Sempre que estou dando aula de nutrição esportiva me aparece um marmiteiro (bem intencionado) com seu peito de frango dividido em n porções para consumo durante o dia. Fora a monotonia alimentar é bom ficar de olho na forma de preparo. A gordura dietética de origem animal está associado ao aumento do risco de câncer de pâncreas (Thiébaut et al., 2009), mama (Sinha et al., 2000; Steck et al., 2007), cólon e reto, com o Alzheimer e as doenças coronarianas.
E a carne vermelha não é a única vilã. A carne de frango possui alto nível de aminas heterocíclicas logo após o abate. Com a refrigeração observou-se o aumento de putrescina, cadaverina, histamina e tiramina, principalmente no peito (Silva e Glória, 2002). O consumo de apenas 50 gramas de carne de frango (1/4 do peito) ao dia parece aumentar o risco de câncer de pâncreas em 72%. O cozimento em altas temperaturas (grelhando-se, por exemplo), aumenta a geração de aminas heterocíclicas. Tais substâncias podem causar danos ao DNA e mutações celulares (Holland et al., 2005; Rohrmann et al., 2009).
Aminas heterocíclicas ativam receptores de estrogênio (DeBruin et al., 2001; Lauber, ali & Gooderham, 2004). Desequilíbrios hormonais com aumentos de estrogênio em relação à outros hormônios ativam genes que promovem o aparecimento do câncer. Desta forma, a busca por outras alternativas para o aumento do consumo de proteína, quando necessário, é fundamental. Exemplos de alimentos de origem vegetal ricos em proteínas e que não contribuem para o desequilíbrio hormonal incluem leguminosas (lentilha, ervilha, grão de bico, feijões), oleaginosas (pistache, amêndoas, castanha de caju), quinoa, tofu, cogumelos, sementes de cânhamo (hemp seeds).