Fontes veganas de glutamina

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A glutamina é um aminoácido que tem como origem o tecido muscular. Desempenha importantes funções no metabolismo de processos biológicos importantes, tais como a função imune, a atividade neurológica, síntese de glicogênio (reserva de carboidrato) e ureia (para eliminação da amônia, que é tóxica), equilibra o pH sanguíneo, além de ter papel no crescimento muscular. Também é a principal fonte de energia de células de multiplicação rápida, como as presentes no intestino e no sistema imune.

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Durante exercícios prolongados ou treinos exaustivos, sem períodos de recuperação adequados, a produção e liberação da glutamina cai e o risco de infecções aumenta. A suplementação de glutamina é bastante estudada para a melhoria da imunidade, principalmente em pacientes hospitalares. 

Carnes são boas fontes de glutamina, por isto, quem já possui uma grande ingestão deste tipo de alimento acaba não se beneficiando da suplementação. Já veganos costumam possuir menos glutamina circulante. Aveia, feijão, beterraba, espinafre, mamão papaia, chia e o farelo de chia contém um pouco de glutamina mas a suplementação também pode ser recomendada em casos especiais. E existem marcas veganas, caso seja necessário.

Tomar glutamina na forma de suplemento sem necessidade não ajuda ninguém, mas pacientes imunodeprimidos, com diarreia, anemia falciforme, traumatizados (pós cirurgia, grandes queimaduras) beneficiam-se muito. A suplementação vai de 5g a 20g ao dia, geralmente, mas varia de caso a caso. Existem também contra-indicações para a suplementação. A ANVISA não recomenda o suplemento para indivíduos menores que 18 anos, mas muitos questionam essa recomendação. A glutamina pode virar no corpo glutamato, agitando. Por isso, no autismo, geralmente não é indicada também, especialmente se houver dificuldade de dormir ou muita irritabilidade.

Mulheres também devem ter cuidado com o uso prolongado de suplementos contendo glutamina pois alguns estudos mostram que o uso excessivo pode aumentar o crescimento do fungo Cândida albicans na região urogenital. Veja outras contra-indicações na imagem.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Filtro alcalinizador da água: precisamos comprar?

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O pH do sangue varia entre 7,35 e 7,45. A acidose é a condição em que o pH sanguíneo cai para menos de 7,35. Um pH abaixo de 7,1 é uma emergência médica e deve ser tratada rapidamente com bicarbonato intravenoso.

Há um tempo muitos vídeos e posts na internet vêm falando da importância das pessoas ingerirem água alcalina. Defendem que nosso sangue está ácido, que respirar acidifica, viver acidifica, se estressar acidifica gerando na população fadiga, fraqueza muscular, dores abdominais, náuseas, vômitos, comprometendo a respiração.

As empresas de venda de filtros (R$1.500 a R$ 2.500) aproveitaram a neurose geral e foram as primeiras a defender: "quer viver mais? Compre meu filtro e beba apenas água alcalina". É verdade: existem estudos mostrando que o consumo de água alcalina poderia reduzir a produção de substâncias inflamatórias (Ara et al., 2017).

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Porém, outros trabalhos mostram efeitos bastante controversos da água alcalina. Nosso corpo na verdade possui formas de se equilibrar. E não acredite em pessoas que prometem a cura, como a do câncer, com uma única estratégia. O tratamento do câncer em geral envolve modificações de estilo de vida, uso de drogas, radioterapia, além de cirurgias.

No caso do câncer existem estudos mostrando inclusive que os ácidos não são tão vilões assim. Por exemplo, o uso de vitamina C (ácido ascórbico) acidifica as células cancerígenas contribuindo para a redução de seu tamanho. 

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Colocar todas as suas apostas na água não parece uma boa ideia. Até porque o efeito de um alimento ou uma bebida não é tão direto em nosso organismo. Por exemplo, o limão tem o pH ácido (2,4), mas seu efeito no corpo é alcalinizante, devido à grande quantidade de sais minerais (como potássio e magnésio) presentes na fruta. Já carnes, assim como laticínios (6,5) tem um pH alcalino mas o efeito no corpo é acidificante. Isto se dá pelos produtos metabólicos gerados quando os aminoácidos caem na corrente sanguínea, como amônia, composto que acidifica o sangue.

O consumo exclusivo de água alcalina também poderia atrapalhar a digestão já que modifica o pH naturalmente ácido do estômago, atrapalhando a produção de pepsina e a quebra das proteínas. 

Se você quer alcalinizar mesmo o sangue a melhor estratégia é aumentar a ingestão de alimentos ricos em magnésio, potássio e cálcio, presentes nas frutas e verduras. Pingue limão ou laranja na sua água para um efeito alcalinizante natural. Quanto ao filtro, a escolha é sua.

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Tratamento nutricional da fenilcetonúria

A fenilcetonúria é uma doença genética rara na qual a criança nasce sem a capacidade de quebrar adequadamente moléculas de um aminoácido denominado fenilalanina. Uma pessoa com fenilcetonúria nasce com a atividade prejudicada da enzima fenilalanina hidroxilase que converte fenilalanina em tirosina. Com isso, a fenilalanina acumula-se no sangue gerando vários problemas de saúde, como alterações no crescimento, hiperatividade, convulsões, problemas comportamentais, deficiência intelectual, microcefalia e dermatite.

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A fenilcetonúria (PKU) foi inicialmente pela primeira vez em 1934 pelo médico norueguês Asbjorn Fölling. A doença pode ser diagnosticada pelo teste do pezinho após as primeiras 48 horas de vida. O diagnóstico é feito pela detecção de altos níveis sanguíneos do aminoácido fenilalanina (acima de 120μM/l ou 2mg/dl).

O único tratamento disponível é a dieta com teores limitados de fenilalanina. Alguns alimentos deverão ser excluídos da dieta como carne vermelha, carnes brancas, peixes, laticínios, ovos, carnes embutidas, trigo, grão de brico, feijão, ervilha, lentilha, soja, castanhas, nozes, amendoim, avelã, amêndoas, pistache, pinhão, adoçantes a base de aspartame, alimentos dietéticos que contenham aspartamente.

São permitidos na dieta a maior parte das frutas, verduras,  gorduras e fórmulas industrializadas especiais livres de fenilalanina. Um nutricionista deverá ser consultado para montar um cardápio que consiga suprir as necessidades diárias de nutrientes do paciente com fenilcetonúria.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/