Você está sentindo cansaço exagerado, dores, dificuldades de digestão, tem problemas de pele ou outros sintomas chatos, que não sabe de onde vem? A inflamação crônica pode ser a causa. Ela é a raiz de muitos problemas de saúde. Começa devagarzinho, vai modificando o metabolismo e, se não fizermos nada, depois de um tempo começam a aparecer doenças.
Diferença entre inflamação aguda e crônica
Quando você bate o dedinho do pé na mesa, ele dói, pode inchar, ficar vermelho, sensível. Esta é a inflamação aguda. É sofrida mas é benéfica. O corpo agora está sabendo que algo diferente aconteceu e que seus tecidos precisam ser tratados e recuperados. Rapidinho o problema acaba e seu dedinho volta a desempenhar suas funções sem nem lembrarmos dele.
A inflamação crônica é diferente. Ela tende a ser leve porém dura muito. Pode ser desencadeada por alergias ou intolerâncias não tratadas, dieta inflamatória, exposição a toxinas, disbiose intestinal, estresse elevado. Estes fatores colocam uma carga excessiva no corpo, sobrecarregam o sistema imune, geram respostas que lesionam ao longo do tempo os tecidos.
O corpo vai dando sinais de que as coisas estão indo mal. Você pode sentir cansaço, dores de cabeça, enxaqueca, dores musculares ou nas articulações, problemas de pele, piora da memória, insônia, problemas gastrointestinais, ansiedade, depressão, alterações de humor, ganho ou perda de peso sem explicação, alterações hormonais, aumento da incidência de infecções, aceleração do processo de envelhecimento (com mais rugas ou cabelos brancos, por exemplo). É seu corpo dizendo: preste atenção, faça algo, durma melhor, cuide-se melhor!
Muitas vezes o corpo dá esses sinais antes de que qualquer alteração bioquímica (nos exames de sangue) apareçam. Contudo, com o passar da idade, as modificações nos marcadores tornam-se mais frequentes. A partir dos 45 anos é muito importante que os exames de rotina fiquem mais específicos, principalmente se a mulher possui fatores de risco familiares ou vulnerabilidades genéticas aumentadas.
Marcadores inflamatórios importantes
A inflamação crônica pode afetar todas as áreas do corpo, incluindo sistema digestivo, rins, fígado, pulmões, cérebro, sistema endócrino, saúde hormonal, coração, pele, músculos, ossos e cérebro. Vários marcadores laboratoriais podem ser investigados para que tenhamos uma ideia do que está acontecendo no corpo. Conheça alguns:
PROTEÍNA C-REATIVA ULTRA SENSÍVEL: este exame avalia uma proteína (CRP) produzida no fígado, especialmente em situações de inflamação. Aceita-se valores abaixo de 3 mg/L, mas o ideal mesmo seria que ficasse sempre entre 0 e 1 mg/L. Quanto mais baixo (0,01 mg/L, por exemplo), melhor.
HEMOGLOBINA GLICADA: desequilíbrios nos níveis de açúcar no sangue são uma causa importante de inflamação. Os níveis de hemoglobina A1C (HbA1C) correlacionam-se com obesidade, inflamação aumentada, diabetes, estresse e maior risco de doença de Alzheimer. O intervalo clínico aceitável fica entre 4,8 e 5,6, enquanto o intervalo ideal é de 4,5 - 5,2.
INSULINA EM JEJUM: o intervalo clínico para a insulina em jejum é de 2,6 - 24,9 uIU / ml e o intervalo ideal é de 1,0 - 5,0 uIU / ml.
FERRITINA SÉRICA: este exame é muito útil para detecção de anemia. Neste caso os níveis de ferritina aparecem baixos. Já quando aparecem altos indicam inflamação, doença hepática, autoimune ou oncológica. O intervalo ideal é de 50 a 150 para mulheres e 75 a 150 ng/mL para homens.
VHS: taxa de hemossedimentação é um teste útil para detectar inflamação. Refere-se à velocidade com a qual os glóbulos vermelhos do sangue descem em um tubo padronizado durante um período de uma hora. As taxas de ESR ideais para mulheres com menos de 50 anos estão entre 0 e 20 mm / h, homens com menos de 50 estão entre 0 e 15 mm / h, mulheres com mais de 50 estão entre 0 e 30 mm / h, homens com mais de 50 estão entre 0 e 20 mm / hr, e crianças entre 0 e 10 mm / hr.
Enzimas hepáticas: alterações tanto indicam problemas no fígado, vesícula, bile, rins, quanto indicam inflamação e problemas cardiometabólicos. A alanina aminotransferase (ALT) é uma enzima hepática. Níveis elevados podem indicar inflamação. Os níveis normais estão entre 10 e 26 IU / L. Aspartato transaminase (AST) aumenta durante os períodos de maior estresse hepático. Níveis elevados podem indicar inflamação. Os níveis normais estão entre 10 e 26 UI / L. A gama-glutamil transpeptidase (GGT) é uma enzima do fígado, pâncreas e rins. Níveis elevados podem indicar inflamação e doença hepática, geralmente devido ao alcoolismo e / ou vesícula biliar lenta ou obstrução do cálculo biliar. Os níveis normais estão entre 10 e 26 IU / L. Níveis inferiores a 10 UI / L podem ser uma indicação de deficiência de vitamina B6.
Painel de lipídios: o lipidograma é útil não só para avaliação dos níveis de gordura no sangue, mas também enquanto marcador de inflamação. Ter uma proporção equilibrada de LDL para HDL e triglicerídeos para HDL é essencial para a saúde. Idealmente, procuramos uma proporção de LDL: HDL de 3: 1 ou menos, sendo 2: 1 o ideal. Queremos ainda triglicerídeos (Tri) abaixo de 100 (ideal de 40 a 80) e uma proporção Tri: HDL de 2: 1 ou menos, sendo 1: 1 o ideal. Taxas mais altas podem indicar resistência à insulina e inflamação. Além disso: Colesterol VLDL: o intervalo ideal é de 5 a 30 mg / dl. Colesterol HDL: o intervalo ideal é de 55 a 80. Níveis acima de 100 podem indicar inflamação crônica ou infecção ativa no corpo.
OUTROS EXAMES DE INTERESSE
RDW - intervalo ideal de 11,5 a 13%
Homocisteína - intervalo ideal de 6 a 9 umol / L
Lactato Desidrogenase (LDH) - níveis ideais estão entre 140-180. Níveis acima de 180 indicam inflamação
Razão Neutrófilos-Linfócitos (NLR) - quando o corpo está lidando com uma inflamação crônica, com o tempo, os níveis de linfócitos caem e os de neutrófilos sobem, causando um desequilíbrio. NLR geralmente é medido com a contagem absoluta e queremos vê-lo em cerca de 1,2-2,0. Se você observar que o número de neutrófilos é mais do que o dobro da quantidade de linfócitos, é um sinal de inflamação crônica.