Mulher que quer engravidar deve começar a se preparar 1 ano antes

A gravidez é um momento muito especial. A saúde da mãe influenciará a saúde da criança não só enquanto estiver dentro de sua barriga, mas durante toda a vida. É o que chamamos de programação metabólica fetal. Todo mês a mulher libera um óvulo (ovócito secundário). Mas para que um folículo amadureça e vire um ovócito secundário passam-se cerca de 12 meses. Quanto melhor é a saúde e o estado nutricional da mulher, mais saudável será este ovócito secundário.

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O ovário é extremamente sensível a metais pesados como mercúrio, chumbo e cádmio. Quando a mulher está intoxicada há diminuição do crescimento folicular, degeneração do corpo lúteo (estrutura que produz progesterona e mantém a gestação), os ciclos podem ficar irregulares, há diminuição do hormônio antimulleriano, morte celular dos folículos (atresia folicular). Nos homens, a intoxicação por metais pesados reduz a contagem de espermatozóides.

A melhor maneira de evitar a contaminação por metais pesados é priorizar alimentos orgânicos, preferir alimentos simples, feitos em casa, reduzindo o consumo de ultraprocessados, não fumar. Mulheres que consomem fast food, comidas prontas e congeladas com frequência têm metade a 1/3 da chance de engravidar em relação àquelas com dietas saudáveis.

Os valores de referência para avaliação destes metais são:

  • Mercúrio < 1

  • Chumbo < 3

  • Cádmio < 0,5

Além disso, não aqueça plásticos no microondas, prefira copos e recipientes de vidro ou cerâmica.

Nutrindo os folículos

Reponha os nutrientes que estiverem faltando. Recomendo que as mulheres que desejam engravidar façam o exame nutrigenético (leva de 2 a 3 meses para saírem os resultados) pois serão avaliados mais de 4.000 variações genéticas que influenciam na saúde. O polimorfismo de MTHFR é comum e compromete a gestação e seu resultado. Mas pode ser corrigido com a suplementação de metilfolato em doses adequadas.

Nos homens, um nutriente essencial para a fertilidade é o zinco. Polimorfismos genéticos que reduzem o uso do zinco podem ser investigados quando há comprometimento da espermogênese. O zinco tem especial atuação no processo de fertilidade pois está ligado, tanto ao processo de produção de testosterona, quanto da espermatogênese. Ele ainda é parte de uma enzima antioxidante importante para o espermatozoide, que é a superóxido dismutase zinco-cobre.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Cortisol e depressão

Você acorda atrasado, pula da cama, pega trânsito, come mal e já chega ao trabalho estressado? Pois é, muita gente já apresenta um pico de cortisol logo cedo. Cortisol alto e serotonina baixas são ultra comuns em pessoas com depressão.

O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas supra-renais, que são as pequenas glândulas endócrinas que ficam no topo dos nossos rins. É secretado pelo corpo em resposta ao estresse e um dos hormônios envolvidos na resposta de luta ou fuga.

No curto prazo, a liberação de cortisol tem muitos benefícios. Ele nos prepara para desafios físicos e emocionais, gera explosões de energia e dispara picos de atividade imunológica quando somos confrontados com vírus, bactérias e fungos.

No entanto, a produção de cortisol se torna problemática quando você está exposto a estresse prolongado. Níveis elevados de cortisol podem resultar ao longo do tempo em aumento da glicose sanguínea, elevação da pressão arterial, capacidade reduzida de combater infecções e aumento do armazenamento de gordura no corpo. Com isso, o risco de doenças como diabetes, doenças cardíacas e derrame aumenta.

Em pessoas que vivem com depressão, o cortisol tende a atingir o pico no início da manhã e não diminui ao longo do dia. Pelo contrário, novos picos podem ocorrer e essa disfunção de cortisol torna o corpo resistente aos seus efeitos positivos. A inflamação aumenta, a dor, a fome, o estoque de gordura, os problemas de memória e o cansaço também.

O primeiro passo é adotar estratégias para redução do estresse. Dormir mais cedo para não acordar correndo, fazer atividade física, terapia, comer bem, usar suplementos que ajudem na redução do cortisol (Ashwagandha, Rhodiola, camomila, vitamina C), ouvir música relaxante, receber massagem, manter um diário, meditar, pintar, tomar sol, entrar em contato com a natureza, tudo isso ajuda. Não existe uma pílula mágica no tratamento da depressão. A melhoria depende de modificações no estilo de vida. Remédios podem prevenir pioras, podem aumentar serotonina (hormônio do bem estar) mas não curam a doença. O conjunto de estratégias torna o caminho de recuperação mais fácil e rápido. Busque ajuda!

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Leucemia na síndrome de Down - barreiras a serem vencidas

Crianças com síndrome de Down (SD), causada pela trissomia do cromossomo 21, têm um risco 20 vezes maior de leucemia linfoblástica aguda e um risco 500 vezes maior de leucemia megacarioblástica aguda. Além disso, entre 10 e 15% dos bebês com SD nascem com a síndrome pré-leucêmica de mielopoiese anormal transitória.

Genes e leucemia

Estudos genéticos mostram que recém nascidos com SD apresentam frequentemente variações em genes envolvidos na imunidade, o que leva a menor produção de linfócitos B, linfócitos T CD4 e monócitos. Evidenciam também hipermetilação de genes como RUNX1 e do promotor de FLI1, que desempenham um papel crítico na proliferação e maturação de células da medula (Kubota et al., 2019; Wiemels et al., 2019).

Estresse oxidativo e leucemia

Na trissomia do cromossomo 21 (T21), níveis elevados de estresse oxidativo têm sido associados a aceleração do envelhecimento, desregulação da produção de enzimas digestivas, comprometimento da tireóide e leucemia.

Radicais livres (ROS) podem ser produzidos pela mitocôndria, nas membranas, em peroxissomos e no retículo endoplasmático (Trombetti et al., 2021).

Radicais livres (ROS) podem ser produzidos pela mitocôndria, nas membranas, em peroxissomos e no retículo endoplasmático (Trombetti et al., 2021).

A indústria farmacêutica é riquíssima e investe muito em estudos que focam no uso de medicações para a redução do estresse oxidativo na leucemia. O problema é que medicamentos apresentam muitos efeitos colaterais e nem sempre funcionam da forma esperada, além de não terem, em geral, um papel preventivo.

Existe um papel evidente dos compostos bioativos e antioxidantes na redução do estresse oxidativo, na prevenção de doenças e na programação metabólica fetal. Contudo, são pouquíssimos os estudos na leucemia, uma vez que alimentação e suplementação é uma área bem menos lucrativa para a indústria, em comparação ao custo dos medicamentos.

Os estudos genéticos e epigenéticos têm aprofundado nossa compreensão sobre o metabolismo e individualidade de pessoas com trissomia do cromossomo 21. Além disso, estudos pré-clínicos utilizam modelos com células tronco pluripotentes induzidas, e estudos clínicos utilizam marcadores plasmáticos e genéticos. Mesmo assim, existem muitas barreiras para a melhor compreensão da leucemia, sua prevenção e tratamento em indivíduos com síndrome de Down.

Barreiras para o estudo da síndrome de Down:

  • falta de verba crônica;

  • pequeno número de pesquisadores especialistas na área;

  • caracterização inadequada dos novos modelos celulares;

  • caracterização inadequada dos novos modelos fenotípicos da SD;

  • falta de treinamento clínico de pesquisadores de ciência básica sobre SD;

  • baixo engajamento de médicos e outros profissionais de saúde na SD;

  • dificuldade de recrutamento de indivíduos com SD para pesquisa clínica;

  • baixo acesso da população com SD e seus pais a testes genéticos.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/