TRANSPLANTE FECAL

Apesar de soar estranho para muitos, o transplante fecal é um procedimento realizado há milhares de anos pelo homem. O primeiro registro sobre seu uso terapêutico foi em um dos mais antigos textos de medicina, escavado em uma antiga tumba na China, chamado “Cinquenta e duas fórmulas de tratamento”. Estima-se que o documento tenha sido escrito em 770 a.C e no livro a chamada “sopa amarela”, era indicado para desintoxicação.⠀

Desde então, as pesquisas de transferência de fezes de um doador sadio para uma pessoa doente têm evoluído bastante. O primeiro transplante no Brasil foi divulgado em 2014. As fezes diluídas podem ser administradas, com indicação e acompanhamento médico, utilizando-se sonda nasogástrica (menos comum) ou por colonoscopia (mais comum). ⠀

O objetivo é a transferência de microorganismos que vão restabelecer o equilíbrio da microbiota intestinal. Mas porque não tomar kefir, iogurte, kombucha, comer chucrute ou suplementar um probiótico? O que acontece é que muitas pessoas possuem doenças graves e não aguentam esperar. Como os resultados positivos obtidos por meio da alimentação e/ou uso de suplementos probióticos são lentos, o transplante é uma maneira rápida e efetiva de modificar a microbiota desequilibrada.⠀

Atualmente o transplante é autorizado no Brasil apenas para o tratamento de infecções intestinais graves, causadas pelo Clostridium difficile. Em alguns outros países vem sendo utilizada como complemento no tratamento de transtornos como depressão, obesidade, autismo e doenças inflamatórias intestinais

Segurança da técnica de transplante fecal

Para que seja segura o doador precisa ser saudável. Portanto é importante o descarte de doenças e que o mesmo tenha bons hábitos de vida. Uma entrevista médica e com psicólogo são importantes.

Exames bioquímicos (hemograma, glicemia, bilirrubina, creatinina, enzimas hepáticas) e sorologia para doenças infecciosas (HIV, sífilis, hepatites, COVID) são indicados.

Durante o exame físico o médico avaliará peso, IMC, frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial. Caso aprovado em todas as fases, o doador entregará 3 amostras de fezes, com intervalo mínimo de 2 dias entre elas. Será realizado um sequenciamento genético do microbioma intestinal para conhecer o perfil microbiana do doador. Estes cuidados visam garantir a segurança biológica do procedimento.

Além disso, o procedimento deve ser feito por profissional habilitado para evitar perfuração intestinal durante a colonoscopia. Mesmo assim, nenhum procedimento é totalmente seguro. Por isso, há que se pesar prós e contras.

Você teria coragem de fazer?

MODULAÇÃO NATURAL DA MICROBIOTA INTESTINAL

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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