Falta de sono e psicose

O sono tem um grande impacto na saúde física e mental. A privação do sono tem um impacto direto na capacidade do cérebro de funcionar. O córtex pré-frontal e a amígdala são partes do cérebro que ajudam a regular as emoções e, sem dormir o suficiente, a conectividade entre essas partes é prejudicada. 

O sono também é importante para a regulação hormonal, do apetite e do metabolismo energético. É por isto que pessoas que dormem pouco têm maior probabilidade de se tornarem obesas. Em crianças e adolescentes cada hora adicional de sono reduz a probabilidade de obesidade em 30%.

Sim, nossas mães tinham razão em nos mandar cedo para a cama. Mas quão cedo? Tudo depende da idade e da hora que a criança acorda, como mostrado na tabela abaixo.

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Estes horários podem ser difíceis de seguir dependendo da sua programação. Mas em geral, crianças de 1 a 2 anos precisam de 11 a 14 horas de sono por dia. Defina as regras e mantenha a rotina da noite. Crianças de 3 a 5 anos precisam de 11 a 13 horas de sono por noite. Pequenos tem a imaginação ativa, podem sofrer com pesadelos ou sonâmbulismo. Por isso, crie uma rotina relaxante para as noites.

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Entre os 6 e os 13 anos recomenda-se entre 9 e 11 horas de sono por noite. Controle as mídias sociais. Adolescentes também precisam dormir bem. Dormir pouco não é um sinal de motivação, ambição e conquista, como muitos pensam. Quem dorme bem não é preguiçoso ou indolente.

Adultos querem parecer ocupados, vivem reclamando da correria mas quanto menos dormem, na verdade menos produtivos ficam. A falta de sono também aumenta o risco de delírios e alucinações. Quando deixamos de dormir começamos a sonhar acordados. Estudos mostram que o cérebro de quem passa noites sem dormir entra em um estado que facilitam o desenvolvimento da psicose. Economizar no sono é uma maneira infalível de perder o controle emocional, tornar-se mais instável emocionalmente. A falta de sono também causa desequilíbrios imunes e endócrinos, aumentando o risco de de várias doenças como diabetes, câncer, doenças circulatórias, síndrome do intestino irritável e aumento da  gravidade no caso de alergias alimentares.

Quer dormir melhor? Adote um estilo de vida mais saudável! 

Não adianta colocar todas as suas fichas na suplementação de melatonina. Um sono reparador exige queda de dopamina (saia da vida louca, relaxe mais cedo, desligue o celular). Aumente a serotonina com atividade física regular, banhos de sol, alimentação rica em triptofano (aminoácido presente em salmão, ovo, banana, abacate, nozes, cacau, castanhas) e com atividades noturnas relaxantes. Mantenha cortisol baixo. Para isso tem que diminuir o estresse, meditar, praticar yoga, descansar (não dá para ficar 24 horas no ar, 7 dias por semana). Por fim, ter valores de açúcar no sangue saudáveis (nem altos, nem baixos).

Com isso, e um quarto escurinho, a maioria das pessoas produz melatonina naturalmente e não precisa nem suplementar nada. Mesmo assim, se nada disso resolver podemos conversar sobre a melatonina e também sobre suplementos como valeriana, melatonina, fosfatidilserina, L-triptofano ou, L-teanina. Para agendar sua consulta clique aqui.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Ômega-3, fígado, intestino e doença de Alzheimer: qual é a relação?

Os óleos do tipo ômega-3 desempenham uma série de funções no organismo. Por exemplo, melhoram a digestão, a atividade muscular, a coagulação sanguínea, a acuidade visual e a memória. Como não produzimos este ácido graxo o mesmo precisa estar disponível na dieta ou na forma de suplementos.

Podemos obter o ômega3 a partir de sementes como chia e linhaça e de peixes do mar ou do krill. Se desejar entender a diferença do ômega-3 de origem vegetal e de origem animal assista o vídeo logo abaixo.

Ômega-3, especificamente o DHA e o EPA são importantes para a divisão celular e função dos receptores celulares. Também desempenham um papel importante nas reações antiinflamatórias. Talvez você soubesse disso tudo. Agora, sabia que para estes efeitos o fígado precisa estar funcionando bem?

Pois é, este órgão fará a metabolização destes ácidos graxos e produzirá plasmalógenos (tipos especiais de lipídios). Os mesmos viajarão pela corrente sanguínea até o cérebro. Pesquisas mostram que pessoas com Alzheimer costumam ter níveis diminuídos de plasmalógenos ricos em ômega-3. E que, quanto menor os níveis de plasmalógenos maior o acúmulo de proteína tau no cérebro.

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Infelizmente, suplementar ômega-3 não gera efeitos positivos caso o fígado e seus peroxissomos (organelas que metabolizam gorduras) não estejam funcionando adequadamente.

Pesquisas sugerem que pessoas com o gene APOE ε4 podem ter alterado o metabolismo de DHA, o que acaba fazendo com que a suplementação de ômega-3 não surta tantos benefícios. Agora, os pesquisadores investigam se melhorar a composição da microbiota intestinal pode amenizar o problema. Isto porque bactérias no intestino possuem influência no metabolismo biliar. A quebra de gorduras no intestino requer ácidos biliares produzidos no fígado a partir do colesterol.

Estudos atuais já focam neste interelacionamento entre os órgãos como alternativa para a prevenção e tratamento de doenças. Muito pano pra manga e novas possibilidades de aplicações clínicas. Pesquisa de instituto japonês mostrou que a administração oral de plasmalógenos contribui para a melhoria da função cognitiva em pacientes com Alzheimer (Fujino et al., 2017). Outra estratégia é a modulação da microbiota pela suplementação de probióticos (Alsakir et al., 2017).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dificuldades para dormir? Reveja seu estilo de vida e dieta

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Está difícil pegar no sono? Ou... você dorme mas acorda sempre cansado? A dificuldade para dormir é justamente caracterizada pela dificuldade em iniciar ou manter o sono ou pela sensação de não ter um sono reparador durante pelo menos um mês. Sem dormir o rendimento no trabalho e na escola caem. A irritabilidade aumenta e há um impacto negativo até na vida sexual.

São muitas as causas para a dificuldade para dormir. Transtornos emocionais (como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático), transtornos neurológicos (Alzheimer, Parkinson) e outros problemas de saúde (hipertireoidismo, insuficiência respiratória, insuficiência cardíaca, transtornos gastrointestinais como gastrite, úlcera, azia, síndrome das pernas inquietas, apneia do sono) contribuem todos para a pior qualidade do sono. O check-up anual é muito importante para descartar problemas de saúde. E claro, se identificados, devem ser tratados.

Existem também os fatores externos que podem dificultar um sono gostoso como alterações dos turnos de trabalho, poluição sonora, poluição luminosa, uso de medicamentos, uso de drogas, atividades excitantes antes de dormir (reuniões, aulas, apresentações, brigas, noticiários). O ideal é chegar em casa, praticar uma atividade leve e relaxante (como yoga e meditação), desligar o celular e o videogame, fechar as cortinas e deitar-se em uma cama bem confortável, em um quarto agradável, limpo, cheiroso.

Quanto à alimentação é fundamental reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, cafeína (café, chá preto, chá mate, chá verde, cacau, refrigerantes a base de cola) e alimentos ricos em ácido glutâmico. Este aminoácido é convertido em glutamato, neurotransmissor que inibe o sono. O ácido glutâmico está presente na proteína isolada de soja, semente de girassol, semente de gergelim, clara de ovo, queijo parmesão, amendoim, bacalhau, gelatina, spirulina, tofu, leite em pó. 

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Aumente também seu consumo de micronutrientes que convertem o glutamato em GABA (ácido gama-aminobutírico). O GABA relaxa e promove um sono de melhor qualidade. Para tanto aumente a ingestão alimentos ricos em magnésio (farelo de arroz/aveia/trigo, agar agar, semente de abóbora, vegetais verde escuros), vitamina B6 (banana, salmão, batata, ameixa, avelã, castanhas, camarão, melancia, espinafre, gérmen de trigo) e niacina (frango, atum, salmão, extrato de tomate). 

Algumas pessoas tem intolerância à histaminas, que também atrapalham o sono pois causam coceira, lacrimejamento, erupções cutâneas, dor de cabeça, falta de ar. Se você sente-se assim à noite reduza o consumo de bebidas alcoólicas, anchovas, queijos parmesão, gorgonzola e roquerfort, damascos, tâmaras, figos, uva passa, carnes e peixes defumados, cogumelos, carnes processadas (salsicha, linguiça, salame).

Quer dormir melhor? Não fuja dos carboidratos à noite. Eles aumentarão a entrada de triptofano no cérebro e a produção de serotonina, neurotransmissor relaxante. Que tal uma das opções à noite: salada de quinoa, vitamina de banana com leite de coco ou amêndoas, pão integral com hommus de grão de bico, abacate batido com água e folhas verdes, arroz de couve flor com frango desfiado, filé de pescada com batata?

ENTRE TAMBÉM EM CONTATO COM A NATUREZA E REEQUILIBRE SEU CORPO:

“EU DURMO, MAS ACORDO NO MEIO DA NOITE”

Você reduziu o café, começou a fazer atividade física pela manhã (como caminhada ao sol), deixou de comer muito à noite e está desligando o celular mais cedo. Consegue até dormir, mas acorda no meio da noite? Alguns suplementos podem ajudar:

- magnésio treonato ou bisglicinato (principalmente se você é muito estressado)

- apigenina (principalmente se possui pensamentos acelerados e acorda cheio de ideias)

- manutenção do sono: mioinositol, taurina, glicina, theanina, withania somnifera (ashwagandha)

* Se você acorda no meio da noite pois seus sonhos são muito vívidos não tome melatonina ou theanina.

Para individualização marque sua consulta: www.andreiatorres.com/consultoria

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