Carência de vitaminas B1 e B12 em pacientes diabéticos em uso de metformina

Doenças autoimunes costumam andar de mãos dadas. Por exemplo, a doença diabetes tipo 1 (DM1) é caracterizada pela destruição das células pancreáticas produtoras de insulina. Pode ser acompanhada de outras doenças autoimunes como a doença celíaca, a tireoidite de hashimoto e a gastrite autoimune. Tais condições prejudicam absorção ou metabolismo de nutrientes. É comum, portanto, que pessoas com diabetes tipo 1 apresentem deficiência de vitamina B12.

Os sintomas mais graves da carência de B12 incluem batimento cardíaco rápido ou irregular e falta de ar. A deficiência de B-12 também pode levar à neuropatia periférica com sintomas que podem incluir dormência, fraqueza, dor e parestesia (sensação de queimação ou coceira na pele) e depressão.

A carência de vitamina B12 também pode ocorrer na diabetes tipo 2, não só pelo baixo consumo, menor produção de fator intrínseco (em pacientes com gastrite ou em idosos) mas também pelo uso da metformina. Existem quase 500 milhões de pacientes diabéticos tipo 2 no mundo e aproximadamente metade utiliza metformina (glifage, dimefor, glucoformin, glucophage são alguns dos nomes comerciais).

A metformina é um medicamento de uso oral da classe das biguanidas. Age por dois mecanismos principais: (1) redução da velocidade de absorção de carboidratos a nível intestinal; (2) melhora a ligação da insulina aos seus receptores, aumentando a entrada de glicose nas células.

Contudo, o medicamento pode ter efeitos colaterais como cólicas, diarreia, enjoo e menor absorção de vitaminas B1 e B12. Um dos mecanismos propostos para a deficiência de B12 secundária ao uso de metformina é a redução da absorção, pois a metformina bloqueia a absorção intestinal mediada ao cálcio desta vitamina. Um dos tratamentos propostos é justamente a reposição 1,2 g de cálcio e vitamina B12.

Metformina também reduz absorção de tiamina

A metformina também reduz a absorção de B1 (tiamina) por competição intestinal pela proteína transportadora hTHTR-2. Precisamos de vitamina B1 para manutenção da saúde do sistema nervoso e cardiovascular.

A tiamina também parece ser importante para o bom funcionamento renal em pacientes com diabetes. Mas existe substituto para a metformina? Sim, converse com seu médico:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Genômica e meditação

Herdamos de nossos pais genes que contribuem para nossas características físicas e emocionais. Contudo, somos seres complexos e dentre o conjunto de genes recebidos alguns são expressos mais do que outros. Esta expressão é influenciada pelas experiências de nossos avós, pais e pelos nossos hábitos. Este sistema de expressão gênica é conhecido como epigenética.

Sabemos que o consumo de alimentos ricos em vitaminas do complexo B regula a expressão de genes benéficos e que nos protegem contra o envelhecimento precoce. Sabemos que existem fatores que protegem o nosso material genético (assista meus vídeos sobre os telômeros).

Igualmente, estudos mostram que a meditação ajuda a regular a forma como nossos genes expressam-se, reduzindo a ansiedade e a neuroinflamação. Pesquisas também apontam que a rotina diária de meditação reduz a taxa de envelhecimento epigenético. É por isso que pessoas que meditam há muito tempo tendem a aparentar uma idade menor do que a cronológica.

A meditação também reduz a secreção de cortisol, hormônio do estresse que tende a regular o funcionamento intestinal. O estresse pode reduzir significativamente a diversidade e função da microbiota, aumentando o risco de doenças inflamatórias intestinais, alergias, obesidade, flutuações de humor e até depressão. Quando estamos relaxados genes geradores de mucina são ativados. A Mucina é uma proteína que forma uma camada semelhante a um gel que captura os patógenos e melhora a função de barreira intestinal. Ao contrário, um alto nível de estresse pode causar um desequilíbrio da população microbiana. Bactérias boas começam a morrer e as ruins começam a multiplicar-se, produzindo mais toxinas e deixando o corpo e o cérebro mais inflamados.

É por isso que multiplicam-se os estudos correlacionando os benefícios da meditação no tratamento de pessoas com síndrome do intestino irritável. Em tempos tão maluco é muito importante que abramos espaço na agenda para o autocuidado. A meditação e a prática de yoga são ótimas formas de mantermos a saúde física e mental.

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Para explorar o impacto molecular, um estudo avaliou impacto de 8 semanas de yoga em mulheres com alto grau de estresse. Os níveis de substâncias inflamatórias como interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral (TNF) e proteína C reativa (PCR) e o impacto na metilação do DNA foram avaliados no início e ao final da pesquisa. Os investigadores observaram alteração epigenética (redução na metilação) de genes inflamatórias como o TNF (Harkess et al., 2016).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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