Farmacogenética e fitoterapia

Farmacogenômica (PGx), em um sentido amplo, refere-se ao estudo de variações de DNA ou RNA e sua relação com as respostas aos medicamentos, suplementos ou fitoterápicos, para melhor compreensão das diferenças interindividuais na eficácia ou segurança destes produtos. Nos últimos anos, testes genéticos têm sido cada vez mais realizados no tratamento de diversas condições de saúde para tornar a terapia proposta mais eficaz e segura. A farmacocinética (PK) e a farmacodinâmica (PD) são influenciadas por variações genéticas em genes que codificam enzimas metabólicas, transportadores de membrana e / ou receptores (He et al., 2017).

Plantas e medicamentos podem interagir, algumas vezes de forma benéfica, com aumento da eficácia do medicamento ou diminuição de seus efeitos colaterais potenciais. Por exemplo, a terapia combinada de alho (250 mg / kg) com captopril demonstrou maior ação sinérgica em relação à queda da pressão arterial e inibição da ECA. Pacientes que receberam silimarina (140 mg, três vezes ao dia) em combinação com a terapia convencional com desferrioxamina mostraram efeitos benéficos em pacientes com talassemia. No entanto, muitas vezes as interações são negativas. Por exemplo, a erva de São João (Hypericum perforatum) reduz significativamente as concentrações sanguíneas de medicamentos como ciclosporina, midazolam, tacrolimus, amitriptilina, digoxina, indinavir, varfarina, fenprocumon e teofilina (Liu et al., 2015)..

As enzimas CYPs (citocromos P450) podem ser induzidas por várias ervas. A superfamília das proteínas chamadas enzimas do citocromo (CYP) P450 é envolvida na síntese e no metabolismo de uma escala de componentes celulares internos e externos. O nome do “enzimas citocromo P450” é devido a suas diversas características; são limitados à membrana das pilhas (cyto) e contêm o pigmento do heme (cromo e P). Quando encadernadas ao monóxido de carbono, estas proteínas produzem um espectro com um comprimento de onda em aproximadamente 450 nanômetro. Um dos papeis mais estudados das enzimas CYP é sua função no metabolismo de medicamentos.

Família de CYPs - De todas as proteínas diferentes da CYP estas  são as mais importantes para o metabolismo de drogas: CYP1A2, CYP2C9, CYP2D6, CYP3A4, CYP3A5, CYP3A4 e CYP2D6.

Família de CYPs - De todas as proteínas diferentes da CYP estas são as mais importantes para o metabolismo de drogas: CYP1A2, CYP2C9, CYP2D6, CYP3A4, CYP3A5, CYP3A4 e CYP2D6.

A erva de São João diminuiu significativamente o nível plasmático estável de clozapina de 0,46-0,57 mg / L para 0,19 mg / L, após a descontinuação da erva de São João por um mês, a concentração de clozapina restaurada ao normal. Isto acontece pois a erva de São João pode interagir farmacocineticamente com a clozapina através da indução de várias enzimas CYP450, como CYP3A4, CYP1A2, CYP2C9 e CYP2C19, que são responsáveis ​​pelo metabolismo da clozapina. O Ginkgo biloba pode influenciar negativamente o efeito do medicamento antirretroviral Efavirenz (EFV) pois induz CYP2B6 e CYP3A4. Os quadros a seguir mostram interações entre ervas e medicamentos.

INTERAÇÃO ENTRE DROGAS E PLANTAS

Polimorfismos em genes relacionados a vias farmacocinéticas podem, entretanto, contribuir para diferenças na forma como as ervas interagem com medicamentos em cada pessoa. Atualmente exames farmacogenéticos estão disponíveis no mercado e podem ser solicitados a médicos, farmacêuticos ou nutricionistas.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

POR QUE A PRÁTICA DE YOGA NÃO ACABA COM A ANSIEDADE DE TODO MUNDO?

Muitas pessoas buscam os estúdios de yoga com objetivos como redução do estresse, da ansiedade ou para o tratamento da depressão. De fato, o yoga pode ajudar. Estudos mostram que a prática consistente ajuda na redução dos níveis de adrenalina e cortisol, hormônios do estresse. Mas yoga não é mágica. Existe, por exemplo, uma ligação entre ansiedade e genética. Algumas pessoas são naturalmente mais relaxadas do que outras.

Parte de exame genético de um de meus pacientes, diagnosticado com transtorno do espectro autista

Parte de exame genético de um de meus pacientes, diagnosticado com transtorno do espectro autista

Trabalho com muitas pessoas que sofrem de ansiedade. Podem ter condições de saúde (como autismo ou TDAH) que afetam a produção de neurotransmissores no intestino e no cérebro. Além dos genes mostrados acima, outros genes podem ser identificados como a (Catecol-O-metilatransferase). Quando a COMT funciona normalmente as pessoas rapidamente resolvem seu quadro de ansiedade. Porém, pacientes que apresentam mutações nesses genes têm uma menor capacidade de se acalmar e são mais propensos a episódios prolongados de ansiedade, depressão e TOC.

Outro gene que afeta o grau de ansiedade percebido é o GAD1 (ácido glutâmico descarboxilase). Quando esse gene está alterado, uma pessoa tem dificuldade em converter o ácido glutâmico (um neurotransmissor estimulante) em GABA (um neurotransmissor calmante). Neste caso a suplementação de GABA ou seus precursores é bem-vinda. Música, sono de qualidade e probióticos ajudam a modular a COMT.

Um terceiro gene é o MAO que degrada (decompõe) o neurotransmissor dopamina. Se o corpo não puder degradar a dopamina, uma pessoa terá um risco aumentado de desenvolver depressão, distúrbios de humor e agressividade. Estas pessoas não deveriam consumir alimentos que agitam ou inibem a MAO, como aqueles contendo cafeína (Petzer, Pienaar, & Petzer, 2013).

Pacientes com hipotireoidismo, doenças crônicas ou câncer também sofrem mais de ansiedade. Fora isso, o ambiente não ajuda. Somos constantemente estimulados pelo nosso entorno, pelo aparelho celular (telemóvel), pela TV, rádio… Estamos vivendo momentos desafiadores na política e na saúde pública. Nem sempre uma única hora de yoga, duas vezes por semana é capaz de modular o organismo.

O autocuidado como um todo é importante e envolve melhorias nos relacionamentos, alimentação antiinflamatória, suplementação para modulação de neurotransmissores, prática de atividade física, contato com a natureza, estratégias para gestão do estresse (como yoga e meditação), descanso e sonos adequados. Ou seja, não existe mesmo mágica e você precisará achar o CONJUNTO de estratégias que adequam-se melhor às suas características e necessidades. Estamos todos juntos e vamos ficar bem mas precisamos respirar e viver um dia de cada vez. Que estratégias estão funcionando melhor com você e te tirando da loucura?

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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Impacto da dieta na microbiota e no metabolismo

Nosso intestino precisa estar saudável para que possamos ser saudáveis. A microbiota de cada um depende de vários fatores como genética do hospedeiro, dieta, número diário de defecações, atividade física, tabagismo e uso de drogas. Uma microbiota metabolicamente saudável (principalmente alcançada por uma dieta rica em fibras, baixa gordura animal e baixa proteína animal) é ilustrada abaixo (a) e comparada a uma microbiota menos saudável (b).

As fibras da dieta (a) são fermentadas por bactérias que produzem substâncais como os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC ou SCFAs, em inglês). Os mesmos fornecem energia para as células intestinais e mantém o pH local mais baixo. uma fonte de energia adicional para os colonócitos e causa uma diminuição no pH luminal. SCFAs ligam-se ao receptor acoplado à proteína G (GPCR)-41 e GPCR-43 no intestino e, subsequentemente, induzem a secreção de peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) e peptídeo YY (PYY) que contribuem para o aumento do gasto de energia, redução da ingestão de alimentos e melhora do metabolismo da glicose e secreção de insulina.

Já a disbiose microbiana (b) induzida por uma dieta rica em gordura e proteína animal, vida sedentária, tabagismo, ingestão de álcool e defecação relativamente infrequente pode resultar em mucosa com vazamento, inflamação intestinal e sistêmica e produção reduzida de SCFAs, levando a menos hormônios intestinais sendo secretados. Uma microbiota disbiótica é frequentemente associada a um tempo de trânsito colônico prolongado, resultando em uma mudança no metabolismo do cólon levando ao aumento da quebra microbiana e aumento da fermentação de proteínas. Com isso, menos SCFAs são produzidos, o intestino fica mais inflamado e a pessoa mais compulsiva.

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O metabolismo muda, com aumento frequente da glicemia, do colesterol, da inflamação e do risco de doenças variadas, incluindo diabetes, doenças cardiovasculares, depressão, doenças autoimunes e até doença de Alzheimer. Por isso, cuidar do intestino é fundamental para noss saúde.

CUIDE DO INTESTINO E PREVINA DOENÇAS
Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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