Filtro alcalinizador da água: precisamos comprar?

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O pH do sangue varia entre 7,35 e 7,45. A acidose é a condição em que o pH sanguíneo cai para menos de 7,35. Um pH abaixo de 7,1 é uma emergência médica e deve ser tratada rapidamente com bicarbonato intravenoso.

Há um tempo muitos vídeos e posts na internet vêm falando da importância das pessoas ingerirem água alcalina. Defendem que nosso sangue está ácido, que respirar acidifica, viver acidifica, se estressar acidifica gerando na população fadiga, fraqueza muscular, dores abdominais, náuseas, vômitos, comprometendo a respiração.

As empresas de venda de filtros (R$1.500 a R$ 2.500) aproveitaram a neurose geral e foram as primeiras a defender: "quer viver mais? Compre meu filtro e beba apenas água alcalina". É verdade: existem estudos mostrando que o consumo de água alcalina poderia reduzir a produção de substâncias inflamatórias (Ara et al., 2017).

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Porém, outros trabalhos mostram efeitos bastante controversos da água alcalina. Nosso corpo na verdade possui formas de se equilibrar. E não acredite em pessoas que prometem a cura, como a do câncer, com uma única estratégia. O tratamento do câncer em geral envolve modificações de estilo de vida, uso de drogas, radioterapia, além de cirurgias.

No caso do câncer existem estudos mostrando inclusive que os ácidos não são tão vilões assim. Por exemplo, o uso de vitamina C (ácido ascórbico) acidifica as células cancerígenas contribuindo para a redução de seu tamanho. 

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Colocar todas as suas apostas na água não parece uma boa ideia. Até porque o efeito de um alimento ou uma bebida não é tão direto em nosso organismo. Por exemplo, o limão tem o pH ácido (2,4), mas seu efeito no corpo é alcalinizante, devido à grande quantidade de sais minerais (como potássio e magnésio) presentes na fruta. Já carnes, assim como laticínios (6,5) tem um pH alcalino mas o efeito no corpo é acidificante. Isto se dá pelos produtos metabólicos gerados quando os aminoácidos caem na corrente sanguínea, como amônia, composto que acidifica o sangue.

O consumo exclusivo de água alcalina também poderia atrapalhar a digestão já que modifica o pH naturalmente ácido do estômago, atrapalhando a produção de pepsina e a quebra das proteínas. 

Se você quer alcalinizar mesmo o sangue a melhor estratégia é aumentar a ingestão de alimentos ricos em magnésio, potássio e cálcio, presentes nas frutas e verduras. Pingue limão ou laranja na sua água para um efeito alcalinizante natural. Quanto ao filtro, a escolha é sua.

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Tratamento nutricional da fenilcetonúria

A fenilcetonúria é uma doença genética rara na qual a criança nasce sem a capacidade de quebrar adequadamente moléculas de um aminoácido denominado fenilalanina. Uma pessoa com fenilcetonúria nasce com a atividade prejudicada da enzima fenilalanina hidroxilase que converte fenilalanina em tirosina. Com isso, a fenilalanina acumula-se no sangue gerando vários problemas de saúde, como alterações no crescimento, hiperatividade, convulsões, problemas comportamentais, deficiência intelectual, microcefalia e dermatite.

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A fenilcetonúria (PKU) foi inicialmente pela primeira vez em 1934 pelo médico norueguês Asbjorn Fölling. A doença pode ser diagnosticada pelo teste do pezinho após as primeiras 48 horas de vida. O diagnóstico é feito pela detecção de altos níveis sanguíneos do aminoácido fenilalanina (acima de 120μM/l ou 2mg/dl).

O único tratamento disponível é a dieta com teores limitados de fenilalanina. Alguns alimentos deverão ser excluídos da dieta como carne vermelha, carnes brancas, peixes, laticínios, ovos, carnes embutidas, trigo, grão de brico, feijão, ervilha, lentilha, soja, castanhas, nozes, amendoim, avelã, amêndoas, pistache, pinhão, adoçantes a base de aspartame, alimentos dietéticos que contenham aspartamente.

São permitidos na dieta a maior parte das frutas, verduras,  gorduras e fórmulas industrializadas especiais livres de fenilalanina. Um nutricionista deverá ser consultado para montar um cardápio que consiga suprir as necessidades diárias de nutrientes do paciente com fenilcetonúria.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Uso de ervas e temperos reduz o risco de câncer

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O câncer é uma doença multifatorial. Seu desenvolvimento pode ser desencadeado por fatores internos (genéticos) ou fatores externos. 

Os fatores externos são classificados em 5 grupos:

Grupo 1 - Substâncias causadoras de câncer. Atualmente 120 substâncias fazem parte deste grupo como acetaldeído, aflatoxinas, alumínio, arsênico, asbestos, benzenos, benzopirenos, álcool, formaldeído, helicobacter pylori, vírus da hepatite B e C, HIV-1, HPV, radiação ionizante, carnes processadas, plutônio, rádio-224, rádio-226, rádio-228, rádio-222, infecção por Schistosoma haematobium, radiação solar, tamoxifeno, tabaco, radiação UV, radiação X e gama. 

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Grupo 2a - Prováveis carcinogênicos. Atualmente 81 substâncias fazem parte deste grupo como acrilamida, esteródies androgênicos anabólicos, cloral, cloramfenicol, cobalto, dietil sulfato, dimetil sulfato, glifosato, malária, chumbo, nitropireno, nitrotolueno, carne vermelha, tetrafluoroetileno, bebidas muito quentes (acima de 65oC), DDT.

Grupo 2b - Possivelmente carcinogênicos. Atualmente 299 substâncias fazem parte do grupo incluindo: fenobarbital, para-aminoazobenzeno, ácido dimetilarsênico, fenolftaleína, ácido dicloroacético, naftalina, nitrobenzeno, furan.

Grupo 3 - Sem classificação (poucas pesquisas ou pesquisas inconclusivas). Atualmente 502 substâncias fazem parte deste grupo incluindo: fenilbutazona, 6-mercaptopurina, reserpina, actinomicina D, sulfametazina, colesterol, metotrexato, nitrofural, anilina, ampicilina, etileno, cloroetano, bromoetano, ácido acrílico, fenantreno, eugenol.

Grupo 4 - Provavelmente não carcinogênicos: caprolactama, composto usado na produção de nylon-6.

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Como podemos perceber existem muitos compostos carcinogênicos e provavelmente carcinogênicos aos quais estamos expostos. Desta forma, além de minimizar a exposição precisamos de estratégias que reduzam o risco destas substâncias se tornarem bioativas causando câncer.

Ervas e temperos atuam reduzindo a : (1) ação de micróbios, (2) oxidação de membranas (perda de elétrons), (3) inflamação; (4) bioativação de carcinógenos; (5) tumorigênese (formação de tumores).

Traduzido por Andreia Torres de Kaefer, & Milner, 2008

Traduzido por Andreia Torres de Kaefer, & Milner, 2008

Muitas ervas e temperos são ricos em compostos fenólicos com ações antioxidantes, antiinflamatórias, anticancerígenas, antifúngicas, antibacterianas e antiparasitárias, como as mostradas na tabela a seguir:

Traduzido por Andreia Torres de Opara e Chohan, 2014.

Traduzido por Andreia Torres de Opara e Chohan, 2014.

Utilize mais temperos frescos em suas preparações. Seguem algumas combinações em pratos vegetarianos e não vegetarianos:

  • Açafrão: intensifica o sabor de molhos, carne vermelha, frango, peixes, arroz, sopas, legumes e verduras cozidos.

  • Alecrim: pães, sopas, carnes, molhos e legumes.

  • Cravo: doces (banana, abóbora, canjica), conservas, carne de caça, purê de legumes (batata doce, beterraba, cenoura, abóbora).

  • Canela: doces, purê de banana, purê de maçã, bolos, pães, biscoitos, carne moído, molho de carne.

  • Coentro: camarão, molhos à base de limão, moquecas de peixe e frutos do mar.

  • Semente de coentro: podem ser usadas cruas, tostadas, inteiras ou moídas. Podem ser usadas em temperos que combinam com carnes, cogumelos, bolos, tortas, biscoitos e compotas e frutas.

  • Endro: marinar pescados, aromatizar molhos e dar potência a conservas de peixes e legumes, picles, vinagres e maioneses.

  • Gengibre: sucos, caldos, sopas, molho para salada, frutos do mar, legumes, quentão.

  • Hortelã: chás, sucos, molhos, geleias, assados e grelhados.

  • Louro: sopas, peixes, feijão, legumes e lombo assado.

  • Manjericão: molhos e carnes em geral.

  • Noz-moscada: com abóbora, com sopas, no espinafre, em massas, caldos, molho branco, risotos, pratos indianos, tortas, bolos, pudins, doces com baunilha, cappucchino, café com leite, leite de soja.

  • Orégano: pizzas, saladas com tomate e pratos à parmegiana.

  • Salsinha: bolinhos, ensopados, recheios de tortas, sopas, caldos, filés grelhados, sopas quentes e frias, purê e salada de batatas.

  • Sálvia: combina com carne de porco, pato, ganso, aves, canja, cebola, tomate, cogumelos, berinjela, panquecas, pães, biscoitos, polenta, pratos com batata e massas.

  • Tomilho: carnes, feijão, sopas, saladas, frutos do mar, patês, legumes e frutas na forma de compotas, molho de tomate.

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