A França é uma referência no esforço global para salvar as abelhas. O país proibe, desde 19/12/18 o uso de 5 pesticidas derivados da nicotina (clotianidina, imidacloprido, tiametoxam, tiacloprido e acetamiprido) responsáveis pelo colapso da população de abelhas. Todos estes inseticidas são liberados para uso no Brasil. A medida, saudada por apicultores e ambientalistas franceses, é controversa entre produtores de arroz, trigo e beterraba, que alegam que a proibição os deixa sem alternativa efetiva para proteger algumas culturas de pragas. A agência de saúde pública da França discorda.
Introduzido em meados da década de 1990, os neonicotinóides sintéticos são agrotóxicos que compartilham a estrutura química da nicotina e atacam o sistema nervoso central dos insetos. Destinado a substituir os pesticidas mais antigos, eles são agora os mais utilizados para tratar as culturas de floração, como árvores frutíferas, beterrabas e vinhas.
Estudos científicos mostraram que os neonicotinóides cortam a contagem de espermatozóides das abelhas e atrapalham sua memória e habilidade de direção. Pesquisas sugerem até que as abelhas podem desenvolver um perigoso vício aos inseticidas, bem como acontece com os fumantes de cigarro.
As Nações Unidas alertaram no ano passado que 40% dos polinizadores invertebrados - particularmente abelhas e borboletas - correm risco de extinção global. No Brasil, apicultores gaúchos e catarinenses, registraram perda de 25% na produção de mel. Nos últimos três meses, mais de 500 milhões de abelhas morreram no Rio Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades.
As abelhas são as principais polinizadores da maioria dos ecossistemas do planeta. Voando de flor em flor, elas polinizam e promovem a reprodução de diversas espécies de plantas. No Brasil, das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação humana e produção animal, cerca de 60% dependem em certo grau da polinização pelas abelhas. Enquanto a França e os demais países da União Europeia limitam cada vez mais o uso dos agrotóxicos, em prol do meio ambiente e da saúde humana, o governo brasileiro aprovou nos últimos 3 meses o uso de 121 novos pesticidas, dentre eles o Metomil, ingrediente ativo extremamente tóxico e utilizado em culturas de algodão, batata, soja, couve e milho. O Brasil é hoje o maior mercado mundial de agrotóxicos e continua colocando a sociedade em perigo.
O voto é apenas o primeiro passo no processo democrático. Depois vem as cobranças. Precisamos, enquanto sociedade, nos reunir e dizer que assim não dá!
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