Como se alimentar após a extração de dentes?

Após uma cirurgia para extração de dentes certos cuidados devem ser observados para que a cicatrização seja rápida e a inflamação reduzida. A remoção de dentes pode ser necessária quando existe uma cárie muito profunda, uma infecção que tenha destruído grande porção do dente ou do osso adjacente ou quando não existe espaço suficiente para o mesmo, como no caso dos dentes sisos (3o molares).

A não extração pode aumentar o risco de infecção, pode machucar mucosas (como a bochecha), aumenta o risco de cáries ou causa danos em outros dentes. Optando-se pela extração, alguns cuidados devem ser tomados. Em geral, antes da cirurgia recomenda-se jejum de 8 horas para alimentos e de 3 horas para água. O jejum é preventivo uma vez que a anestesia diminui ou elimina reflexos, como o da deglutição e da tosse. Sem os reflexos é mais fácil de alimentos dirigirem-se aos pulmões, resultando em pneumonia aspiratória. 

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Náuseas e sonolência após a cirurgia, assim como diminuição dos reflexos também são comuns. Assim, a primeira alimentação só costuma ser liberada cerca de 2 horas após a extração dentária. A dieta deve ser antiinflamatória e ricos em vitaminas e minerais que ajudam o organismo a combater infecções.

Nas primeiras 24 horas recomenda-se uma alimentação leve à base de líquidos frios ou gelados como suco, iogurte, vitamina, sorvete, leite e chás. Para o caso de pessoas intolerantes à lactose ou alérgicos às proteínas do leite, opções de extratos vegetais (soja, amêndoa, arroz) podem ser utilizados. Os que não podem consumir açúcar devem evitar alimentos industrializados. Dá para fazer sorvete em casa sem açúcar utilizando frutas bem maduras. Gosto de bater banana madura congelada com outras frutas ou com polpa de açaí. Veja também a receita onde a Bela Gil ensina a fazer sorvete de manga com inhame e gengibre (antiinflamatório). 

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Os sucos verdes podem ser utilizados para ajudar a eliminação dos anestésicos. Contudo, utilize apenas uma vez ao dia pois o consumo exagerado vai estimular o fígado a eliminar rapidamente as drogas utilizadas no pós operatório (antibiótico, antiinflamatório) reduzindo o seu efeito. Deixe a detox para depois!

Após 24 horas alimentos mornos podem começar a ser ingeridos. Opte pela consistência pastosa ou líquida a fim de evitar esforços mastigatórios desnecessários. Opções incluem mingau, purê de batata, inhame, cará, batata doce, couve flor, caldos ou sopas cozidas e liquidificadas ou passadas na peneira. Capriche nos legumes, temperos e ervas com propriedades antiinflamatórias (açafrão, manjericão, alecrim, orégano, tomilho). Suplementos como o ômega-3 também contribuem para a redução da inflamação. Mas atenção: este suplemento só deve ser iniciado 24 horas após a cirurgia! Antes do procedimento não se deve tomar ômega-3 já que o mesmo contribui para o afinamento do sangue aumentando o risco de hemorragias.

A dieta variada também é importante para a rápida cicatrização. Fontes de proteína (ovo, frango, laticínios, quinoa, whey protein, proteínas isoladas vegetais), carotenóides (vegetais e frutas alaranjadas), magnésio (vegetais verde escuros), zinco (carnes, soja) e vitamina E (azeite, abacate) devem ser incluídos na dieta.

A consistência da dieta evoluirá conforme o conforto de cada um após a cirurgia. Em geral, os pontos são retirados apenas no 7o dia. Por isso, vá com calma. Aproveite para descansar, dormir, assistir filmes, ouvir músicas, colocar as leituras em dia e ser mimado.

Por fim, cuide do seu intestino. Após o uso de antibióticos o mesmo fica mais sensível. É recomendável fazer a reposição de probióticos para reduzir o risco de diarreia e para repor as bactérias boas (probióticas) exterminadas pelo uso dos antibióticos. Converse com seu nutricionista antes da cirurgia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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As causas da obesidade

O excesso de peso atinge cerca de 49% da população adulta brasileira e a obesidade 15,8%. O percentual de crianças e adolescentes acima do peso também é preocupante. Na faixa etária de 0 a 8 anos estimam-se que 52% estejam com excesso de peso e 18% com obesidade; dos 9 aos 11 anos a estimativa é de que 44% tenham excesso de peso e 13% obesidade. Já a partir dos 12 anos são 47% de adolescentes com excesso de peso, sendo 14% deles obesos.

Tal situação demanda intervenções nos níveis macro, meso e micro, envolvendo a participação do governo, da indústria, da escola, dos serviços, de profissionais de saúde e da família uma vez que as causas do ganho de peso são complexas e multifatoriais. A falta de intervenções poderá fazer do Brasil o segundo país com maior número de obesos no mundo já em 2022, atrás apenas dos Estados Unidos.

A Pesquisa de Orçamentos Familiares  e o sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico mostram importantes inadequações na alimentação do brasileiro. Por exemplo, 34,2% da população consome carnes com excesso de gordura, 28,1% tem consumo regular (5 vezes por semana ou mais) de refrigerantes e apenas 20,2% consome a quantidade adequada de frutas e verduras diariamente.

São também enormes as mudanças nos comportamentos e atitudes relacionados ao ato de se alimentar. Comer em frente à TV ou computador, escolher locais que oferecem quantidades ilimitadas de alimentos, comer frequentemente em fast foods, comer sem atenção e de maneira rápida podem levar ao consumo exagerado de alimentos e facilitar o ganho de peso. A combinação de maior disponibilidade e variedade de produtos ultraprocessados a preços baixos e em locais de fácil acesso torna possível que mesmo os consumidores com menor renda aumentem o consumo energético.

A dieta inadequada é um determinante social proximal da saúde importante. As relações entre a dieta e as condições crônicas estão bem estabelecidas, existindo evidências de relação entre a má alimentação e doenças cardiovasculares, sobrepeso e obesidade, hipertensão, dislipidemias, diabetes, síndrome metabólica, certos tipos de câncer, esteatose hepática, disfunção mitocondrial e osteoporose.

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Contribuem ainda para o ganho de peso a falta de lugares seguros e atrativos para a prática de atividade física e brincadeiras infantis, o acesso limitado à alimentos saudáveis com custo razoável, a maior disponibilidade de alimentos energéticos e bebidas com alto teor de açúcar, o marketing de alimentos, as porções de comida avantajadas, a falta de tempo para preparo de alimentos em domicílio, a depressão, doenças metabólicas e endócrinas, fatores genéticos, desmame precoce e a falta de apoio para amamentar, o estresse.

Estas doenças aumentam os custos do SUS e, se não forem prevenidas e gerenciadas adequadamente, demandam uma assistência médica de custos sempre crescentes. No Brasil estima-se que sejam gastos entre US$ 58 e US$ 210 milhões de dólares anualmente para o tratamento do excesso de peso, da obesidade e suas comorbidades no SUS.

Desta forma, as ações devem focar todos estes aspectos:

- Individuais: empoderar as pessoas para que adotem dietas balanceadas e uma rotina de exercícios;

- Interpessoais: família, escola, colegas de trabalho, amigos podem ajudar de diversas formas, ajudando na compra, preparo, disponibilização e seguimento de uma rotina saudável;

- sociais: ações participatórias para melhorar o ambiente em que todos vivemos.

O texto é parte integrante da tese de doutorado de Andreia Torres.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/