Ácido valpróico (Depakene, Depakote) aumenta o risco de autismo?

O valproato sódico ou ácido valproico (Depakene ou Depakote) é um anticonvulsivante e estabilizador de humor muito usado no tratamento de epilepsia, convulsões e transtorno bipolar. No transtorno bipolar serve para prevenir episódios de mania (euforia) e de depressão. Muitos neurologistas o indicam no tratamento do autismo, isoladamente ou em associação à outras drogas como litio, carbamazepina, topiramato e levetiracetam.

Contudo, o ácido valpróico é utilizado em estudos laboratoriais justamente para induzir o autismo em animais. Por exemplo, em estudo publicado este ano por Du e colaboradores (2017)  comportamentos típicos do autismo foram induzidos em em camundongos utilizando-se o ácido valpróico.

Pesquisadores tentam avaliar como reduzir o risco de autismo gerado pelo uso de drogas e outros poluentes ambientais. Uma das esperanças está na administração de grandes quantidades de vitamina D a gestantes e crianças. Na tentativa de compreender melhor a hipóteses, Du e colaboradores (2017) induziram comportamentos típicos do autismo em camundongos utilizando o ácido valpróico. 

Metade dos camundongos posteriormente receberam uma dose única de vitamina D em altas quantidades. O grupo suplementado com vitamina D demonstrou melhor desenvolvimento físico, menos comportamentos repetitivos e melhor interação social. O mesmo foi visto em outros estudos realizados anteriormente (Jia et al., 2015; Schneider e Przewlocki, 2005).

A vitamina D parece atuar como um neuroprotetor e tem um efeito na neurotransmissão e neuroplasticidade. Estudos mostram que a suplementação de altas dosagens de vitamina D melhora a sintomatologia do autismo em até 75% das crianças. Já a suplementação de altas doses da vitamina D na gestação de mulheres que já possuem um filho autista reduz as chances de desenvolvimento do transtorno em um novo bebê. Por isto, caso precise utilizar drogas como o ácido valpróico para tratamento do autismo converse com um nutricionista ou médico sobre a suplementação de vitamina D.

Estudo publicado em 2016 também mostrou que a exposição pré-natal (durante a gestação) ao ácido valpróico induz aberrações neurocomportamentais em camundongos. Neste caso, os pesquisadores apostaram em outro tipo de suplementação: a de ômega-3. Com o ácido docosahexaenóico (DHA) células do cérebro foram recuperadas. Também houve aumento do número de neurônios maduros no hipocampo. Os dados sugerem que a suplementação de DHA tem um papel neuroprotetor importante, melhorando inclusive disfunções de aprendizagem e memória (Gao et al., 2016).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/