Expectativas e realidade no desenvolvimento de crianças com síndrome de Down (trissomia do cromossomo 21)

A síndrome de Down é uma condição determinada geneticamente, sendo causada pela presença total ou parcial de três cópias do cromossomo 21. Crianças com síndrome de Down podem apresentar atraso no desenvolvimento psico-motor em relação à população típica. Pais de bebês com síndrome de Down precisam aprender muita coisa. Especialistas mostraram gráficos e tabelas e dirão coisas como: ele vai rolar aos 6 meses, ele vai andar aos 2 anos, vai usar o banheiro sozinho aos 7. Apesar destas categorias muitos pais sentem-se desanimados quando isto não acontece. Quando ainda estão esperando a criança caminhar aos 4 ou usar o banheiro com maior competência aos 14 ou 15. Estudo recém-publicado mostra exatamente isto. As crianças com síndrome de Down são muito diversas e ganham algumas competências rapidamente , enquanto desenvolvem outras em um ritmo muito mais lento (Ramos & Müller, 2020). A estimulação precoce é muito importante, a paciência também, já que cada indivíduo tem seu próprio ritmo.

Para além das questões relacionadas ao desenvolvimento físico muitas famílias também percebem comportamentos estereotipados em crianças com síndrome de Down. Como a prevalência de autismo é alta na síndrome de Down, a criança deve ser avaliada neste quesito. O estereótipo de pessoas com síndrome de Down serem anjos, sempre fáceis e felizes é questionável. Mas o diagnóstico do autismo na síndrome de Down não costuma ser fácil. O transtorno do espectro do autismo (TEA) pode ser confundido com ansiedade, com TOC ou outro transtorno. Além disso, crianças com síndrome de Down sociáveis raramente recebem o diagnóstico de autismo, mesmo tendo outras características do espectro. O problema é que o atraso no diagnóstico compromete o início do tratamento adequado e contribui para déficits persistentes na comunicação. Pessoas no espectro autista também podem ter maior dificuldade de destoxificação e dificuldades na digestão, absorção e metabolização de certos nutrientes, comprometendo o estado nutricional e a qualidade de vida.

Testes genéticos vem agora sendo utilizados no sentido de entender melhor polimorfismos nestes indivíduos, Falarei mais sobre este tema em novo vídeo do YouTube. Assine o canal para não perder. A empresa FULLDNA lançou um teste nutrigenético para estudar também o metabolismo de nutrientes na síndrome de Down.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Probióticos e outras condutas no tratamento do intestino irritável

Nos últimos 100 anos, nosso modo de vida mudou dramaticamente. O estilo de vida moderno e tecnologicamente avançado nos traz inúmeras vantagens como o acesso à vacinas, unidades de tratamento intensivo, medicamentos, internet. Contudo, as facilidades também refletem-se na alimentação. Uma parte substancial da população consome diariamente alimentos ultra processados, geneticamente modificados e cheios de pesticidas. Estima-se ainda que 47% da população brasileira seja sedentária, o que aumenta ainda mais o risco de doenças como ataques cardíacos, derrame, depressão, diabetes…

O estilo de vida agitado contribui ainda para o altos níveis de estresse, afetando não só os sistema nervoso mas também o trato digestivo. Além de gases, prisão de ventre e sensação de má digestão, o mal funcionamento intestinal tem sido ligado também ao desenvolvimento de diversas alterações como artrite, diabetes, eczema, falta de libido, dores e fadiga. Quando nosso intestino não é saudável, todo o corpo está em risco. Isso ocorre porque os sistemas digestivo, imunológico, nervoso e endócrino se comunicam e interagem entre si. Quando o intestino não está funcionando adequadamente, as atividades dos outros sistemas também ficam comprometidas.

Desequilíbrio bacteriano, infecções patogênicas e inflamação crônica causam estragos em nosso sistema digestivo, causando sintomas desconfortáveis, esgotando nossa energia e contribuindo para condições crônicas e doenças graves. O intestino secreta enzimas, digere, absorve, defende-se. Pode ser uma surpresa, mas o revestimento do intestino faz tudo isso com apenas uma célula de espessura. Essas células intestinais formam a barreira, conhecida como barreira intestinal, que nos separa do mundo exterior. microb

Quando nossa microbiota está desequilibrada, experimentamos uma inflamação que causa hiperpermeabilidade ao revestimento intestinal. Isso significa que irritantes e toxinas caem com maior facilidade na corrente corrente sanguínea, danificando nossas células e prejudicando a função do cérebro e de outros órgãos vitais. Além disso, toda vez que uma partícula ou patógeno indesejado entra na corrente sanguínea, uma resposta imune é desencadeada.

Cerca de dez trilhões de bactérias vivem no corpo humano. A parte mais vital da sua saúde gastrointestinal é justamente esta comunidade bacteriana, também conhecida como microbiota. As bactérias boas (probióticas) são importantes para a resposta imune contra espécies patogênicas. Contribuem também para a digestão saudável, fabricam vitaminas, enzimas, hormônios. A microbiota varia de pessoa para pessoa devido a diferentes condições ambientais, como tipo de parto, medicamentos, infecções e exposição tóxica. Além disso, higiene, idade e genética também afetam a microbiota.

Os distúrbios na microbiota intestinal normal levam à translocação bacteriana (crescimento excessivo de bactérias em partes não ideais do TGI), disfunção da barreira intestinal (hiperpermeabilidade) e disbiose intestinal (desequlíbrio entre microorganismos “bons” e “ruins”). Quando tais questões não são tratadas a inflamação instala-se em todo o corpo, o que aumenta o risco de condições como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn, artrite reumatóide, esclerose múltipla e colite ulcerativa. Tais condições costumam ser acompanhadas de gases, diarreia e/ou prisão de ventre, sensibilidades alimentares, dores nas articulações, cansaço, erupções cutâneas, ansiedade, depressão, mudanças de humor, dor de cabeça, enxaqueca, alterações na tireóide.

A síndrome do intestino irritável (SII) vem se tornando cada vez mais comum

As queixas gastrointestinais estão entre as questões mais comuns entre meus clientes. Um passo importante é identificar os gatilhos para estes problemas. Pode ser o estresse, o estilo de vida apressado, a falta de tempo para descanso, o comer em pé, a mastigação rápida, o baixo consumo de frutas e verduras, o alto consumo de alimentos ultraprocessados, o contato com metais pesados, alimentos alergênicos, pesticidas, promotores de crescimentos ou outros compostos químicos tóxicos.

Para reparar o intestino precisamos nos afastar do que não nos faz bem e nos aproximar do que cura. A diversidade bacteriana intestinal pode ser recuperada com o u so de probióticos, prebióticos, glutamina, fibras alimentares diversas e dieta antiinflamatória. O American College of Gastroenterology conduziu uma metanálise de mais de 30 estudos, que descobriram que os probióticos podem melhorar os sintomas gerais, além de inchaço e flatulência, em pessoas com síndrome do intestino irritável (Ford et al., 2014). Foi relatado que a cepa probiótica Bifidobacterium bifidum MIMBb75 adere particularmente bem às células intestinais e, portanto, pode ter uma vantagem em alterar a microbiota intestinal e aumentar a barreira intestinal.

Em um ensaio clínico publicado na Aliment Pharmacology & Therapeutics, o Bifidobacterium bifidum MIMBb75, uma vez ao dia, melhorou significativamente os sintomas gerais da SII, bem como os sintomas individuais da SII, incluindo dor abdominal, inchaço e urgência fecal (Guglielmetti et al., 2011). Estudo de 2020 revelou ainda que mesmo probióticos inativos aliviam os sintomas da SII. No ensaio clínico de oito semanas, duplo-cego e controlado por placebo, publicado na Lancet Gastroenterology, os pesquisadores observaram uma melhoria de 30% ou mais da dor abdominal, inchaço, satisfação do movimento intestinal e qualidade de vida com o Bifidobacterium bifidum MIMBb75 em comparação com o placebo (Andresen, Gschossmann, & Layer, 2020). Os probióticos inativos têm várias vantagens potenciais sobre os probióticos ativos. Por exemplo, é mais provável que sejam estáveis, principalmente se expostos a calor excessivo. Probióticos inativos também são mais fáceis de padronizar do que probióticos ativos, além de serem mais seguros para pacientes com hiperpermeabilidade.

Outras condutas que melhoram o funcionamento intestinal

Alimentos e suplementos com propriedades anti-inflamatórias e calmantes também podem contribuir para a redução dos sintomas da SII. O extrato de aloe vera tem sido muito utilizado por inibir a produção de citocinas pró-inflamatórias - moléculas que promovem a inflamação. Além disso, os extratos de aloe vera reduzem os níveis de ácido gástrico no estômago, impedindo mais danos ao intestino com hiperpermeável.

O gengibre reduz os gases intestinais e acalma o trato intestinal, promovendo a motilidade e aumentando a produção de bile. Reduz a inflamação, traz alívio para a dor de garganta e o esôfago doloroso associado, por exemplo, ao refluxo.

O açafrão é uma das especiarias mais utilizadas em todo o mundo. É rico em antioxidantes e compostos anti-inflamatórios. Tudo isso graças ao seu ingrediente ativo, a curcumina - que também possui propriedades antiviral, antibacteriana e anticâncer. Também é eficazmente usado para tratar azia, inflamação e úlceras estomacais.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

GENÔMICA NUTRICIONAL NA SÍNDROME DE DOWN

O quadro a seguir mostra apenas alguns dos genes do cromossomo 21. Eu, você e qualquer pessoa com síndrome de Down temos estes genes. E, neles, podemos ter variações que aumentam o risco de doenças, como diabetes tipo 1, Alzheimer ou leucemia. A forma mais frequente de síndrome de Down é a trissomia livre em que observamos  no genoma três cromossomos 21 completos, ao invés de dois (95% dos casos).

Existem também aqueles com síndrome de Down com um par de cromossomo 21 e outro pedaço mais ou menos grande de um terceiro cromossomo 21, que pode vir colado ao cromossomo 14 ou 22 ou outro (3,5% dos casos). Por fim, existe o mosaicismo, no qual algumas células possuem 47 cromossomos e outras 46, em diferentes proporções (1,5% dos casos). Esta variabilidade, associada aos diversos polimorfismos genéticos faz com que nenhuma pessoa com síndrome de Down seja igual à outra. E, por isso, a suplementação que faz bem à uma pessoa pode não gerar efeitos ou ser prejudicial para outra.

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Pensando nesta complexidade toda desenvolvi com a FULLDNA um painel genético específico para pessoas com síndrome de Down. Este painel é o único do mundo a considerar a trissomia do cromossomo 21. Criamos um modelo estatístico capaz de prever com maior exatidão possíveis riscos e melhores formas de modulação epigenética visando a redução dos mesmos. 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/
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