Sono irregular ou pouco restaurador desregula hormônio da saciedade

A leptina, um hormônio produzido principalmente pelas células adiposas, regula a atividade metabólica e muitas outras funções fisiológicas. O ritmo circadiano intrínseco da leptina no sangue é modulado por gênero, desenvolvimento, alimentação, jejum, sono, obesidade e distúrbios endócrinos. O aumento dos níveis de leptina gera resistência (Pan & Kastin, 2014).

Pessoas obesas ou com apneia do sono costumam ter altos níveis de leptina, resistência ao hormônio e prejuízo na sinalização da saciedade. Para o organismo funcionar bem precisamos dormir, estas é uma das mais importantes estratégias para quem quer estar saudável. Falo mais sobre o tema neste vídeo:

SUPLEMENTO NEM SEMPRE É NECESSÁRIO

Não adianta colocar todas as suas fichas na suplementação de melatonina. Um sono reparador exige queda de dopamina (saia da vida louca, relaxe mais cedo, desligue o celular). Aumente a serotonina com atividade física regular, banhos de sol, alimentação rica em triptofano (aminoácido presente em salmão, ovo, banana, abacate, nozes, cacau, castanhas) e com atividades noturnas relaxantes. Mantenha cortisol baixo. Para isso tem que diminuir o estresse, meditar, praticar yoga, descansar (não dá para ficar 24 horas no ar, 7 dias por semana). Por fim, ter valores de açúcar no sangue saudáveis (nem altos, nem baixos).

Com isso, e um quarto escurinho, a maioria das pessoas produz melatonina naturalmente e não precisa nem suplementar nada. Mesmo assim, se nada disso resolver podemos conversar sobre a melatonina e também sobre suplementos como valeriana, melatonina, fosfatidilserina, L-triptofano ou, L-teanina.

“EU DURMO, MAS ACORDO NO MEIO DA NOITE”

Você reduziu o café, começou a fazer atividade física pela manhã (como caminhada ao sol), deixou de comer muito à noite e está desligando o celular mais cedo. Consegue até dormir, mas acorda no meio da noite? Alguns suplementos podem ajudar:

- magnésio treonato ou bisglicinato (principalmente se você é muito estressado)

- apigenina (principalmente se possui pensamentos acelerados e acorda cheio de ideias)

- manutenção do sono: mioinositol, taurina, glicina, theanina, withania somnifera (ashwagandha)

* Se você acorda no meio da noite pois seus sonhos são muito vívidos não tome melatonina ou theanina.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Ômega-3 nos transtornos do neurodesenvolvimento

Transtornos do neurodesenvolvimento são um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. São caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam algum prejuízo pessoal, social, acadêmico ou profissional. Estes transtornos variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle das funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou intelectuais.

Os transtornos de comunicação incluem o transtorno da linguagem, o transtorno da fala, o transtorno da comunicação social, e o transtorno da fluência (gagueira). O transtorno do espectro autista (TEA) caracteriza-se por déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, incluindo défiicits na reciprocidade social, em comportamentos não verbais e em habilidades para desenvolver, manter e compreender relacionamentos. O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade.

Já os transtornos motores do neurodesenvolvimento incluem o transtorno do desenvolvimento da coordenação, o transtorno do movimento estereotipado e os transtornos de tique. Um transtorno específico da aprendizagem é diagnosticado diante de déficits específicos nesta área. Pode ocorrer tanto em pessoas com altas habilidades intelectuais quanto naquelas com deficiência intelectual.

A deficiência intelectual caracteriza-se por déficits em capacidades mentais genéricas, como raciocínio, solução de problemas, planejamento, pensamento abstrato, juízo, aprendizagem acadêmica e aprendizagem pela experiência. É uma condição heterogênea com múltiplas causas, como síndromes genéticas (trissomia do cromossomo 21, síndrome de Lesch-Nyhan), aquisição por carência nutricional durante a gestação (como deficiência de iodo) ou traumatismo craniano no período do desenvolvimento.

Uma pessoa ainda pode ter mais de um tipo de transtorno do neurodesenvolvimento simultâneamente. Por exemplo, uma pessoa pode ter autismo e déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Ou síndrome de Down e autismo. Ou TDAH e um transtorno de aprendizagem.

Os déficits podem resultar em prejuízos no funcionamento adaptativo, de modo que a pessoa não consegue atingir padrões de independência pessoal em um ou mais aspectos da vida diária, como comunicação, participação social, funcionamento acadêmico ou profissional e independência pessoal em casa ou na comunidade.

Revisão publicada em 2020 avaliou a suplementação de ômega-3 em transtornos do neurodesenvolvimento como autismo e TDAH (Martins, Bandarra & Figueiredo-Braga, 2020). Os fatores genéticos são muito importantes nestes transtornos mas os fatores ambientais também estão entre as causas cruciais, afetando o neurodesenvolvimento principalmente nos primeiros 1.000 dias de vida da criança. As similaridades clínicas e etiológicas entre TDAH e autismo são marcantes e a prevalência das duas continua a aumentar nos países ocidentais. Uma das hipóteses para este aumento é o contato com toxinas e com uma dieta ocidental rica em alimentos processados, ultraprocessados, fontes de ômega-6 e pobres em ômega-3.

Os ácidos graxos ômega-3 são fundamentais para o desenvolvimento do sistema nervoso. O DHA é rapidamente incorporado no cérebro da criança desde a gestação até o segundo ano de vida. Sem ômega-3 aumenta a incidência de deficiência intelectual, atrasos na aprendizagem, alterações no processamento sensorial e na atividade motora.

Outro tópico de discussão é o fenômeno da neuroinflamação, caracterizado por ativação da micróglia, presença de citocinas inflamatórias e anticorpos no cérebro e maior permeabilidade da barreira hematoencefálica. Por fim, alterações na produção de neurotransmissores inibidores (GABA) e excitatórios (glutamato), além de serotonina e dopamina fazem-se presentes.

O ômega-3 pode ser encontrado em peixes de águas frias e profundas e possui efeito antiinflamatório e regulador do sistema nervoso. Gestante com consumo adequado destes nutrientes dão luz à bebês com maior acuidade visual, desenvolvimento motor e escore cognitivo. Discuto mais sobre o tema nos cursos online sobre autismo e sobre o papel dos nutrientes no cérebro (psiconutrição).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Ácido lipóico ajuda o emagrecimento em crianças, adolescentes e adultos acima do peso

O ácido lipóico (também denominado ALA, alfa-lipoato, ácido alfa-lipóico) é um composto sulfurado (que contém enxofre), derivado do ácido octanóico. Em condições fisiológicas, o ácido lipóico está, em sua maior parte, disponível no organismo como lipoato. Está presente em alimentos como brócolis, espinafre, porém em quantidades muito pequenas e pouco disponíveis. Atua como uma vitamina do complexo B, sendo cofator para várias enzimas. Ativa a fase 2 de destoxificação hepática, facilitando a excreção de toxinas, agindo como agente protetor celular.

Os níveis plasmáticos declinam com a idade e a suplementação tem sido estudada na atenuação de condições com danos ao fígado induzidos pelo álcool, mal de Alzheimer, agente antiienvelhecimento, anticâncer, protetor cardiovascular, prevenção da catarata, adjuvante em tratamento quimio ou radioterápico, melhoria de circulação e da resistência à insulina, glaucoma, hipertensão, esclerose múltipla, enxaqueca,  obesidade, dentre outras condições. Esta versatilidade decorre do fato do ácido lipóico ser um antioxidante que consegue atuar tanto em meios hidro quanto lipossolúveis limitando danos oxidativos. Além disso, contribui para a reciclagem de outros compostos antioxidantes, como a vitamina C, a vitamina E, a glutationa e a coenzima Q10.

Uma das formas de funcionamento do ácido lipóico é como antiinflamatório. A obesidade, por exemplo, está associada a um estado sistêmico de inflamação crônica. O tecido adiposo acumulado produz várias citocinas pró-inflamatórias, incluindo o TNF-α, a IL-1β e a IL-6. Na obesidade há redução da adiponectina e resistência à leptina, com diminuição do seu efeito anorexígeno. A adiponectina tem altos efeitos anti-inflamatórios e anti-aterogênicos, diminui os níveis de TNF-α e PCR e, aumenta a produção de óxido nítrico (NO).

O tecido adiposo é a principal fonte de produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e o acúmulo de gordura está fortemente associado ao aumento do estresse oxidativo. A concentração de malondialdeído (MDA) reflete o grau de estresse oxidativo.

O ácido α-lipóico (ALA) é um forte antioxidante que pode inibir o ROS diminuindo o estresse oxidativo e protegendo contra proteínas e oxidação lipídica. Além disso, pode reciclar outros antioxidantes no organismo, como vitaminas C, vitamina E e glutationa. Doses de 330mg (2x/dia, por 3 meses) ajuda na redução do peso, inclusive em crianças e adolescentes (Amrousy & El-Afify, 2020), assim como em adultos (Huerta et al., 2019).

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Precauções: indivíduos com tendência à hipoglicemia devem ser cuidadosos no uso. Além disso, indivíduos fazendo uso de agentes antidiabéticos também devem procurar um nutricionista para ajuste de dosagens do suplemento. Não existem estudos suficientes para recomendações em indivíduo com hipotireoidismo. Estudos ainda estão sendo feitos acerca da segurança da suplementação conjunta com vitamina C e vitamina B1.

Possíveis efeitos colaterais do ácido lipóico: fique de olho em problemas cutâneos pois os mesmos foram reportados com o uso constante do suplemento.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/