Hábitos que desaceleram o envelhecimento

Estamos expostos a pelo menos 700.000 até 2.000.000 de toxinas ambientais por dia. Essas toxinas podem ser encontradas nos alimentos que comemos, na água que bebemos, no ar que respiramos e nos produtos que colocamos em nossa pele.

Combinadas, as toxinas causam degeneração celular e aceleram o processo de envelhecimento, por dentro e por fora. Mas podemos nos proteger dessas toxinas prejudiciais e usar uma série de técnicas para retardar o envelhecimento e até revertê-lo. Em primeiro lugar, hidrate-se bem. Sem água você não conseguirá eliminar toxinas de forma eficiente.

O jejum intermitente é outro hábito antienvelhecimento fácil. Tente manter pelo menos 12 horas ao dia sem comida. Ou seja, se você comeu às 20h, fará a primeira refeição do dia após 8h da manhã. Pelo menos um dia na semana tente fazer um jejum de 16 horas. Se comer às 20h, sua primeira refeição será ao meio dia. O jejum estimula a renovação celular. Neste período de jejum você pode consumir chás e infusões de ervas sem açúcar, à vontade.

Quem dorme mal precisa jantar mais cedo, apagar as luzes, a TV e o celular (deixe-o na sala). Escrevi neste outro artigo 10 dicas para melhorar a qualidade do sono. Lembre também de reduzir o açúcar e carboidratos simples pois aceleram o processo de glicação e envelhecimento.

Fora isso, cuide muito bem do seu intestino. Pessoas que não evacuam diariamente tendem a ser mais inflamadas, ter mais problemas digestivos, produzir mais radicais livres, que aceleram o envelhecimento. Consuma mais fibras e polifenóis presentes em vegetais coloridos.

Por fim, relaxe e cultive relacionamentos positivos. Pessoas que vivem em relações tóxicas e abusivas estressam-se mais e isto acelera o envelhecimento. Aprenda a dizer não e a afastar-se do que não te serve. Adote práticas como yoga para reduzir a ansiedade e o estresse e fortalecer-se física, emocional e espiritualmente.

GANHE MASSA MAGRA
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Nutrição na doença de Machado-Joseph

A doença de Machado-Joseph (DMJ) iy ataxia espinocerebelar tipo 3 é uma doença degenerativa do sistema nervoso. Frequentemente confundida com a doença de Parkinson, pela dificuldade de coordenação de movimentos musculares voluntários e pela perda de equilíbrio.

Alguns pacientes desenvolvem fasciculações (espasmos) da face ou da língua, neuropatia ou problemas ao urinar, espasmos musculares, fraqueza, atrofia e sensações anormais, como dormência, formigamento, cãibras e dor nas mãos e pés. Diferentes sintomas e com distintas gravidades estão presentes, mesmo em membros da mesma família. Essa ampla gama de sintomas reflete o tipo específico de mutação que causa a DMJ: uma expansão repetida no código do DNA que varia em tamanho entre as pessoas afetadas.

Quanto mais longa a expansão, geralmente mais grave é a doença. Em outras palavras, expansões repetidas mais longas tendem a causar doenças que começam mais cedo na vida e mostram uma gama mais ampla de sintomas neurológicos. Na maioria dos indivíduos com DMJ, os sintomas geralmente começam entre a terceira e a quinta década de vida, mas podem começar na primeira infância ou mais tarde, pelos 70 anos de idade.

É uma doença progressiva, o que significa que os sintomas pioram com o tempo. A expectativa de vida varia de 30 anos para aqueles com as formas mais graves da doença e com início precoce até uma expectativa de vida quase normal para aqueles com formas leves e de início tardio.

O nome “Machado-Joseph” vem de duas famílias de ascendência portuguesa / açoriana que estiveram entre as primeiras famílias descritas com os sintomas, ainda na década de 1970. Todas as pessoas com DMJ têm a mesma mutação genética: uma expansão de repetição de DNA no gene ATXN3.

A causa de morte é a pneumonia aspirativa pela dificuldade de deglutição (disfagia). O tratamento da disfagia pode incluir terapia fonoaudiológica, medicação para tratamento de refluxo, mudanças na consistência da dieta, uso de terapia enteral, medicações ou injeções para relaxamento muscular.

O uso de óculos com prisma pode reduzir a visão turva ou dupla, causada pela degeneração progressiva dos músculos oculares. A fisioterapia pode ajudar os indivíduos a lidar com problemas de marcha. Recursos físicos, como andadores e cadeiras de rodas, podem ajudar as pessoas nas atividades diárias.

A sonolência diurna, uma queixa comum na DMJ (assim como os distúrbios do sono em geral), pode ser tratada com modafanil e deve exigir uma avaliação formal do sono. Outros problemas, como cólicas e disfunção urinária, podem ser tratados com medicamentos e cuidados médicos específicos.

Medicamentos usados no tratamento da epilepsia podem ajudar a atrasar o curso da doença (Vasconcelos-Ferreira et al., 2022). Com o mesmo mecanismo dos antiepilépticos estão as dietas cetogênicas.

Um estudo publicado em 2022 mostrou que a suplementação de triglicerídeos de cadeia média (TCM) na quantidade de 18g ao dia, por 3 meses, melhorou a marcha e o equilíbrio de pacientes idosos. Isto foi devido ao metabolismo da glicose suprimido no córtex sensório-motor no cérebro. Além disso, ressonância magnética e PET com 18F-fluorodeociglicose também confirmaram o aumento da conectividade funcional do hemisfério cerebelar ipsilateral (Mutoh et al. 2022).

Basicamente, o cérebro estava funcionando melhor e isso se traduziu em melhor movimento físico. Os MCTs (triglicerídeos de cadeia média) são únicos em comparação com outras gorduras, pois são rapidamente convertidos em corpos cetônicos. As cetonas são pequenas moléculas solúveis em água que são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica. Eles fornecem mais energia por unidade de oxigênio e produzem menos resíduos metabólicos, daí sua reputação como um supercombustível para o cérebro.

Conforme envelhecemos o uso de glicose para o cérebro torna-se menos eficiente. Por isso, açúcares e carboidratos simples devem ser reduzidos e corpos cetônicos aumentados. Uma forma de estimular a produção de corpos cetônicos é pela dieta cetogênica suplementada com TCM.

Tipos de TCM

Existem quatro tipos diferentes de TCMs:

  • Ácido capróico (C6): é o mais eficiente na absorção e absorção, mas tem um cheiro e sabor bastante ruins, quando isolado. Presente naturalmente no óleo de palma e laticínios integrais.

  • Ácido caprílico (C8) ou ácido octanóico: ajuda a manter o intestino saudável. Rapidamente absorvido. Aumenta corpos cetônicos na corrente sanguínea 3 vezes mais rápido que C10 e 6 vezes mais rápido que C12. Cheiro e sabor melhores do que C6. Presente naturalmente em marcas de TCM e no óleo de coco.

  • Ácido cáprico (C10): ajuda a manter o intestino saudável. Rapidamente absorvido, contudo 3 vezes mais lentamente que C8. Mas, a mistura nos produtos é interessante para manter os níveis de corpos cetônicos mais constantes no plasma. Presente naturalmente em marcas de TCM e no óleo de coco.

  • Ácido láurico (C12): ajuda a manter a microbiota saudável. Tem ação antifúngica. Leva mais tempo para ser absorvido e pode elevar mais os níveis de colesterol plasmáticos do que C8 e C10. Disponível naturalmente no óleo de coco e nos laticínios integrais.

Destes, C8 e C10 são os mais associados à perda de peso e encontrados em marcas como:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Alterações epigenéticas no autismo

O transtorno do espectro do autismo (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento com prevalência de aproximadamente 1,5% nos países desenvolvidos. Pessoas no espectro do autismo apresentam ampla variabilidade genética que desencadeia alterações comportamentais e fenotípicas únicas.

As manifestações clínicas são complexas e frequentemente percebida entre os 18 e os 36 meses de idade. Déficits de interação social, gama restrita de interesses e comportamentos estereotipados repetitivos são as principais características do TEA. Contudo, dependendo das apresentações, o diagnóstico clínico torna-se difícil, atrasando as terapias. A intervenção precoce também pode levar a uma melhor maturação neuronal.

O diagnóstico atualmente é feito a partir de observações e preenchimento de instrumentos como M-CHAT-R, ADOS e ADI-R. Embora a confiabilidade diagnóstica dessas entrevistas seja alta, essas ferramentas exigem um avaliador com experiência e treinamento específico.

Contudo, biomarcadores para detecção ainda mais precoce têm sido investigados, como complemento aos instrumentos de avaliação observacional. Dentre os biomarcadores propostos para detecção precoce do TEA estão: ressonância magnética para avaliação de conectividade funcional, carga genética, o volume aumentado do líquido cerebroespinhal, assinaturas transcriptômicas no sangue, níveis de citocinas alteradas, moléculas do metabolismo mitocondrial por exame de urina (metabolômica).

Outros estudos focam nos RNAs não codificantes (ncRNAs), sendo o mais estudado os microRNAs. Os microRNAs possuem aproximadamente 18 a 24 nucleotídeos e são responsáveis pela regulação da expressão gênica através de mecanismos epigenéticos.

Os miRNAs estão fortemente envolvidos na plasticidade neuronal e no desenvolvimento neuronal: Sua desregulação associa-se a transtornos do neurodesenvolvimento, epilepsia, esquizofrenia e síndrome de Tourette.

Para ser um biomarcador acessível, o miRNA deve ser capaz de ser isolado usando protocolos não invasivos, deve ser fácil de quantificar, específico para o distúrbio, capaz de ser traduzido de sistemas para modelos humanos e confiável como um indicador precoce do transtorno estudado.

Garrido-Torres e colaboradores (2023) conduziram uma revisão sistemática de 133 estudos (27 selecionados), para identificar quais miRNAs podem ser usados como biomarcadores para apoiar os métodos diagnósticos atuais. busca na literatura rendeu um total de 133 artigos relevantes, 27 dos quais foram selecionados.

Os miRNAs desregulados com mais frequência nos estudos analisados foram miR-451a, miR-144-3p, miR-23b, miR-106b, miR150-5p, miR320a, miR92a-2-5p e miR486-3p. Entre os miRNAs mais desregulados em indivíduos com TEA, o miR-451a é o mais relevante para a prática clínica e está associado à interação social prejudicada. Outros miRNAs, incluindo miR19a-3p, miR-494, miR-142-3p, miR-3687 e miR-27a-3p, são expressos diferencialmente em vários tecidos e fluidos corporais de pacientes com TEA.

Todos esses miRNAs podem ser considerados candidatos a biomarcadores de TEA. A saliva pode ser o fluido biológico ideal para medições de miRNA, porque é fácil de coletar em crianças em comparação com outros fluidos biológicos. Mais estudos estão sendo feitos nesta área e a promessa é que o barateamento do custo dos exames contribuirá para um diagnóstico mais precoce.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/