Efeito dos alimentos e componentes químicos no equilíbrio corporal

Alimentos que acidificam demais o organismo geram mecanismo de compensação que, cronicamente, podem levar a problemas como osteoporose, dano cardiovascular, ganho excessivo de peso, exaustão, enxaqueca, caibras, problemas de pele, dentre outros. 

Traduzido por Andreia Torres a partir de Carnauba et al., 2017

Traduzido por Andreia Torres a partir de Carnauba et al., 2017

A alimentação é um dos principais fatores a alterar o valor de pH do sangue, pois nutrientes são formadores de ácidos e bases. O consumo excessivo de alimentos precursores de ácido (fontes de fósforo e proteínas), em detrimento dos precursores das bases (fontes de potássio, cálcio e magnésio), leva à excessiva liberação de ácidos na corrente sanguínea, o que pode alterar o equilíbrio ácido-base no organismo, reduzindo o valor do pH sanguíneo, caracterizando o quadro de acidose metabólica de baixo grau.

Se esta condição persistir de forma crônica pode aumentar a predisposição a acidose e diversos desequilíbrios metabólicos, como a formação de cálculos renais, aumento da reabsorção óssea, redução da densidade mineral óssea, enxaqueca e perda de massa muscular, bem como elevar o risco de doenças crônicas, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão, esteatose hepática não alcoólica, doenças ósseas, litíase renal e maior incidência de mortalidade.

O ideal é que o cardápio seja composto por 60% de alimentos com efeito alcalino e apenas 40% com alimentos com efeito ácido. Veja que o efeito do alimento após entrar no corpo não é relacionado com o pH do próprio alimento. Por exemplo, o limão é um alimento ácido, com pH baixo mas seu efeito após absorção é alcalinizante já que  possui vitaminas e minerais que equilibram o organismo.

Tendo em vista o potencial acidificante do padrão alimentar da grande maioria dos países ocidentais e o aumento da incidência de doenças crônicas em todo o mundo, é necessário encorajar políticas públicas que estimulem a ingestão de alimentos in natura e minimamente processados, como frutas e vegetais – precursores de bases –, a redução do consumo de alimentos processados e ultraprocessados e a redução da ingestão de alimentos de origem animal – precursores de ácidos – no decorrer da vida, para a redução dos riscos de comorbidades e mortalidade  associados ao desequilíbrio do sistema ácido-base do organismo (Carnauba et al., 2017).

Hipometabolismo glicolítico cerebral e enxaqueca

Evidências crescentes sugerem que a enxaqueca pode ser o resultado de um comprometimento do metabolismo cerebral da glicose. Vários estudos relataram disfunção mitocondrial cerebral, comprometimento do metabolismo cerebral da glicose e redução do volume da substância cinzenta em áreas cerebrais específicas de pacientes com enxaqueca. Além disso, a resistência periférica à insulina, uma condição demonstrada em vários estudos, pode estender-se ao cérebro, levando à resistência cerebral à insulina.

Pessoas com enxaqueca podem ter desregulação dos receptores de insulina, tanto nos astrócitos quanto nos neurônios, desencadeando uma redução na captação de glicose e na síntese de glicogênio, principalmente durante alta demanda metabólica (Moro et al., 2022)

A resistência cerebral à insulina pode ser definida como a incapacidade das células cerebrais (neurónios e células gliais) em responder à insulina. A gravidade e o impacto das crises de enxaqueca são maiores em pacientes com resistência à insulina do que naqueles sem resistência à insulina (Ali et al., 2022).

Na resistência cerebral à insulina, a isoforma IR-B do receptor de insulina pode ser regulada negativamente, desencadeando uma alteração do metabolismo da glicose nos neurônios e astrócitos. O lactato é um combustível alternativo para o cérebro e é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. O lactato também pode ser gerado pelo piruvato nos astrócitos. Contudo, pouquíssima energia é produzida a partir de lactato.

Portanto, quando a demanda de energia cerebral não é satisfeita, seja pela resistência insulínica, seja por hipoglicemia pós-prandial, o cérebro passa a tentar usar mais corpos cetônicos. Por exemplo, pacientes com deficiência de GLUT1 são tratados de enxaquecas com dietas (Klepper et al., 2020). Aprenda mais sobre esta temática em https://t21.video.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Vitamina B12 - quem precisa suplementar? Dica: Não são só os veganos!

Se você está me acompanhando no desafio vegano viu comecei a suplementar ômega-3 (óleo de linhaça) e B12. Acabei recebendo várias mensagens sobre esta questão e gravei um vídeo sobre a vitamina B12 para você acompanhar melhor esta questão. A vitamina B12 é importante para todos (não só para vegetarianos), então vale a pena assistir e compartilhar:

Qual o melhor horário para suplementar vitamina B12?

Existem poucos estudos sobre esta temática, mas uma pesquisa mostrou que para pessoas que tem dificuldade em dormir, o ideal seria tomar a vitamina B12, para não desregular o ciclo circadiano (Hashimoto et al., 1996).

ATENÇÃO! EXCESSO DE B12 TAMBÉM NÃO É BOM!

Muitas pessoas preocupam-se com os baixos níveis de vitamina B12. É prática comum medir os níveis plasmáticos de B12 (cobalamina) em pessoas com suspeita de deficiência de B12 ou com fatores de risco associados (como adesão à dieta vegana, hipocloridria ou uso de antiácidos, pessoas com doenças inflamatórias intestinais) ou sintomas de cansaço ou comportamentos depressivos.

Porém, poucos profissionais preocupam-se com o excesso desta vitamina no plasma. O problema é que níveis elevados de vitamina B12 estão associados ao aumento do risco de câncer em curto prazo, como os hematológicos e cânceres relacionados ao uso de cigarro e álcool.

Um estudo realizado no Reino Unido e publicado em 2019 examinou os dados de mais de 750.000 pacientes do país. O risco de câncer foi maior em pessoas com níveis plasmáticos elevados de B12 (B12> 1.000 pmol / L). Outro estudo, realizado na Dinamarca, associou maior risco de câncer com B12> 800 pmol / L.

O câncer pode afetar o metabolismo da B12 ao afetar os níveis dessas proteínas de ligação à B12 que, por sua vez, dão origem a níveis elevados de B12 no plasma. A associação mostrou um padrão de dose-resposta não linear e permaneceu robusta em análises estratificadas, inclusive ao reduzir o risco de confusão por indicação em subanálises. Os riscos foram particularmente elevados para câncer de fígado, câncer de pâncreas e malignidades mieloides entre pessoas com níveis elevados de B12 (Arendt et al., 2019).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

4a semana do desafio vegano

Na quarta semana do desafio vegano voltei a malhar e falo sobre o que mudou na alimentação.

Para assistir os vídeos anteriores acesse o canal youtube.com/dicasdanutricionista

Aprenda mais sobre a dieta vegetariana em andreiatorres.com.br/vegetarianos

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/