A reversão da diabetes tipo 2

A diabetes mellitus tipo 2 (DM2) pode ser considerada uma pandemia global. Estimativas recentes da Organização Mundial da Saúde indicam que mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo têm diabetes. A doença está associada a maiores taxas de morbimortalidade e altos custos de tratamento.

A literatura trata de diversos métodos para a reversão da diabetes:

Adietas são menos extremas, mais seguras do que a cirurgia bariátrica. A modificação da dieta na forma de restrição de carboidratos era o tratamento da diabetes antes do advento da terapia com insulina e hipoglicemiantes orais. O uso de insulina exógena revolucionou o tratamento do diabetes tipo 1 e também se estabeleceu como uma terapia no DM2, apesar das diferenças na fisiopatologia destas doenças.

A conveniência dos medicamentos acabou fazendo com que os médicos e pacientes relaxassem no controle da dieta, o que gerou o aumento do número de complicações como amputações, insuficiência renal, neuropatia, disfunção sexual, doenças cardíacas e comprometimento da visão.

A redução de carboidratos na dieta pode assumir várias formas. As dietas VLCK (very low carbohydrate ketogenic) recomendam 30 g ou menos de carboidrato dietético por dia. As dietas LCK (cetogênica com baixo teor de carboidratos) recomendam 30-50 g de carboidratos dietéticos por dia. As dietas com redução de carboidratos recomendam entre 50 g e 130 g de carboidratos dietéticos por dia. As dietas com moderação de carboidratos adotam mais de 130g de carboidratos de baixo índice glicêmico ao dia e restrição calórica. A quantidade de carboidrato ideal depende dos valores da glicemia diária, das metas terapêuticas, da capacidade de adesão do paciente à quantidades menores deste nutriente na dieta e da tolerância aos corpos cetônicos.

A avaliação e o aconselhamento dos pacientes antes do início de uma dieta com restrição de carboidratos pode acontecer tanto durante uma internação, quanto em consulta fora do ambiente hospitalar. Os testes laboratoriais iniciais devem incluir o testes de função hepática, hemograma completo, testes de função tireoidiana, hemoglobina glicada, painel lipídico, urinálise, glicemia e insulina em jejum, frutosaminas, vitamina D, peptídeo C, ácido úrico, proteína C reativa de alta sensibilidade (hsCRP), modelo homeostático de resistência à insulina (HOMA-IR).

A redução dos açúcares na dieta (especialmente abaixo de 50 g de carboidrato por dia) colocará a maioria dos adultos em cetose nutricional. Durante esse estado, o corpo depende principalmente de ácidos graxos e uma pequena quantidade de cetonas pode ser detectada no sangue, na urina ou na respiração. As cetonas podem ser avaliadas no sangue utilizando-se aparelho de monitoramento da glicemia e da quantidade de corpos cetônicos. As cetonas também podem ser avaliadas no hálito com a utilização de aparelhos específicos como este.

É importante ressaltar que a cetose nutricional difere da cetoacidose, na qual uma falta absoluta de insulina causa lipólise descontrolada e grandes quantidades de cetonas geram um nível de acidose que ameaça a vida. Uma dieta com baixo teor de carboidratos enfatiza o consumo de alimentos proteicos e boas fontes de gordura. Ovos, abacate, azeitonas, azeite de oliva extra virgem, salmão e outros peixes, saladas variadas, castanhas e sementes são benéficas para o controle da glicemia e para a saúde intestinal.

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Deve-se também considerar a adoção de jejum intermitente desde que em constante contato com o endocrinologia para ajustes na dosagem de insulina e outros medicamentos, evitando-se situações de hipoglicemia. Com um nutricionista deve-se acompanhar efeitos adversos associados à dieta com baixo teor de carboidrato, como a perda exagerada de sal pela urina, aumento dos níveis de colesterol ou constipação intestinal (Cucuzzella et al., 2019). Neste caso suplementos como psyllium e goma acácia purificada podem ser recomendados pelo nutricionista.

As dietas com baixo teor de carboidratos também podem ser utilizadas para controle da inflamação, tratamento da disfunção mitocondrial e da resistência à insulina. Chás são bastante indicados durante o dia para controle da compulsão alimentar, bem estar geral e redução da inflamação. Os chás de canela, moringa, açafrão e gengibre são boas opções. Especiarias também devem ser utilizadas abundantemente na alimentação. Cravo, alecrim, orégano, manjerona, cominho, salsinha, açafrão, manjericão, sálvia, pimenta, hortelã, tomilho, cacau, canela são incríveis.

Os jantares devem ser realizados até 3 horas antes de dormir para não atrapalhar a qualidade do sono, que também interfere no controle glicêmico. O controle do estresse e a prática de atividade física também são muito importantes para o controle glicêmico e não devem ser esquecidos.

Suplementos podem ser utilizados para melhoria do perfil glicêmico. Algumas boas recomendações incluem: Gymnema sylvestre, faseolamina, extrato de canela, trans- resveratrol, ácido R- alfa lipóico e ômega 3, magnésio e zinco quelado, vitamina D, cromo GTF, vanádio quelado, mio-inositol e d-chiro inositol.

Outros suplementos usados no tratamento do diabetes na Europa.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Práticas integrativas para evitar a recuperação do peso após a cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica é frequentemente indicada para pessoas obesas que já passaram por outros tratamentos sem sucesso e apresentam comorbidades como hipertensão, diabetes, apneia, doenças articulares, problemas cardiovasculares ou outras. Contudo, sem a adoção de um estilo de vida saudável, com atividade física, alimentação adequada, acompanhamento psicológico e meditação o peso perdido é frequentemente recuperado.

O acompanhamento nutricional deve começar antes da cirurgia, para início da mudança dos hábitos alimentares, correção das carências nutricionais e teste das proteínas que serão suplementadas no pós-operatório. Por três semanas após a cirurgia a dieta será líquida, acrescida de multivitamínicos e minerais, suplementos proteicos. ômega-3 e outros nutrientes que fizerem-se necessários.

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O Bypass gástrico é a cirurgia mais realizada e traz como complicações a redução da absorção de minerais como ferro e da vitamina B12. Por isso, a suplementação nutricional poderá ser necessária durante toda a vida. Com isso, evita-se a anemia, garantindo-se vitalidade e evita-se também neuropatias e depressão, assim como fraqueza, queda de cabelo e déficits de memória.

Pacientes com muita queda de cabelo necessitarão de maiores quantidades de ferro, proteína, zinco, selênio, vitamina A e biotina. Além do ferro, a falta de vitamina B1 contribui para sintomas como fraqueza, dores no corpo e falta de concentração. A falta de vitamina D ou cálcio aumenta o risco de osteomalácia e osteoporose. Desta forma, as consultas com nutricionista devem ser mantidas após a cirurgia, pelo menos uma vez ao ano.

Reduzir o estresse também é muito importante para evitar o reganho de peso. A ansiedade e o estresse aumentam a secreção de cortisol, o risco de episódios compulsivos e facilitam o ganho de peso. Desta forma a adoção de técnicas como meditação, acupuntura, aromaterapia e yoga faz muito bem. São técnicas duradouras e efetivas para a prevenção e o tratamento de doenças, podendo ser implementadas em qualquer fase da vida Estar saudável não é sinônimo de ausência de doença, nem de baixo peso, mas sim de todo um equilíbrio físico, mental e espiritual.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Por que fazer o teste nutrigenético de pessoas com síndrome de Down?

A síndrome de Down (SD) ou trissomia do cromossomo 21 é uma condição congênita caracterizada por características fenotípicas, bem como diminuição do crescimento e desenvolvimento. Os principais fatores de risco são a idade materna avançada e o metabolismo folato-homocisteína prejudicado. A síndrome de Down é a principal causa genética conhecida de atraso no neurodesenvolvimento e comprometimento cognitivo.

Está também associada a várias comorbidades que podem limitar a qualidade de vida. Doenças cardíacas e queda da imunidade aumentam o risco de pneumonia e outras infecções respiratórias. O envelhecimento precoce está associado à diversas alterações genéticas (polimorfismos) que comprometem a capacidade do corpo em lidar com a inflamação e o estresse oxidativo.

A taxa metabólica de repouso também está reduzida em pessoas com SD, tornando-as mais propensas a distúrbios metabólicos, como sobrepeso, obesidade e diabetes. Distúrbios imunomediados, como doença celíaca e distúrbios da tireoide (hipotireoidismo ou hipertireoidismo e tireoidite autoimune), também afetam pessoas com SD com maior frequência.

Dependendo dos polimorfismos presentes o perfil de aminoácidos e produção de neurotransmissores também pode modificar-se. O metabolismo de macro e micronutrientes também pode estar alterado comprometendo a produção enzimática e o metabolismo como um todo (Saghazadeh et al., 2017). Contudo, pessoas com SD não são todas iguais e, por isso, destacam-se hoje os testes nutrigenéticos, capazes de identificar alterações que possam comprometer a qualidade de vida. No vídeo a seguir converso com o Dr. Roberto Grobman, sobre o painel que criei junto à FullDNA:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/