Genômica e meditação

Herdamos de nossos pais genes que contribuem para nossas características físicas e emocionais. Contudo, somos seres complexos e dentre o conjunto de genes recebidos alguns são expressos mais do que outros. Esta expressão é influenciada pelas experiências de nossos avós, pais e pelos nossos hábitos. Este sistema de expressão gênica é conhecido como epigenética.

Sabemos que o consumo de alimentos ricos em vitaminas do complexo B regula a expressão de genes benéficos e que nos protegem contra o envelhecimento precoce. Sabemos que existem fatores que protegem o nosso material genético (assista meus vídeos sobre os telômeros).

Igualmente, estudos mostram que a meditação ajuda a regular a forma como nossos genes expressam-se, reduzindo a ansiedade e a neuroinflamação. Pesquisas também apontam que a rotina diária de meditação reduz a taxa de envelhecimento epigenético. É por isso que pessoas que meditam há muito tempo tendem a aparentar uma idade menor do que a cronológica.

A meditação também reduz a secreção de cortisol, hormônio do estresse que tende a regular o funcionamento intestinal. O estresse pode reduzir significativamente a diversidade e função da microbiota, aumentando o risco de doenças inflamatórias intestinais, alergias, obesidade, flutuações de humor e até depressão. Quando estamos relaxados genes geradores de mucina são ativados. A Mucina é uma proteína que forma uma camada semelhante a um gel que captura os patógenos e melhora a função de barreira intestinal. Ao contrário, um alto nível de estresse pode causar um desequilíbrio da população microbiana. Bactérias boas começam a morrer e as ruins começam a multiplicar-se, produzindo mais toxinas e deixando o corpo e o cérebro mais inflamados.

É por isso que multiplicam-se os estudos correlacionando os benefícios da meditação no tratamento de pessoas com síndrome do intestino irritável. Em tempos tão maluco é muito importante que abramos espaço na agenda para o autocuidado. A meditação e a prática de yoga são ótimas formas de mantermos a saúde física e mental.

Para explorar o impacto molecular, um estudo avaliou impacto de 8 semanas de yoga em mulheres com alto grau de estresse. Os níveis de substâncias inflamatórias como interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral (TNF) e proteína C reativa (PCR) e o impacto na metilação do DNA foram avaliados no início e ao final da pesquisa. Os investigadores observaram alteração epigenética (redução na metilação) de genes inflamatórias como o TNF (Harkess et al., 2016).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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