Saúde mental x bem-estar mental - cuidados desde a gestação

Bem-estar mental e saúde mental são dois conceitos relacionados, mas independentes. Saúde mental refere-se a sinais e sintomas específicos que causam sofrimento emocional significativo e persistente, que por sua vez afeta nossa capacidade de funcionar, processar informações e tomar decisões. A presença de tais sinais e sintomas indica problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, psicose, transtornos alimentares.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve a saúde mental como um componente integral e essencial da saúde de forma mais ampla, definindo-a como:

“Um estado de bem-estar em que um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar de forma produtiva e é capaz de dar uma contribuição para sua comunidade”.

Envolvida nessa noção de saúde mental, então, está a noção de bem-estar mental. Bem-estar mental refere-se a nosso senso de identidade e nossa capacidade de viver nossas vidas o mais próximo possível da maneira que queremos; um florescente bem-estar mental está associado a atingir nosso potencial, desenvolver relacionamentos fortes e fazer coisas que consideramos importantes e valiosas. Se você experimenta um baixo bem-estar mental por um longo período de tempo, é mais provável que desenvolva um problema de saúde mental.

Se você já tem um problema de saúde mental, é mais provável que tenha períodos de baixo bem-estar mental do que alguém que não tenha. Mas isso não significa que você não terá períodos de bem-estar. Em relação às crianças este bem-estar depende de uma atenção integral.

O cuidado com a saúde e bem-estar mental começam na gestação. No Brasil, a política nacional de atenção integral à saúde da criança foi instituída em 2015. Reúne um conjunto de ações e estratégias em busca do desenvolvimento integral desta criança, no plano físico, mental e emocional. Por isso, além da atenção à saúde que inicia-se na gestação, além de estratégias de estímulo ao aleitamento materno, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, a política também foca na prevenção de acidentes, na promoção de uma cultura de paz e redução dos casos de violência, nos cuidados dos mais vulneráveis e das crianças com necessidades especiais.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Flavonóide rutina reduz manifestação causadas pelo veneno da cobra jararaca

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A jararaca (Bothrops jararaca) é uma serpente encontrada no Brasil (do Rio Grande do Sul até à Bahia). Mede até 1,6m e seu veneno pode causar hemorragia e necrose no local da mordida e, em casos graves, gerar a amputação dos membros afetados.

O tratamento envolve o uso do soro antiofídico (antiveneno), antibióticos para combater bactérias que são passadas da serpente para a pessoa mordida (Morganella morganii, Providencia rettgeri, Enterobacter sp., Escherichia coli, Streptococcus, Bacteroides sp. etc), antiinflamatórios para combate à inflamação, plaquetopenia e neutrofilia.

A rutina diminui a resposta inflamatória, normalizando leucócitos e impedindo a diminuição dos níveis de fibrinogênios, embora não aumente os fatores plaquetários, representando um importante complemento terapêutico. Isto é importante pois assim podemos reduzir a dose de soro antiofídico necessária, até porque este não trata modificações no estado de oxi-redução. Assim, espera-se mais estudos em humanos neste sentido (Sachetto, 2018).

O que é a rutina?

A Rutina é um bioflavonóide obtido de plantas, especialmente a parte branca das frutas cítricas, como limão, laranja, grapefruit. Também é encontrada no trigo sarraceno, amoras, cereja, damasco. Apresenta ação protetora do endotélio vascular, ação antiinflamatória, antiedematosa.

Seu mecanismo de ação se dá através da inibição da COMT (Catecol-Oxi-Metil-Transferase) permitindo um aumento na duração da ação catecolaminérgica (aumento da resistência vascular que se soma ao efeito inibitório sobre a elastase e hialuronidase), o qual se conhece como efeito vitamínico P. A elastina e o ácido hialurônico são um dos componentes naturais do tecido conjuntivo, pelo que a inibição dessas enzimas aumenta a resistência das paredes vasculares (ação antifragilidade capilar).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Plantas alimentícias não convencionais na síndrome de Down

Hoje no X Simpósio internacional sobre trissomia 21 (T21) o professor Joaci de Castro LIma falou sobre as plantas alimentícias não convencionais (PANC). Para quem ainda não ouviu falar de PANC vou expandir o tema.

As PANC são espécies de hortaliças que nascem pelos quintais, naturalmente no meio do mato, e diversas delas são utilizadas em pratos regionais. É o caso do jambu na Amazônia, da vinagreira cuxá no Maranhão, da taioba no Espírito Santo e da ora-pro-nóbis em Minas Gerais.

A situação de desuso da maioria das PANC pelos segmentos da sociedade acarreta em fragilidade com relação ao risco de perda desses materiais. De acordo com a FAO (2004), no decorrer de milênios o ser humano baseou sua alimentação em mais de dez mil diferentes espécies vegetais. Atualmente, entretanto existem menos de cento e cinquenta espécies sendo cultivadas. Destas, apenas doze atendem oitenta por cento de nossas necessidades alimentares; e mais ainda, apenas quatro espécies – arroz, trigo, milho e batata – suprem mais da metade de nossas necessidades energéticas. Muitas espécies que estão em desuso já se perderam ou estão vulneráveis. Só que são muito nutritivas e deveriam voltar a ser consumidas. Por quê? Quais seriam os benefícios

  • As PANC nascem muito facilmente, sendo consideradas por muitos como ervas daninhas;

  • Por nascerem espontaneamente, para muitos é gratuita, basta saber procurar por aí e coletar;

  • Possuem valor nutricional diferenciado, em especial devido a compostos nutracêuticos superiores aos encontrados nas hortaliças “convencionais”;

  • São muito resistentes e não precisam de fertilizantes e pesticidas para cultivo;

  • São muito diversas e para todos os gostos;

  • Sua distribuição é enorme por todo o Brasil:

    • como a vitória régia da região norte. Suas folhas têm propriedades laxantes e cicatrizantes. As flores, sementes e rizomas são comestíveis. Outra planta do norte é a alfavaca do campo, com aroma semelhante à da noz-moscada. Já o cumaru tem sabor parecido com o da baunilha. O coentro do pasto é usado como condimento, sendo ótimo quelante de metais pesados. A moringa possui muitas propriedades medicinais, quela também metais pesados e é rica em proteína, vitamina C, caroteno e cálcio. A batata ariá também é uma PANC popular do norte

    • Na região nordeste há o maracujá vermelho, cacto pé de mamão (parece a pitaya), hortelã do norte, inhame (uma PANC já muito popular pelo Brasil), o caruru (que é rico em vitamina C, B6 e fibras).

    • Na região Centro-Oeste: ora-pro-nóbis (muito usada como cerca viva, mas também é comestível e rica em zinco e ferro), urtigão, gabiroba, a semente baru

    • Na região sudeste: alho silvestre, feijoa (uma fruta), taioba (rica em fibras, cálcio, magnésio, boro, ferro e vitamina C), feijão espada e melão-andino, beldroega (hortaliça de porte pequeno, com alto teor de beta-caroteno, vitamina C (antioxidantes), magnésio, zinco e até ômega-3.

    • Na região sul: peixinho da horta, arumbeva (um cacto), begônia (que dá flores comestíveis) e mentruz.

Na síndrome de Down as PANC podem ser muito interessantes para variabilidade do cardápio, barateamento das refeições, além de aumentar o aporte nutricional de micronutrientes protetores e adequados para imunidade, redução de inflamação e glicação. Estes vegetais são muito ricos e zinco, vitaminas e fitoquímicos antioxidante e com propriedades antiinflamatórias.

O melhor livro para quem quiser aprender mais sobre as PANC é este aqui.



Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/