Tratamento do refluxo gastroesofágico

No ocidente sofrem de refluxo entre 10 e 20% dos adultos, dependendo do país estudado. O refluxo pode acontecer esporadicamente (como uma vez ao mês) ou diariamente. Uma causa comum do refluxo ácido é uma anomalia do estômago chamada hérnia de hiato. A doença é caracterizada pela entrada da parte superior do estômago para cima do diafragma.

Hernia de hiato - estágios 1 a 4

Hernia de hiato - estágios 1 a 4

Com a hernia de hiato o ácido estomacal sobe para o esôfago causando queimação. Além da hérnia de hiato existem outros fatores de risco para o refluxo, incluindo:

  • alimentação excessiva;

  • excesso de peso;

  • comer perto da hora de dormir;

  • consumo de álcool, refrigerantes;

  • tabagismo;

  • uso excessivo de medicamentos, como relaxantes musculares ou medicamentos para controle da pressão.

Sintomas do refluxo

Os sintomas do refluxo não são nada agradáveis e incluem azia (dor ou desconforto na região do estômago, abdomen, peito ou garganta), regurgitação (sabor ácido ou azedo na boca), inchaço, arrotos, sensação de que a comida não está sendo bem digerida, soluços, náuseas, tosse seca, rouquidão, chiado no peito, dor de garganta ou falta de ar. Estes sintomas vão ajudar o médico a fazer o diagnóstico do problema. Além disso, poderá solicitar exames como endoscopia.

Tratamento do refluxo

Uma das maneiras mais eficazes de tratar a doença do refluxo ácido é evitar os alimentos e bebidas que desencadeiem os sintomas. Isso varia de pessoa para pessoa. Para algumas é o café, para outras são os alimentos ácidos. Para outras pode ser qualquer alimento, consumido em excesso. Por isso, faz parte do tratamento boa mastigação, consumo de pequenas quantidades de alimentos e eliminação tudo o que estiver fazendo mal. Parar de fumar, levantar a cabeceira da cama, evitar o consumo de alimentos 2 a 3 horas antes de dormir e emagrecer fazem também parte do tratamento. Atividade física é muito importante para a queima de gordura e para o ganho de massa magra, que manterá o metabolismo mais acelerado, o que é muito importante para a manutenção do peso perdido.

Use pratos menores, reduza o tamanho das porções, mastigue melhor, coma apenas quando estiver com fome, aprenda técnicas de alimentação consciente. O estresse é outra causa de aumento da secreção gástrica. Atividade física, yoga, meditação, descanso e boas horas de sono são fundamentais para a redução da ansiedade e do estresse.

Dependendo da gravidade dos seus sintomas, o médico também poderá recomendar medicamentos (antiácidos, inibidores da bomba de prótons, procinéticos ou bloqueadores H2) e, no caso da hérnia de hiato, cirurgia corretiva. Evite também o uso de roupas apertadas que possam comprimir ainda mais o estômago.

Jejum intermitente - prós e contras

Muitas pessoas sofrem de refluxo por estarem acima do peso. A alimentação precisará melhorar e com a crescente popularidade do jejum intermitente como ferramenta para redução de peso, muita gente começa a adotar a estratégia por conta própria. Não há dúvida de que a prática do jejum pode trazer muitos benefícios à saúde. Contudo, um efeito colateral pode ser justamente a azia e, em alguns casos, o refluxo. Por esse motivo, enquanto algumas pessoas sentem-se muito bem com o jejum, outras podem se sentir muito pior.

Para se sair bem, caso queira adotar o jejum como prática de saúde ou prática espiritual, hidrate-se muito bem com água e com chá de gengibre. O gengibre é conhecido por suas propriedades antiinflamatórias e calmantes. O chá de camomila é outra opção por reduzir a acidez estomacal. Só não deve ser ingerido por pessoas que fazem uso de medicamentos anticoagulantes.

Em geral, depois de algum tempo de jejum o corpo vai se ajustando. No início, o estresse pode aumentar com o jejum. Afinal, o corpo não está acostumado com menos calorias e reclama. Irritabilidade pode aumentar no período, capacidade de foco pode piorar neste início. Você precisará então avaliar se esta estratégia vale a pena em seu momento atual de vida. Se você toma muito café, os sintomas podem ser ainda mais desagradáveis. Por isso, antes de embarcar nessa, pense na sua rotina e no quanto pode dedicar-se a este novo estilo de vida no momento. Você pode tirar uma semana de folga para andar na natureza, na praia, fazer automassagens, meditar? Isso pode facilitar. Ou você está em um período intenso de trabalho e reuniões?

Depois da primeira semana o corpo tende a começar a se ajustar. As celulares começam a funcionar melhor pois o corpo vai desinflamando. Os níveis de insulina melhoram e a fome diminui. Genes começam a ser ativados e o reparo celular intensifica-se, assim como a perda de gordura corporal. Depois de seis semanas o corpo se acomada à nova realidade e o mau humor vai embora. A pele melhora, o estômago começa a diminuir e você não sentirá necessidade de comer tanto. Mesmo assim, certifique-se de estar bem de saúde, consulte seu médico e seu nutricionista, faça seus exames e decidam junto a melhor estratégia para você.

Converse sobre a suplementação de nutrientes que possam estar faltando em seu corpo e de compostos benéficos para o estômago incluindo vitamina B12, vitamina C, probióticos, ômega-3 e extrato de aloe vera. Fazendo estas melhorias e emagrecendo, será muito mais fácil o desmame de medicamentos e redução de todos os sintomas.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alimentação saudável reduz sintomas da síndrome pré-menstrual

A síndrome pré-menstrual incomoda muitas mulheres durante a vida reprodutiva. Caracteriza-se pela presença de pelo menos um sintomas afetivo (depressão, explosões de raiva, irritabilidade, ansiedade, confusão, isolamento social) e pelo menos um sintoma físico (sensibilidade nos seios, inchaço abdominal, dor de cabeça, inchaço nas extremidades) durante os cinco dias anteriores à menstruação, por pelo menos três meses (ACOG, 2014).

Mudanças na alimentação ajudam a mulher a passar por esta fase com mais suavidade. Para tanto, precisará trocar atividades agitadas por outras mais harmoniosas, como caminhadas e yoga. Fazer respiratórios e meditação e cuidar da alimentação. Alimentos ricos em triptofano (como banana, amaranto e nozes) favorecem a produção de serotonina, o que aumenta o bem-estar. A vitamina B6 presente no arroz integral, na avelã, nas castanhas também atua neste processo, ajudando a controlar os sintomas de TPM como a compulsão alimentar, pelo aumento da síntese de serotonina.

Se a vontade for de comer doce é interessante aumentar, além de serotonina, o GABA (falo mais sobre neurotransmissores no curso psiconutrição). O chá de melissa estimula o relaxamento e o sono e estimula o aumento de GABA. Além disso, não podem faltar cofatores para síntese desses neurotramissores como magnésio, vitamina B6, vitamina D, cálcio). Muitas mulheres possuem carência de magnésio. Portanto, é importante aumentar o consumo de alimentos como grão de bico, mandioca, couve, semente de abóbora, cevada, arroz integral, feijão preto, rúcula, castanhas, nozes, amêndoas, semente de girassol, uva passa e abacate.

O magnésio ajuda a acalmar o sistema nervoso, amenizando a ação da progesterona. Reduz ainda prostaglandinas inflamatórias, além de favorecer a depuração do estrogênio pois apoia a enzima COMT no fígado. Também reduz as cólicas, inconveniência que atinge até 2/3 das mulheres jovens durante o período pré-menstrual.

Compostos antiinflamatórios como o ômega 3 (sardinha, atum, salmão, chia, linhaça) e GLA (óleo de prímula, óleo de semente de borragem e óleo de semente de cânhamo) ajudam a reduzir dores nas mamas e inchaço pré-menstrual. Já alimentos ricos em vitamina E (abacate, castanhas, semente de abóbora) atuam como antioxidantes e também ajudam a reduzir o inchaço. O gengibre também pode auxiliar na redução da inflamação e das cólicas. Pode ser usado em chás ou suplementado na forma de extrato. Outro composto interessante é o mineral boro, que também contribui para a redução da gravidade e a duração da dor menstrual.

Plantas como maracujá (Passiflora incarnata) e melissa (Melissa Officinalis) ajudam a acalmar, já o hibiscus (Hibiscus sabdariffa) auxilia no controle da retenção hídrica. O chá verde e o chá de hortelã ajudam a controlar a acne. Mas lembre que o intestino também deve estar funcionando bem para a pele ficar bonita. Por isso, hidrate-se bem e consuma fontes de fibras como laranja com bagaço, mamão, quinoa. O kiwi também é uma boa indicação já que possui actidina, que melhora a motilidade intestinal, favorece a colonização pela bactéria Faecalibacterium prausnitzii reduzindo até sintomas do intestino irritável (Blatchford et al., 2017).

OUTROS SUPLEMENTOS USADOS NA EUROPA PARA TRATAMENTO DA TPM

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Importância do magnésio para a saúde física e mental

O magnésio desempenha um papel essencial em mais de 300 reações celulares. Contudo, muitas pessoas possuem carência deste mineral que está presente em vegetais verde escuros, sementes e leguminosas. Além disso, a carência também pode se desenvolver em pessoas que fazem uso de medicamentos como contraceptivos orais (pílula para não engravidar), usam medicamentos para reposição hormonal, digoxina, diuréticos de alça (como furosemida), diuréticos poupadores de potássio, corticosteróides, medicamentos antivirais, antifúngicos e antibióticos (como a tetraciclina).

Uma das funções do magnésio está ligada à redução da ansiedade e controle da dor. Isto porque o magnésio atua como cofator da COMT. Esta enzima (catecol-o-metil-transferase) degrada a dopamina, neurotransmissor cerebral que intervém no processo cognitivo, no córtex pré-frontal. Pessoas com alterações genéticas da COMT ou carências de magnésio tornam-se mais ansiosas. Polimorfismos da COMT também estão associados a maiores níveis de cortisol (hormônio do estresse). Neste caso, vale a pena evitar alimentos estimulantes, como aqueles que contém cafeína (chocolate, chá verde, chá preto, café).

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A COMT é um gene associado à metilação. Influenciam no seu funcionamento o magnésio e também vitaminas do complexo B (B2, B6, B9, B12). O magnésio ajuda a acalmar o sistema nervoso, amenizando a ação da progesterona. Reduz ainda prostaglandinas inflamatórias, além de favorecer a depuração do estrogênio pois apoia a enzima COMT no fígado o que melhora a depuração de toxinas e hormônios.

O excesso de estrogênios também faz a COMT funcionar mais lentamente. Por isso, é interessante consumir alimentos que ajudem a remover o excesso de estrogênios, como os vegetais crucíferos (repolho, brócolis ou couve-flor). Por outro lado, é interessante evitar alimentos que possam conter estrogênios como os laticínios.

A COMT também é responsável pelo processamento de certos fitonutrientes (flavonóides contendo catecol), incluindo quercetina, rutina, luteolina, EGCG, catequinas, epicatequinas, fisetina, ácido ferúlico, hidroxitirosol. Isso inclui alimentos como chá verde, alcaparras, coentro, frutas vermelhas e maçãs. Quem tem baixa atividade da COMT vai precisar evitar tais compostos. Mas pode ainda beneficiar-se de outros flavonóides como apigenina, genisteína, crisina, miricetina e flavonas (inclui apigenina, tangeritina, crisina, baicaleína, escutelarina).

Carência de magnésio ou variação do gene COMT também limita a capacidade do corpo de remover alguns hormônios do estresse em 3 a 4 vezes. Portanto, o estresse parece mais forte, dura mais e causa mais danos. Portanto, certifique-se de cuidar-se. Para avaliar a quantidade de magnésio no corpo o ideal seria o exame eritrocitário mas este não é coberto pelos planos de saúde e custa cerca de 200 reais. Por isso, o nutricionista avaliará a carência de magnésio por meio da análise da dieta e da presença de sinais e sintomas relacionados à este mineral. Já para a análise de polimorfismos da COMT o nutricionista pode avaliar exames genéticos como o da 23andme:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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