O primeiro estudo mundial sobre os efeitos do suco de laranja das variedades baía e cara-cara no intestino humano foi conduzido pela pesquisadora Elisa Brasili, ligada ao Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de São Paulo (USP).
A laranja possui vários flavonóides como hespiridina, naringenina e hesperidina, que acabam produzindo mudanças benéficas na composição da microbiota intestinal. De acordo com a pesquisadora após a ingestão do suco de laranja-baía foi observado um aumento das famílias de bactérias Veillonellaceae e Ruminococcaceae que possuem diversas funções benéficas ao organismo humano, incluindo a redução do risco de doenças inflamatórias intestinais.
Estas bactérias pertencem a classe Clostridia, que não é composta apenas de bactérias patogênicas, como aquela que causa o botulismo. Pelo contrário, algumas têm efeitos positivos no intestino, auxiliando na manutenção de suas funções e em seu equilíbrio.
Já após a ingestão do suco de laranja cara-cara foi observado um aumento significativo nas famílias das bactérias Mogibacteriaceae e Tissierellaceae, cuja abundância relativa se encontra alterada em várias doenças, tais como no Parkinson. A pesquisadora conta que apesar da cara-cara ainda não ser uma variedade comercializada, há empresas investindo na produção do suco para que se conheça melhor sua composição.
A laranja cara-cara tem um conteúdo muito grande de licopeno, um carotenoide não muito comum nas outras variedades de laranjas. O licopeno é mais comum em outras frutas, como os tomates, melancia e goiaba vermelha e apresenta atividades anticâncer e anti-inflamatória. Segundo Elisa, em pessoas com câncer ou com obesidade a presença dessas bactérias na microbiota é menor.
A pesquisadora destaca, porém, que a mudança operada na microbiota com a ingestão dos sucos de laranjas baía e cara-cara é transitória. Quando o indivíduo muda de novo seu padrão de dieta, a microbiota se altera novamente. “É como tomar probióticos. Quando você ingere, há benefícios. Quando para de tomar, os benefícios diminuem.”
Segundo ela, o passo seguinte é investigar, nos próximos anos, a possibilidade de indicar o consumo de suco de laranja para ajudar a equilibrar a microbiota de populações ou indivíduos que tenham a composição da sua microbiota intestinal alterada, como os que sofrem de doenças inflamatórias intestinais crônicas e os obesos.
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