Segurança alimentar no mundo - relatório FAO 2017

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) acaba de lançar o relatório 2017 sobre segurança alimentar. De acordo com a instituição a produção mundial de alimentos é mais do que suficiente para alimentar a todos. Mesmo assim 800 milhões de pessoas (11% da população mundial) passam fome. O segundo objetivo de desenvolvimento sustentável do milênio é justamente acabar com a fome no mundo. A população mundial deve crescer em mais 2 bilhões de pessoas até 2050. Seremos ao todo 10 bilhões de pessoas no mundo e para a FAO a produção de alimentos até lá precisará dobrar. 

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Algumas partes do mundo enfrentam mais problemas relacionados à miséria e a fome como regiões da África sub-saariana, que contém os países africanos situados ao sul do deserto do Saara, Sudeste e Oeste da Ásia, especialmente em situações de conflito e devido a problemas climáticos. 

A Síria, por exemplo, antes um país próspero, vive hoje uma situação em que 85% dos residentes se encontram em situação de pobreza. Após 6 anos de conflitos armados grandes perdas nos setores de agricultura e infraestrutura são contabilizados.

Síria

Síria

O número de pessoas mal nutridas no mundo voltou a aumentar especialmente após 2014 atingindo em 2016 cerca de 815 milhões de pessoas, de acordo com a FAO. Destas, 489 milhões vivem em países afetados por conflitos e guerras. Devido a conflitos em seus países estima-se que existam hoje quase 5 milhões de refugiados no mundo.

Nas crianças a má nutrição é agravada pelo baixo percentual de mulheres que conseguem amamentar os bebês exclusivamente até o 6o mês de vida. Para a FAO o aleitamento materno exclusivo preveniria 820.000 mortes em crianças por ano e 20.000 mortes por câncer em mulheres no mundo. No Brasil apenas 38,6% das mulheres conseguem aumentar exclusivamente seus bebês até o 6o mês de vida. Dificuldades na amamentação, doenças, falta de apoio, interferências externas, volta ao trabalho, cansaço são alguns dos fatores que interferem no aleitamento.

Mas a má nutrição nem sempre é vista a olho nu, a não ser na desnutrição extrema. Mas muitas pessoas com acesso apenas a carboidratos simples (como arroz e açúcar) também encontram-se mal nutridas, mesmo que estejam acima do peso considerado ideal. No Brasil 20,8% da população adulta tem obesidade.

A anemia também continua sendo um problema, atingindo 27,2% das mulheres em idade reprodutiva. A melhoria do estado nutricional da população mundial depende de alimentos de qualidade e na quantidade adequada. Além disso exige para todos:

  • Acesso à água limpa

  • Saneamento Básico

  • Serviços de saúde de qualidade

  • Oportunidades educacionais e de emprego para todos

Esta é uma página sobre nutrição e qualidade de vida e não um blog político mas não podemos esquecer que o Brasil enfrenta seus próprios problemas. Enquanto cada um continua defendendo e brigando por seu malvado favorito (escolha o seu: Temer, Lula, Bolsonaro, Cunha, Aécio Neves, Renan Calheiros, José Dirceu, Guido Mantega, Palocci, Jucá, Sérgio Cabral, Pezão, Eliseu Padilha, José Serra, e por aí vai) a impunidade se perpetua, bloqueada por leis projetadas pelas mesmas pessoas que estão sendo investigadas.

Político é aquele que zela pelo bem comum. Por isso, se queremos desbloquear nosso desenvolvimento, se queremos qualidade de vida para todos, se queremos um país (e um mundo) sem fome não podemos perder a oportunidade deixando  os poderosos impunes, permitindo uma reforma política fajuta, nos alienando (2018 e as novas eleições já, já estarão aí). E para votar não precisamos brigar e sim nos mantermos firmes dentro dos valores humanos e com a convicção de que viver sem democracia é muito pior.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Aveia contém glúten?

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De acordo com estudos da Universidade de Chicago tecnicamente a aveia não conteria glúten, proteína presente no trigo, cevada e centeio. Porém, a aveia é frequentemente plantada, colhida e processada em locais onde também há cultiva ou processamento de cereais que contém glúten, podendo haver contaminação cruzada.

De acordo com Sapone e colaboradores (2012) existem vários problemas relacionados ao glúten (assista o vídeo). Devido ao problema da contaminação cruzada pacientes celíacos devem remover a aveia da dieta, a não ser que comprem o cereal de uma indústria que garanta a ausência de glúten no produto. Pessoas com alergia ao trigo também podem consumir aveia caso a mesma não tenha sido misturada ou processada em equipamentos que também fazem o beneficiamento do trigo.

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Algumas pessoas podem sentir desconfortos abdominais consumindo aveia? Sim, mesmo que não tenham doença celíaca, alergia ao trigo ou intolerância ao glúten. Isto ocorre porque a aveia é rica em fibras.

As fibras são essenciais à saúde do trato digestório e também ajudam a controlar os níveis de gorduras e açúcares no sangue. Porém, pessoas não acostumadas ao consumo de fibras podem apresentar gases, dores abdominais ou diarreias quando aumentam muito o consumo de alimentos como aveia, cereais integrais, folhosos e frutas.

Outra questão importante a se lembrar é que embora a aveia seja naturalmente sem glúten, uma pequena porção de pessoas com doença celíaca ainda reage a ela. Algumas pesquisas sugerem que uma proteína na aveia chamada avenina pode desencadear uma resposta semelhante ao glúten, embora se pense que seja uma sensibilidade separada. Claro, se você tem sensibilidade à avenina, evite todos os produtos de aveia.

Aveia, trigo, leguminosas são alimentos ricos em antinutrientes como fitatos e oxalatos que contribuem também para os desconfortos acima relatados. No caso específico da aveia uma estratégia é deixá-la de molho em água à noite. No outro dia remova a água, lave a aveia e use-a em sua forma preferida.

Informações nutricionais - 1/2 xícara de aveia fornece:

  • 154 calories

  • 4–5 gramas de fibras

  • 5–6 gramas de proteínas

  • 5 mg de manganês (73% das necessidades diárias de adultos)

  • 7 mg de selênio (16% das necessidades diárias de adultos)

  • 56 mg de magnésio (14% das necessidades diárias de adultos)

  • 0,19 mg de tiamina - B1 (12% das necessidades diárias de adultos)

  • 5 mg de zinco (10% das necessidades diárias de adultos)

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Quinoa, amaranto e abobrinha - um café da manhã diferente

Os nutricionistas sempre disseram que o café da manhã é a refeição mais importante do dia. Bem, pelo menos os formados como eu, há quase 20 anos. Mas apesar de sempre ter ouvido isso eu estou entre as pessoas que nunca tiveram fome alguma pela manhã. E isso independe do que comi à noite. Se fiz um banguete não tenho fome pela manhã. Se não comi nada à noite também não tenho fome pela manhã. Coisas da individualidade bioquímica de cada um.

Mesmo assim, como sempre trabalhei ou estudei pela manhã acordava e comia algo antes de sair para não passar fome por volta das 10h que é quando eu realmente preciso comer. Eu costumava fazer uma refeição líquida,  simplesmente porque era mais fácil para mim do que comer. Ia tomando no carro uma das minhas vitaminas de tudo (leite de coco, soja ou proteína vegetal com as frutas e folhas que estivessem na geladeira). Mas desde janeiro de 2016 trabalho em casa e posso comer a hora que quiser. Com isso, minha rotina mudou bastante. Acordo entre 6h e 9h, faço yoga, olho e-mais e aí penso em comer. E os anos de vitamina acabaram ficando para trás. O que eu como agora? Depende do dia, da fome, do que tem na fruteira.

Mas há meses o mais frequente tem sido uma das opções:

  • Banana amassada com pasta de amendoim e aveia em flocos;

  • Panqueca de banana (leite de amêndoas, fermento, flocos de aveia, banana)

  • Iogurte de coco com castanhas e frutas.

  • Pudim de chia.

  • Torrada com guacamole;

  • Batata doce com cogumelos;

  • Tofu mexido com legumes;

  • Quinoa com vegetais (hoje foi com abobrinha);

  • Pão integral com hummus de grão de bico.

Tudo vegano. Apesar de ser ovo-lacto-vegetariana há anos a maior parte de minhas refeições é baseada em vegetais. Agora, estou em um desafio vegano de 1 mês. No vídeo de ontem falei um pouquinho sobre como foi a primeira semana. Se ainda não assistiu confira no youtube.com/dicasdanutricionista

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Pulando para outro assunto, agora que estou me preparando para mudar novamente estou colocando minhas leituras em dia. Estava cheia de livros empilhados na fila de leitura. Fora os livros de nutrição e ayurveda adoro romances mas estava sem tempo.

Mas finalmente consegui ler o livro Americanah da autora Nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. O romance venceu o National Book Critics Circle Award e está na lista dos grandes livros recomendados pela NY Times Book Review. E realmente vale a pena. É um lindo romance sobre a história de uma jovem Nigeriana nos Estados Unidos. Fala de raça, preconceito, estranhamentos com a cultura de forma inteligente e leve. Recomendo demais. Definitivamente um dos melhores livros que li este ano. 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/