Algumas pesquisas neurológicas e psiquiátricas recentes investigaram o desequilíbrio da população microbiana intestinal (disbiose) no cérebro. Um microbioma intestinal mais diverso é geralmente considerado mais saudável (na ausência de espécies bacterianas patogênicas elevadas) e tem sido associado a uma melhor capacidade de aprendizagem/memória e flexibilidade comportamental. Por outro lado, a baixa diversidade microbiana está ligada ao comprometimento das habilidades cognitivas.
A diversidade e composição da microbiota intestinal é crucial por muitas razões diferentes. As bactérias intestinais são reguladoras de processos básicos, como a digestão ao longo do trato gastrointestinal, mediando a extração, síntese e absorção de nutrientes e metabólitos. Além disso, produzem bacteriocinas (antibióticos), promovendo uma primeira resposta imune contra bactérias patogênicas.
A diversidade e a composição das bactérias intestinais também determinam a abundância de metabólitos derivados da microbiota, neurotransmissores e ácidos graxos de cadeia curta (butirato, propionato e acetato), que são os principais produtos finais da fermentação microbiana no intestino.
A concentração de butirato, por exemplo, está relacionada com a produção de mucina. As mucinas são glicoproteínas que fornecem muco com propriedades funcionais, protegendo as mucosas. São também potenciais moléculas de adesão para microganismos.
O butirato também exerce efeitos anti-inflamatórios e aumenta os níveis de proteína da junção estreita (tight junctions), promovendo a manutenção da barreira intestinal e reduzindo a permeabilidade da mucosa intestinal.
O desequilíbrio nos processos acima mencionados está associado ao comprometimento da integridade e funcionalidade intestinal, resultando em permeabilidade intestinal alterada e inflamação intestinal, estabelecendo um ambiente intestinal aberrante. Este perfil gera um meio de moléculas de sinalização que, em última análise, podem se comunicar com o cérebro através da comunicação neural (nervo vago), sinalização endócrina (incluindo o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal) e o sistema imunológico (citocinas), modulando a função cerebral, o comportamento e, mais notavelmente, a cognição.
Alguns fatores ambientais demonstraram modular positivamente esses sistemas e sua comunicação bidirecional, como atividade física moderada, dieta cetogênica de característica mediterrânea (antiinflamatória) e suplementação de ômega-3.
Por outro lado, a disbiose intestinal inclui uma baixa diversidade da microbiota com um desequilíbrio na composição da comunidade bacteriana, promovendo o estabelecimento de bactérias patogênicas. Este ambiente diminui a produção de ácidos graxos de cadeia curta e neurotransmissores e aumenta a quantidade de lipopolissacarídeos bacterianos (LPS).
A produção da camada de mucina é afetada, assim como a barreira intestinal, levando a um comprometimento da integridade e funcionalidade do intestino. Esse desequilíbrio resulta em permeabilidade intestinal alterada e inflamação intestinal com aumento de LPS e citocinas na corrente sanguínea.
A disbiose intestinal tem sido associada a uma ampla gama de doenças neurodegenerativas e distúrbios cognitivos. A disbiose é agravada pelo estresse, dietas ocidentais ricas em gorduras trans e saturada e açúcares (glicose, maltose, xarope de glicose, xarope de frutose, maltodextrina etc) atividade física excessiva.
Dados pré-clínicos e clínicos associaram a disbiose intestinal a uma variedade de doenças neurodegenerativas, incluindo doença de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, doença de Huntington. Modular a função intestinal é fundamental.
TÉCNICAS PARA ESTIMULAR O NERVO VAGO
1) SOM
- Encontre um local calmo
- Coloque sua música ou mantra favorito (KALYANI, et al, 2011).
- Feche os olhos
- Cante junto
2) YOGA
A respiração lenta, a entoação de mantras como o OM, as posturas (ásanas) e as técnicas de concentração ajudam a ativar o nervo vago (STREETER et al. 2010).
3) MODULAÇÃO INTESTINAL