Disbiose e TDAH

O aumento no número de casos de crianças diagnosticadas com transtornos do neurodesenvolvimento fez com que buscássemos alternativas viáveis para prevenção e tratamento. Por exemplo, está cada vez mais clara a relação entre a saúde intestinal e a função cerebral.

O revestimento do nosso trato digestivo atua como uma barreira com pequenos orifícios que só permitem a chegada na corrente sanguínea de partículas pequenas e inofensivas. No entanto, quando esse revestimento fica comprometido ou mais poroso do que o normal, partículas de alimentos não digeridas e resíduos bacterianos podem entrar na corrente sanguínea, inflamar e ativar o sistema imunológico. O processo é acompanhado de sintomas como inchaço, cãibras, constipação, diarréia, dores de cabeça, fadiga, erupções cutâneas, dores nas articulações, alergias e muito mais. Além destes sintomas clássicos, existem também os sintomas nervosos, como mudanças no comportamento, na capacidade de concentração e aprendizagem.

Por motivos, provavelmente genéticos, crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Aprendizagem (TDAH) podem ter um intestino menos capaz de fixar bactérias probióticas. Com isso, a absorção de vitaminas e minerais também cai, o que pode agravar o quadro.

Pessoas com doença de Chron, doença celíaca, colite ulcerosa, autismo, síndrome de Down, síndrome inflamatória intestinal frequentemente experimentam o mesmo problema. O intestino pode prender ou soltar, dependendo do caso, mas de qualquer forma, a disbiose e a hiperpermeabilidade do intestino contribuem para mais inflamação e alterações comportamentais.

Pesquisas recentes mostram que crianças com TDAH são significativamente mais propensas a problemas intestinais do que crianças neurotípicas, o que mostra a necessidade de mais cuidados nesta área. Cérebro e intestino são conectados e para que um esteja bem o outro precisa estar bem também.

O tratamento da disbiose envolve uso de probióticos, prebióticos, enzimas digestivas, redução no consumo de alérgenos, corantes, alimentos ultraprocessados e adoção de dieta antiinflamatória. As mudanças podem ser feitas gradativamente, mas é importante começar por algum lugar.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/