Tratamento do Clostridium difficille

A doença inflamatória intestinal (DII), composta pela doença de Crohn (CD) e colite ulcerosa (UC), é caracterizada por episódios recorrentes de inflamação do trato gastrointestinal. As manifestações clínicas são variáveis ​​e complicações potencialmente graves, incluindo sangramento, perfuração e formação de abscesso podem acontecer.

O Clostridium difficile (C. difficile), é um microorganismo anaeróbio gram-positivo que forma esporos. É altamente transmissível pela via fecal-oral e suas exotoxinas causam um espectro de doenças que variam de diarréia leve ou moderada a colite infecciosa fulminante, ocasionalmente complicada por megacólon tóxico, perfuração colônica, sepse e morte.

As taxas de infecção por Clostridium dificille estão aumentando na população em geral. As instituições de saúde observaram grandes surtos, bem como o surgimento de cepas hipervirulentas. A exposição a antibióticos, levando a alterações na microbiota intestinal, foi identificada como um fator de risco tradicional para infecção por Clostridium difficile. A DII também predispõe à infecção, provavelmente relacionada à diminuição da diversidade microbiana intestinal e à resposta imune desordenada observada nessa população, o que a predispõe à considerável morbimortalidade.

Os pacientes ambulatoriais com DII infectados por Clostridium dificille sem sintomas graves podem ser tratados inicialmente com metronidazol e vancomicina. Além da terapia médica, medidas de controle de infecção também devem ser implementadas, incluindo lavagem das mãos para minimizar a transmissão fecal-oral de esporos para outras pessoas (D'Aoust, Battat & Bessissow, 2017).

Marcadores laboratoriais de inflamação intestinal

- zonulina: principal marcador de permeabilidade intestinal, um dos principais moduladores da expressão das junções celulares estreitas (tight juntions). Pessoas com intestino permeável (leaky gut) apresentam concentrações elevadas nas fezes.

- calprotectina fecal: é utilizada para diagnosticar doenças inflamatórias intestinais, sejam de origem autoimune, infecciosa ou neoplásica. Útil para diferenciar laboratorialmente síndrome do intestino irritado (valores normais) de doença inflamatória intestinal (valores aumentados).

- lactoferrina fecal: importante componente da barreira intestinal, seu aumento pode estar associado à perda de integridade da mucosa intestinal.

- IgA secretora: imunoglobulina responsável pelas defesas de mucosa, seu aumento pode estar associado à doenças inflamatórias intestinais crônicas.

Outros exames também podem ser associados à inflamação intestinal, como os usados para diagnosticar doença autoimunes (autoanticorpos), doenças infecciosas (coprocultura, testes moleculares), alergias intestinais (IgE), ou até mesmo mapeamento das bactérias intestinais (sequenciamento genético do 16S bacteriano).

Transplante de microbiota fecal

Muitos pesquisadores estão usando o transplante de fezes para o tratamento de doenças como colite ulcerativa, síndrome do intestino irritável, obesidade, constipação, doenças autoimunes, esteatose hepática, autismo, cirrose, Parkinson, autismo...

Precisamos esperar o resultado destes estudos, mas a técnica já está disponível em várias clínicas ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, é autorizado justamente para o tratamento da infecção intestinal por Clostridium difficile.

Durante o procedimento as fezes são transferidas de uma pessoa saudável para outra. Antes da transferência o material coletado é analisado e diluído em soro fisiológico. Geralmente o procedimento é rápido e indolor. O objetivo é regular a microbiota intestinal de pacientes adoecidos e que já tentaram outros tratamentos.

Além dos exames anteriormente descrito, o PCR ultrassensível, apesar de ser um marcador sistêmico, é dinâmico e muito útil para avaliar a eficácia das intervenções utilizadas durante e após o tratamento.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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