Flavonóide rutina reduz manifestação causadas pelo veneno da cobra jararaca

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A jararaca (Bothrops jararaca) é uma serpente encontrada no Brasil (do Rio Grande do Sul até à Bahia). Mede até 1,6m e seu veneno pode causar hemorragia e necrose no local da mordida e, em casos graves, gerar a amputação dos membros afetados.

O tratamento envolve o uso do soro antiofídico (antiveneno), antibióticos para combater bactérias que são passadas da serpente para a pessoa mordida (Morganella morganii, Providencia rettgeri, Enterobacter sp., Escherichia coli, Streptococcus, Bacteroides sp. etc), antiinflamatórios para combate à inflamação, plaquetopenia e neutrofilia.

A rutina diminui a resposta inflamatória, normalizando leucócitos e impedindo a diminuição dos níveis de fibrinogênios, embora não aumente os fatores plaquetários, representando um importante complemento terapêutico. Isto é importante pois assim podemos reduzir a dose de soro antiofídico necessária, até porque este não trata modificações no estado de oxi-redução. Assim, espera-se mais estudos em humanos neste sentido (Sachetto, 2018).

O que é a rutina?

A Rutina é um bioflavonóide obtido de plantas, especialmente a parte branca das frutas cítricas, como limão, laranja, grapefruit. Também é encontrada no trigo sarraceno, amoras, cereja, damasco. Apresenta ação protetora do endotélio vascular, ação antiinflamatória, antiedematosa.

Seu mecanismo de ação se dá através da inibição da COMT (Catecol-Oxi-Metil-Transferase) permitindo um aumento na duração da ação catecolaminérgica (aumento da resistência vascular que se soma ao efeito inibitório sobre a elastase e hialuronidase), o qual se conhece como efeito vitamínico P. A elastina e o ácido hialurônico são um dos componentes naturais do tecido conjuntivo, pelo que a inibição dessas enzimas aumenta a resistência das paredes vasculares (ação antifragilidade capilar).

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Plantas alimentícias não convencionais na síndrome de Down

Hoje no X Simpósio internacional sobre trissomia 21 (T21) o professor Joaci de Castro LIma falou sobre as plantas alimentícias não convencionais (PANC). Para quem ainda não ouviu falar de PANC vou expandir o tema.

As PANC são espécies de hortaliças que nascem pelos quintais, naturalmente no meio do mato, e diversas delas são utilizadas em pratos regionais. É o caso do jambu na Amazônia, da vinagreira cuxá no Maranhão, da taioba no Espírito Santo e da ora-pro-nóbis em Minas Gerais.

A situação de desuso da maioria das PANC pelos segmentos da sociedade acarreta em fragilidade com relação ao risco de perda desses materiais. De acordo com a FAO (2004), no decorrer de milênios o ser humano baseou sua alimentação em mais de dez mil diferentes espécies vegetais. Atualmente, entretanto existem menos de cento e cinquenta espécies sendo cultivadas. Destas, apenas doze atendem oitenta por cento de nossas necessidades alimentares; e mais ainda, apenas quatro espécies – arroz, trigo, milho e batata – suprem mais da metade de nossas necessidades energéticas. Muitas espécies que estão em desuso já se perderam ou estão vulneráveis. Só que são muito nutritivas e deveriam voltar a ser consumidas. Por quê? Quais seriam os benefícios

  • As PANC nascem muito facilmente, sendo consideradas por muitos como ervas daninhas;

  • Por nascerem espontaneamente, para muitos é gratuita, basta saber procurar por aí e coletar;

  • Possuem valor nutricional diferenciado, em especial devido a compostos nutracêuticos superiores aos encontrados nas hortaliças “convencionais”;

  • São muito resistentes e não precisam de fertilizantes e pesticidas para cultivo;

  • São muito diversas e para todos os gostos;

  • Sua distribuição é enorme por todo o Brasil:

    • como a vitória régia da região norte. Suas folhas têm propriedades laxantes e cicatrizantes. As flores, sementes e rizomas são comestíveis. Outra planta do norte é a alfavaca do campo, com aroma semelhante à da noz-moscada. Já o cumaru tem sabor parecido com o da baunilha. O coentro do pasto é usado como condimento, sendo ótimo quelante de metais pesados. A moringa possui muitas propriedades medicinais, quela também metais pesados e é rica em proteína, vitamina C, caroteno e cálcio. A batata ariá também é uma PANC popular do norte

    • Na região nordeste há o maracujá vermelho, cacto pé de mamão (parece a pitaya), hortelã do norte, inhame (uma PANC já muito popular pelo Brasil), o caruru (que é rico em vitamina C, B6 e fibras).

    • Na região Centro-Oeste: ora-pro-nóbis (muito usada como cerca viva, mas também é comestível e rica em zinco e ferro), urtigão, gabiroba, a semente baru

    • Na região sudeste: alho silvestre, feijoa (uma fruta), taioba (rica em fibras, cálcio, magnésio, boro, ferro e vitamina C), feijão espada e melão-andino, beldroega (hortaliça de porte pequeno, com alto teor de beta-caroteno, vitamina C (antioxidantes), magnésio, zinco e até ômega-3.

    • Na região sul: peixinho da horta, arumbeva (um cacto), begônia (que dá flores comestíveis) e mentruz.

Na síndrome de Down as PANC podem ser muito interessantes para variabilidade do cardápio, barateamento das refeições, além de aumentar o aporte nutricional de micronutrientes protetores e adequados para imunidade, redução de inflamação e glicação. Estes vegetais são muito ricos e zinco, vitaminas e fitoquímicos antioxidante e com propriedades antiinflamatórias.

O melhor livro para quem quiser aprender mais sobre as PANC é este aqui.



Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Cobertura vacinal não é homogênea no Brasil

No último final de semana assisti ao X congresso internacional de saúde da criança e do adolescente e em uma das palestras me chamou a atenção as disparidades de acesso à vacinação pelo Brasil. Trabalho apresentado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

O Brasil possui um programa nacional de imunizações que contribuiu para a redução da morbimortalidade por doenças transmissíveis, como varíola, tuberculose, difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, hepatite, sarampo, caxumba e rubéola. A cobertura vacinal não tem sido perfeita ao longo dos anos nem entre as regiões:

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As regiões norte e nordeste são frequentemente as menos cobertas. O fato de sistematicamente estas regiões apresentarem cobertura insatisfatória gera maior vulnerabilidade nas crianças destes estados, principalmente aquelas dos estratos sociais mais pobres.

As vacinas com maior adesão foram BCG e hepatite B, ambas administradas logo após o nascimento.

As vacinas com maior adesão foram BCG e hepatite B, ambas administradas logo após o nascimento.

As disparidades na cobertura vacinal são um alerta para necessidade contínua de educação em saúde. São necessárias medidas como amplificação da oferta, mais campanhas de comunicação de massa, maior orientação por parte dos profissionais de saúde para adesão à puericultura, uso de lembretes aos pais, visitas domiciliares e outras ações de monitoramento e acompanhamento contínuo das crianças.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/