Ter bactéria boa em baixa quantidade e diversidade no intestino é bem ruim. O consumo de alimentos ricos em probióticos (como iogurte, kefir, kombucha, coalhada, kimchi, misô e alimentos ricos em fibras e fitoquímicos ajuda a manter o intestino saudável. Por que isso é importante? A maior diversidade bacteriana no intestino reduz o risco de doenças inflamatórias intestinais e também de doenças do neurodesenvolvimento e neurodegenerativas. Mas isso não quer dizer que você deva usar suplementos probióticos a torto e a direito.
Bactéria em excesso também faz mal!
Desequilíbrios na microbiota aumentam o risco de infecções urinárias, infecções pós-cirúrgicas, infecções respiratórias, infecções de pele, supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO), vaginoses, cáries, endocardite. Mas aí você vai dizer: sim, mas essas situações todas são causadas por “bactérias do mal”. Só que não é bem assim, bactéria boa no lugar errado não é legal. E bactéria boa demais de uma qualidade apenas pode desequilibrar todo o resto também.
Existem as pessoas que usam probióticos e ficam cheios de gases e desconforto. Pacientes imunocomprometidos (pós-transplantados, com AIDS, em uso crônico de corticóides, fazendo quimioterapia) podem desenvolver infecções graves mesmo tomando probióticos do bem. Algumas pessoas também desenvolvem alergias pelo aumento da histamina contida em várias produtos, aprentando coceira, lacrimejamento e coriza.
Outras pessoas apresentam prisão de ventre quando consomem produtos contendo Saccharomyces boulardii. Pessoas que tomam probiótico direto podem apresentar crescimento excessivo de bactérias, o que dificulta o tratamento. Até porque alguns probióticos possuem bactérias com genes resistentes aos antibióticos.
Por isso, use de forma racional. Equilíbrio é a chave para tudo na vida. Perguntam-me muito, por exemplo, sobre o vídeo que gravei falando da Akkermansia muciniphila, uma bactéria Gram negativa, grande produtora de ácidos graxos de cadeia curta (principalmente butirato). Em quantidades adequadas no intestino auxilia na manutenção do equilíbrio da microbiota intestinal, melhora a imunidade e o metabolismo energético. Estudos mostram que pessoas magras possuem mais Akkermansia no intestino do que pessoas gordas.
Dá para suplementar Akkermansia como biomamps, mas o ideal é que esteja junto com outras cepas para não gerar um desequilíbrio geral. Após dieta adequada, uso de prebióticos ou até mesmo metformina, os índices de Akkermansia spp. já aumentam bem. Difícil falar em “valores normais” de Akkermansia muciniphila, mas alguns estudos mostram que 8 % das bactérias parece ser adequado. E se esse percentual aumenta?
- quando uma determinada espécie bacteriana aumenta num grande ecossistema microbiano, acaba acarretando uma diminuição da diversidade de outras bactérias, o que pode ser prejudicial à saúde intestinal;
- o butirato, em alta concentração, tem efeito pró-inflamatório, auxiliando na promoção de uma inflamação crônica de baixo grau;
- o termo muciniphila foi designado devido à utilização preferencial de mucina como substrato metabólico. Por isso, a bactéria apresenta atividade mucolítica e, em excesso, pode comprometer a integridade da barreira intestinal.