

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Se o teste de respiração não estiver disponível podem ser feitos testes de metabólitos urinários ou podem ser coletadas amostras do fluido do intestino delgado para identificação das bactérias. Já em relação à análises sanguíneas podem ser medidos os anticorpos  anti-CdtB e  anti-vinculina (Pimentel et al., 2015). O CdtB é uma citotoxina produzida por bactérias relacionadas a gastroenterites. Esta toxina reage com a vinculina, uma proteína de adesão celular própria de nosso corpo.

Tratamento da SIBO

A SIBO pode ser tratada com uma combinação de antibióticos, alterações na dieta e uso de probióticos. Dependendo das causas, sintomas e resultados de exames o médico poderá optar pelo uso de antibióticos. Se a SIBO tiver gerado desidratação ou desnutrição a terapia enteral  com fluidos e nutrientes poderá ser necessária.

Os antibióticos podem diminuir o número de bactérias no intestino delgado, mas não resolvem a causa do problema. Por isso, outros cuidados em geral serão necessários. Em relação à dieta a maior parte dos pacientes beneficiam-se de dieta sem glúten (nos casos de doença celíaca ou intolerância), exclusão de alimentos ultraprocessados, álcool. Algumas pessoas beneficiam-se da exclusão de carboidratos fermentáveis (leia sobre a dieta FODMAP em meu site). Em relação ao uso de suplementos os mesmos variam e precisam ser individualizados mas podem incluir enzimas digestivas, ervas que melhoram a digestão (berberina, alcachofra, gengibre, óleo de hortelã), 5HTP, zinco, magnésio, B6, B9, B12, glutamina e probióticos (especialmente após o uso de antibióticos).

Saiba mais no curso sobre disbiose intestinal.

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