O que é um alimento ultraprocessado?

O processamento dos alimentos deu à dieta humana maior flexibilidade. Por exemplo, a transformação do trigo em pão e outros produtos mais duráveis permitiu a alimentação de pessoas em locais sem acesso a alimentos frescos. A pasteurização do leite o tornou mais durável e seguro. O problema não está no consumo de alimentos processados mas sim no exagero, na ingestão excessiva de alimentos potencialmente inflamatórios, cheios de corantes e conservantes e na eliminação de alimentos in natura da dieta. Alem disso, há diferença entre alimento processado e ultraprocessado. Você conhece?

Alimentos processados são fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar. São produtos derivados diretamente de alimentos e são reconhecidos como versões dos alimentos originais. Exemplos: vegetais enlatados, frutas em calda, pães.

Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes).

Exemplos citados no Guia alimentar para a população brasileira (2014) incluem  biscoitos, sorvetes, balas e guloseimas em geral, cereais açucarados para o desjejum matinal, bolos e misturas para bolo, barras de cereal, sopas, macarrão e temperos ‘instantâneos’, molhos, salgadinhos “de pacote”, refrescos e refrigerantes, iogurtes e bebidas lácteas adoçados e aromatizados, bebidas energéticas, produtos congelados e prontos para aquecimento como pratos de massas, pizzas, hambúrgueres e extratos de carne de frango ou peixe empanados do tipo nuggets, salsichas e outros embutidos, pães de forma, pães para hambúrguer ou hot dog, pães doces e produtos panificados cujos ingredientes incluem substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos.

Os alimentos ultraprocessados são os menos adequados à saúde pois a indústria de alimentos utiliza muito mais sal, gordura, açúcar, realçadores de sabor, conservantes, corantes e edulcorantes. Por isto, o ideal é que a cozinha esteja sempre cheia de “comida de verdade”. Ou seja, o tipo de alimentos que cresce na terra, que apodrece se não for refrigerado ou que têm prazo de validade curto. Em todo o mundo pessoas que consomem mais frutas e verduras vivem melhor. Comer mais frutas e verduras também liberta a dispensa do óleo de palma, do xarope de frutose e de adoçantes artificiais como: aspartame, sacarina, sucralose, Equal, NutraSweet, Splenda, Sweet'NLow. 

Quem tem uma dieta a base de processados vive de olho nos rótulos dos alimentos. Que biscoito tem mais calorias, esse ou aquele? Que molho tem mais sal, este ou o outro? Que iogurte tem mais açúcar? Já quem consome uma dieta a base de alimentos in natura, não embalados, como nozes, castanhas, batata doce, frutas, verduras não vai ter que se preocupar com rótulo algum. Olha como a vida fica mais fácil! 

Classificação dos alimentos de acordo com o grau de processamento

Em 2009 o professor Carlos Monteiro e o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) propôs uma nova classificação dos alimentos. No lugar dos macronutrientes (proteína, lipídios, carboidratos) e de micronutrientes (vitaminas e minerais), entrou em cena o grau de processamento. A classificação NOVA, como é chamada, divide os alimentos em quatro grupos. Os três primeiros têm sido a base da alimentação humana por muitos séculos: alimentos não processados ou minimamente processados, ingredientes culinários processados e alimentos processados. E o quarto grupo, constituído por formulações industriais de substâncias derivadas de alimentos e aditivos cosméticos, chamadas de alimentos ultraprocessados.

A nova classificação aponta a indústria como uma das grandes responsáveis pela epidemia mundial de obesidade que explodiu nas últimas décadas (Monteiro et al., 2018). O professor Carlos Monteiro vem sendo duramente atacado pela indústria alimentícia, que não gostaram da classificação. Mas vários grupos de pesquisa do mundo voltaram o olhar aos ultraprocessados e, desde então, não param de elencar evidências científicas sobre a associação entre o consumo e as doenças crônicas não transmissíveis (diabete, hipertensão, câncer). Recentemente, o Instituto Nacional do Câncer afirmou haver evidência sólida de correlação entre a obesidade e 13 tipos de câncer. Atualmente, o que de melhor podemos fazer pela nossa alimentação é simplificá-la e fugir dos alimentos ultraprocessados.

Estudo com mais de 450.000 pessoas de 10 países europeus mostrou que a redução de 10% dos alimentos ultraprocessados (refrigerantes, balas, sorvetes, alimentos defumados etc) reduz risco de câncer de cabeça, pescoço, esôfago, intestino, mama... (Kliemann et al., 2023).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Bolo de domingo: brownie sem leite

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Muita gente não se dá bem com leite e seus derivados. Se este é seu caso e quiser mesmo consumir laticínios, use como um tempero, não consumindo mais que uma colher de sopa de iogurte, nata ou requeijão ao dia. Nas receitas faça substituição de ingredientes. Veja estes dois exemplos de brownies sem leite

Receita 1

- 1 ovo caipira inteiro;
- 30g de inhame cozido e amassado (pode ser substituído por batata doce ou biomassa de banana verde);
- 1 colher de sopa rasa de farinha de linhaça (pode ser de chia ou de amêndoas);
- 1 col de sobremesa rasa de pasta de amendoim;
- 1 colher se sobremesa cheia de manteiga ghee ou óleo de coco;
- 1 colher de sopa cheia de cacau em pó;
- 3 colheres de sopa de leite de coco (ou amêndoas);
- 2 colheres de sopa de whey protein isolado sabor chocolate (ou proteína vegana isolada);

Misture tudo até formar uma pasta cremosa e homogênea. Coloque em forno pré-aquecido a 180 graus por 15 minutos.

Receita 2

- 300 g de chocolate preto picado
- 2 colheres de sopa de óleo de coco
- 230 g de abacate maduro sem casca nem caroço
- 150 g de mel
- 3 ovos
- 60 g de cacau em pó sem açúcar
- 50 g de farinha de coco
 
Pré-aqueça o forno a 200ºC. Forre uma forma quadrada com papel vegetal. Derreta o chocolate e deixe-o a parte. Enquanto espera, coloque o abacate descascado dentro de um liquidificador e bata até assumir a consistência de um purê macio. Assim que o chocolate estiver à temperatura ambiente, misture o abacate e o mel. Junte os ovos, um de cada vez, mexendo bem antes de adicionar o ovo seguinte. Coloque a farinha de coco e o cacau e mexa até que a massa fique homogênea. Despeje a massa na forma e espalhe-a bem, alisando o topo. Leve ao forno, durante 12 a 15 minutos, até que a parte de cima esteja firme. Retire do forno e deixe esfriar completamente antes de cortar.

Bom apetite!

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Por que vomitamos, mas os coelhos não?

Como nos defendemos dos microorganismos presentes no meio ambiente? A pele, o tecido subcutâneo, o trato digestório (digestivo, em Portugal) e o sistema respiratório isolam o meio externo e o meio interno. Filtram o que será absorvido e o que não será absorvido. Temos também um sistema a imunológico cheio de células especiais que nos protegem também.
Quando encontramos algo muito estranho podemos sofrer com vômitos, diarreias ou alergias. Falo mais sobre o tema no vídeo de hoje:

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/