Injeção intravenosa de vitamina C e outras medidas para pacientes infectados pelo COVID-19

O Brasil está à beira de um colapso no sistema hospitalar. Enquanto muitas pessoas que podem ficar em casa insistem em ir às ruas, o número de leitos ocupados explode no Ceará, Amazonas, Rio de Janeiro e São Paulo. O país ocupa a 10ª posição no ranking entre as nações com os maiores números de casos confirmados. Porém, todos sabem (inclusive o presidente) que a situação é muito mais grave, uma vez que testes em massa não estão sendo realizados.

Os cuidados principais de prevenção de infecção pelo coronavírus (SARS-CoV-2) continuam sendo os mesmos: etiqueta respiratória, higiene pessoal, desinfecção diária de objetos mais usados (como o telefone celular, o controle remoto da TV) e superfícies (bancada da cozinha, mesa da sala, maçanetas) e distanciamento social. Estes cuidados são ainda mais importantes para pessoas em alto risco: diabéticos, hipertensos, fumantes, pessoas com níveis de vitamina D abaixo de 30 ng/ml, pessoas cronicamente inflamadas (como indivíduos obesos ou com doenças autoimunes), pessoas com deficiências.

Coma mais alimentos naturais, preparados em casa, adote uma dieta bem variada. Consuma diariamente frutas cítricas (como laranja, tangerina, acerola, limão) e fontes de zinco (frutos do mar, ostras, carnes, semente de abóbora, feijão), nutriente essencial para a imunidade. Adicione duas castanhas do Pará (conhecida no exterior como castanha do Brasil) por dia em sua alimentação. Pessoas com maiores níveis de selênio tem maior taxa de cura da COVID-19 (Zhang et al., 2020).

E quem já está infectado, faz o quê?

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  • Tenha papel higiênico, toalhinhas descartáveis ou papel toalha sempre à mão para limpar gotículas de saliva quando tossir.

  • Para aliviar o desconforto da tosse você pode usar um xarope prescrito pelo seu médico ou xarope caseiro de mel com limão.

  • Outra forma de aliviar o desconforto é passar vick vaporub no peito. Você também pode fazer o seu em casa, usando óleos essenciais. Receita: aqueça água em uma panela grande e depois coloque uma menor por dentro (banho maria), com os ingredientes abaixo. Misture sempre, até obter uma pasta homogênea:

    • 240 ml de óleo de coco

    • 170 ml de cera de abelha ralada

    • 120 ml de azeite de oliva

    • 35 gotas de óleo essencial de eucalipto

    • 30 gotas de óleo essencial de menta

    • 15 gotas de óleo essencial de alecrim

    • 15 gotas de óleo essencial de lavanda

    • 10 gotas de óleo essencial de cânfora

  • Seu médico indicará o uso de paracetamol ou dipirona (500 mg a cada 6 horas) para tomar em caso de febre acima de 38oC. Se a febre aumentar acima de 39oC ligue para o hospital.

  • Se estiver em uma região seca use um umidificador no quarto na hora de dormir.

  • Se tem asma, assegure-se que sua bombinha está dentro da data de validade.

  • Se a garganta estiver doendo e comer for desconfortável, faça sopas bem nutritivas. Congele várias porções para ficar mais fácil para você.

  • Hidrate-se bem com água e chás.

  • Descanse muito. Dormir bem e em ambiente escuro é fundamental. A restrição de sono piora a situação pulmonar e a evolução da COVID-19. Se não estiver conseguindo dormir converse com seu médico sobre o uso da melatonina (Salles, 2020).

  • Permaneça em isolamento total por 14 dias. Não entre em contato com pessoas idosas ou grupos de risco.

  • A organização mundial de saúde e a organização panamericana de saúde divulgaram um documento avaliando o uso da vitamina C (ácido ascórbico) intravenoso como tratamento de apoio à pacientes com COVID-19. Os pacientes tratados sobreviveram e nenhum teve efeitos colaterais com a terapia. Converse com seu médico.

Se está acima do peso ou tem uma doença crônica como diabetes não adie mais a consulta com seu nutricionista. Estamos atendendo online.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Gatilhos e tratamento da esclerose múltipla

A doença autoimune é uma condição que ocorre quando há uma reação imunitária anormal. O nosso sistema imunológico tem como função proteger o organismo de substâncias estranhas ou perigosas. Mas, quando o sistema imune faz interpretações erradas pode acabar destruindo tecidos saudáveis do próprio corpo.

A autoimunidade pode ser desencadeada por bactérias, vírus, medicamentos, radiação solcar, substâncias estranhas ao corpo, toxinas, metais pesados e alimentos que o corpo não aceita (isso varia de pessoa para pessoa). Falo mais sobre os gatilhos para as doenças autoimunes nesse texto.

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Existem muitos tipos de doenças autoimunes. As mais comuns são tireoidite de Hashimoto, esclerose múltipla, doença celíaca, asma, lúpus, artrite reumatóide e psoríase. A esclerose múltipla (EM) é uma doença crônica degenerativa de caráter inflamatório que acomete e reduz a bainha de mielina dos neurônios (Moreira et al., 2000).

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Os sintomas da doença (paralisia, tremor, dor, ansiedade, estresse, depressão, déficit de atenção, problemas de aprendizagem, fadiga, vertigens e distúrbios visuais) comprometem a qualidade de vida conforme a doença progride. Enquanto a cura da doença não chega muitos estudos vêm sendo feitos na área de nutrição, na tentativa de minimizar tais sintomas.

Uma deficiência nutricional bastante associado à EM é a  de vitamina D. Pessoas com vitamina D baixa são mais inflamadas e apresentam mais sintomas. Existem protocolos de tratamento com mega dosagens de vitamina D (muitas vezes associada ao ômega-3) para redução da inflamação e prevenção da destruição da mielina, nos neurônios.

Encher a dieta de fitoquímicos antioxidantes, presentes em frutas, verduras e condimentos, que melhoram o funcionamento das mitocôndrias. Uma ótima opção é o chá verde, que é rico em epigalocatequina, conhecida por melhorar a função muscular de pacientes com EM. Além dos efeitos antioxidantes tal composto e outros polifenóis presentes no reino vegetal possuem muitos efeitos neuroprotetores importantes. Alergias alimentares precisam ser identificadas.

Glúten e leite causam problemas em muitas pessoas, aumentando dores e desconfortos, inclusive intestinais. Pessoas que se expõem exageradamente a alimentos alergênicos e ultraprocessados possuem uma microbiota menos saudável. Por isso é que o tratamento da disbiose intestinal acaba sendo tão importante em doenças autoimunes. Falo mais sobre este tema aqui. Outros alimentos problemáticos incluem açúcar, alimentos com conservantes e corantes, soja transgênica, alimentos ricos em pesticidas (são cheios de metais pesados).

O azeite de oliva extra virgem deve ser utilizado (ao invés de óleo de soja, milho e canola), pois desativa vários genes inflamatórios. Nos alimentos adicione açafrão, outro potente antiinflamatório. Para redução da inflamação outra estratégia poderosa é o jejum. MARQUE UMA CONSULTA para que possa beneficiar-se da prática sem correr o risco de nenhuma carência nutricional que atrapalhe seu tratamento.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

A forma que comemos muda nossas emoções, nossas emoções mudam o que comemos

Uma emoção é um estado de sentimento mental e fisiológico que direciona nossa atenção e guia nosso comportamento. As emoções mudam de momento a momento e foram desenvolvidas, em grande parte, para nos ajudar a fazer julgamentos rápidos sobre estímulos e a orientar corretamente o comportamento apropriado em cada situação.

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Nossa resposta a uma emoção básica (raiva, nojo, medo, tristeza, felicidade) é imediata e rápida. Vemos uma criança correndo em direção à rua e disparamos atrás dela. Nosso coração dispara e a adrenalina é liberada. Por outro lado, nossa resposta a uma emoção secundária (ciúme, orgulho, vaidade, vergonha, culpa) é mais lenta pois são mais complexas.

Todas as emoções interferem na forma como comemos, que tipo de alimentos comemos e quanto comemos. O medo geralmente inibe a fome, o que faz sentido do ponto de vista biológico e evolutivo, porque na hora do medo temos que correr e não deitar na rede para digerir a feijoada.

Outras emoções primárias podem modular a alimentação em ambas as direções: algumas pessoas comem menos quando estão tristes, outras comem mais. Por outro lado, o que comemos afeta nossas emoções. Dietas pobres em ômega-3, triptofano, vitaminas do complexo B, magnésio e zinco, impactam negativamente o humor.

Existem 5 caminhos pelos quais as emoções afetam a alimentação: sensoriais ou afetivos, associativos, energéticos, neuroquímicos e farmacológicos.

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Caminho associativo: é a influência de nossas associações ou opiniões, possivelmente de experiências passadas com os alimentos a serem ingeridos. Por exemplo, o cheirinho de bolo da avó pode abrir o apetite por associarmos o aroma do alimento à momentos felizes. Mas associação também pode ser negativa. Por exemplo, uma pessoa pode rejeitar chuchu por ter experimentado na infância e vomitado. Uma pessoa que nunca come frituras pois considera-as péssima para a saúde, chega a uma festa faminta e só há salgados fritos. A pessoa pode comer e imediatamente ficar de mal humor.

Caminho sensorial-afetivo: descreve como a comida afeta o paladar, o que também influencia o humor. A sensação de doçura, por exemplo, é inatamente agradável, enquanto a amargura é inatamente aversiva. Os bebês mostram uma reação afetiva positiva quando expostos a soluções de sabor doce. O prazer melhora também o humor, mesmo antes dos nutrientes do alimento chegarem à corrente sanguínea ou ao cérebro. Por isso, muitas pessoas comem chocolates quando estão tristes.

Caminho energético: descreve a melhoria do humor quando uma pessoa faminta ingere comida. A restrição alimentar crônica severa pode até levar à depressão e ao estado emocional negativo constante.

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Caminho neuroquímico: descreve o efeito dos alimentos e seus nutrientes na produção de neurotransmissores. Por exemplo, carboidratos aumentam os níveis de serotonina e dopamina, reduzindo o estresse e gerando bem-estar. Discuto mais os aspectos neuroquímicos no curso online PsicoNutrição.

Caminho farmacológico: alimentos contém compostos que atuam como drogas no cérebro. Por exemplo, café, guaraná, refrigerantes a base de cola, cacau, chá verde possuem cafeína, que pode ter efeitos positivos e negativos, dependendo da dosagem e da tolerância individual. Dentro dos efeitos da cafeína destacam-se: melhoria do estado de humor, aumento da capacidade de concentração, inquietação, nervosismo, excitação, agitação.

Todos estes aspectos são importantíssimos e devem ser considerados igualmente. Uma dieta “limpa”, super saudável, que não considere os aspectos emotivos, associativos e energéticos dificilmente conseguirá ser mantida. Queremos ter saúde, mas também queremos ter prazer, queremos respeito à nossa cultura e experiências.

Processos cognitivos influenciam o comportamento alimentar

Higgs et al., 2017

dlPFC: córtex pré-frontal dorsolateral; COF: córtex orbitofrontal; vmPFC: córtex pré-frontal ventromedial.

O círculo externo na imagem acima (em laranja) fornece uma visão geral dos processos que operam antes de uma refeição: a expectativa de comer, a visão do alimento a ser consumido, e a interação entre quaisquer objetivos (como ter mais saúde), memória do sabor e o prazer da comida, a atenção aos sinais alimentares (fome) determinarão se os indivíduos começarão a comer e que tipo de comida escolherão.

O círculo do meio (em verde) representa os processos dentro da refeição que influenciam a quantidade consumida. As sensações de prazer e recompensa tendem a ir diminuir conforme nos alimentamos (a primeira garfada é mais gostosa que a última) e levam ao término da refeição. A saciedade compreende componentes hormonais, metabólicos, cognitivos e também de memória. A atenção ao processo de alimentação e o controle cognitivo também influenciarão no término da refeição.

O círculo interno (em vermelho) representa os processos que operam entre as refeições, por exemplo, a memória episódica de uma refeição influenciará as decisões sobre quando iniciar a próxima refeição. Registramos as refeições na “memória episódica” nas áreas do hipocampo e no córtex pré-frontal. Esses registros nos guiam inconscientemente nas decisões do quanto comer nas refeições seguintes.

Porém, imagina não dar atenção adequada a refeição, vendo televisão ou usando o celular. O cérebro não percebe com a mesma eficiência se já comeu, se não comeu, se foi bom, se não foi, se foi suficiente… E se não lembrar que comeu vai querer comer mais. Prestar atenção às refeições é uma forma de reduzir em até 40% o consumo calórico durante as refeições.

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