Fatores que influenciam nossos hábitos alimentares

Os hábitos alimentares de uma pessoa caracterizam a forma como ela se alimenta e como prepara o cardápio que será consumido. São vários os fatores que influenciam estes hábitos alimentares.

Dentre os fatores estudados estão os individuais (genética, renda, estilo de vida, conhecimentos sobre nutrição), sociais (apoio, influências, normas sociais), ambiente (moradia, vizinhança, escola e trabalho, acesso a restaurantes, supermercados etc), ambiente macro (valores culturais, sistema alimentar, sistema de saúde, políticas públicas). Vejamos alguns destes fatores que afetam os nossos hábitos alimentares:

  • Influências culturais.

Os hábitos alimentares no Brasil sofreram diversas influências por parte das pessoas responsáveis pela colonização do país em diversos momentos e locais. Portugueses, espanhóis, indígenas, africanos, alemães, japoneses, árabes e tantos outros povos influenciaram a nossa culinária e o que hoje comemos. Dependendo das suas influências talvez você esteja acostumado a consumir mais vegetais, ou peixes, ou tubérculos...

  • Genética

Algumas pessoas sentem mais fome, outras sentem menos fome. Uma das razões é a herança genética. Apesar de não podemos mudar a base da nossa estrutura física, podemos fazer escolhas saudáveis para termos um corpo saudável e desenvolvermos grande respeito por nossa história, ancestralidade e corpo atual.

  • Recompensa e castigo

Muita gente teve a experiência na infância de que só poderia comer a sobremesa se limpasse o prato do almoço. Doces poderiam ser recompensa ou castigo. Durante a vida continuamos a nos castigar, comendo menos quando estamos insatisfeitos com o corpo, comendo coisas menos saudáveis quando somos legais e "merecemos" algo diferente. Os nossos pensamentos influenciam os nossos sentimentos, nossas reações e nossas escolhas alimentares.

  • Sensação de fome e saciedade

Deveríamos comer quando temos fome e não comer quando estamos saciados. Mas pouca gente come apenas quando tem fome. O alimento muitas vezes entra na nossa vida quando estamos estressados, chateados, entediados, quando queremos conforto, carinho ou amor. Mas quando vivemos no piloto automático, não resolvendo questões internas e substituindo a falta de algo por comida, não só acumulamos gordura, como alteramos a capacidade natural do corpo em perceber as sensações de fome e saciedade. Estas sensações são muito importantes para nossa saúde. Não é que nunca possamos comer algo só por gula ou prazer, mas quando isso passa a ser o comum e não o eventual o corpo sofre.

  • Sedentarismo

Pessoas mais ativas tendem a se alimentar de forma mais saudável, tendem a ter mais consciência corporal, a ouvir mais as próprias necessidades, fazendo melhores escolhas. Adote um estilo de vida saudável. Menos tempo em frente à TV também reduzirá sua exposição a propagandas de alimentos e bebidas industrializadas. Você sabia que quanto mais as pessoas assistem a estes comerciais mais consomem alimentos ultra-processados e ruins para a saúde?

  • Pressão social

Comer com a família e cos amigos é maravilhoso, mas quando estamos com pessoas que sempre escolhem pizza, sorvete, alimentos fritos, bebidas alcoólicas ou alimentos processados temos a tendência a também comer mais destes itens. Por outro lado, se estamos com pessoas que consomem mais alimentos naturais, mais frutas e verduras também tendemos a optar por este tipo de alimento com mais frequência. Provavelmente você já foi na casa de um parente que disse: "mas você vai comer só isso?", quando na verdade você já está mais que satisfeito. A pressão social pode acabar afetando o que comemos e também a quantidade de comida que ingerimos.

  • Condição econômica

Quando você tem mais dinheiro pode se dar ao luxo de escolher os alimentos mais saudáveis, pode comprar mais frutas e verduras orgânicas, ir a restaurantes cujos cardápios oferecem mais opções nutritivas. Mas quando o dinheiro aperta as restrições aumentam e a qualidade da dieta pode sofrer.

  • Preguiça

Receba a newsletter semanal. Dra. Andreia Torres é nutricionista, mestre em nutrição, doutora em psicologia clínica, especialista em yoga.

Mesmo pessoas disciplinadas às vezes chegam em casa cansadas e pensam: "não aguento cozinhar hoje, vou ligar pra pizzaria". Por isso, programar o que vai comer durante a semana é uma das estratégias importantes para quem precisa controlar o peso, para quem tem alguma restrição devido a um problema de saúde ou simplesmente para que quem quer sempre comer de forma mais saudável. Preparar alimentos nutritivos com antecedência, congelar algumas coisas, fazer marmitinhas são estratégias possíveis para quem tem pouco tempo para se dedicar à cozinha.

  • Qualidade do sono

Pessoas que dormem muito tarde tendem a produzir mais cortisol, um hormônio que aumenta a compulsão e o estoque de gordura no organismo. Observe se não está dormindo menos do que seu corpo necessita para se reparar e se manter em equilíbrio.

  • Estresse

Hormônios do estresse afetam a digestão, aumentam o desejo por carboidratos, aceleram o acúmulo de gordura no corpo e geram catabolismo (perda) muscular. No mundo corrido em que vivemos é importante que cada um descubra a melhor estratégia para relaxar. Atividade física, meditação, yoga, técnicas de mindfulness (atenção plena), mais horas de sono, passeios na natureza, saídas com os amigos, leitura, música, brincadeiras são algumas das estratégias que podem funcionar para você. 

Que fatores mais afetam seu consumo alimentar? Alguns destes ou outros?

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Série alimentação consciente (vídeo 3): não siga as modas

No terceiro vídeo da série alimentação consciente falo das dietas da moda (aquelas que não prestam).

Dez dicas de alimentação consciente para quem quer emagrecer:

  1. Escute seu corpo: antes de colocar um monte de comida no seu prato pare por um momento e verifique se está com fome. Se estiver com fome, pergunte-se: qual é o tamanho da sua fome?
  2. Use pratos menores. Quando vamos ao self-service e pegamos aquele pratão gigante acabamos colocando mais comida e comendo mais. Em casa também use pratos menores. O visual é importante. Um pratão grande que parece vazio vai te deixar menos satisfeito do que um prato pequeno que parece cheio!
  3. Seja esperto quando for comer fora. Vão querer te empurrar entrada, pãezinhos, prato principal, sobremesa. Pode até estar barato, mas você precisa? E não tenha vergonha de pedir para embalar se a fome acabou e a comida sobrou!
  4. Deixe as travessas na cozinha. Mesa posta é bonito mas quando estamos ali sentados em frente às travessas acabamos repetindo e comendo mais. Sirva-se na cozinhe, guarde o que sobrou e mastigue bem o que escolheu para por no prato.
  5. Coma sempre na mesa. Quando comemos em frente à TV, trabalhando no computador ou envolvidos em outras atividades acabamos ingerindo calorias extras sem nem perceber.
  6. Beba água. A hidratação é super importante para quem quer emagrecer. Um cérebro desidratado confunde-se e solicita comida. 
  7. Faça compras com sabedoria. Comprar mais comida do que você precisa pode ter dois destinos: sua barriga ou o lixo. Para evitar desperdícios, compre apenas o que você precisa. E evite levar guloseimas para casa. Deixe os alimentos açucarados para ocasiões especiais. 

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Esquizofrenia acelera o envelhecimento. O que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida?

A esquizofrenia é um transtorno mental que atinge 1% da população mundial. Pode aparecer tanto em homens quanto mulheres, sendo mais comum o diagnóstico entre os 12 e os 40 anos. Acredita-se que a genética explique pelo menos 50% dos casos de esquizofrenia. Estudos mostram também que gripes durante a gestação e demora do parto aumentam o risco de esquizofrenia. Na infância, a meningite, o abuso físico ou sexual ou experiências negativas estão associados a maior risco de surgimento da doença. Já na adolescência o uso de maconha parece ser um dos maiores problemas.

Os sintomas mais comuns da doença incluem alterações do pensamento, da percepção sensorial, do comportamento e do afeto. Os transtornos do pensamento envolvem delírios e alucinações. Delírios são crenças não verdadeiras, baseadas em um julgamento incorreto sobre a realidade exterior, apesar de provas e evidências contrárias. O delírio pode levar a pessoa a acreditar que está sendo perseguida, que tem dotes ou poderes especiais, como controlar o tempo ou se comunicar com extraterrestres.

Alucinações

Alucinações são falsas percepções na ausência de um estímulo externo, mas com as qualidades de uma verdadeira percepção, isto é, a pessoa pode ver, ouvir e sentir coisas que não estão realmente ali. As alucinações podem ser auditivas, visuais, táteis, olfativas, gustativas ou uma combinação de todas.

As alucinações auditivas são as mais comuns e podem ocorrer na forma de barulhos, músicas ou mais frequentemente como vozes. Estas vozes podem ser sussurradas, ou claras e distintas, podem falar entre si ou ser uma única voz. Podem comentar o comportamento da pessoa e às vezes podem dar ordens. As alucinações visuais levam a ver distorções de imagens ou aparecimento de pessoas e coisas que só ela vê, podendo estabelecer contato e diálogo com essas pessoas e coisas inexistentes. Além disso uma pessoa com esquizofrenia pode sentir cheiros ou gostos ruins ou ter a sensação de ser tocado ou picado, como se insetos estivessem rastejando sobre a pele.

Também é comum que os pensamentos saltem de um tópico a outro, às vezes sem conexão aparente. A pessoa pode criar palavras novas, substituir palavras por sons, rimas e repetir sílabas. A fala também pode ficar incoerente e incompreensível.

Alterações do comportamento

Já as alterações do comportamento mais comuns são a diminuição de iniciativa, transtornos motores e alterações no comportamento social. A pessoa pode ficar parada por um longo período de tempo ou se engajar numa atividade repetitiva e aparentemente sem finalidade. Os extremos podem incluir o estupor catatônico - situação na qual o paciente fica imóvel por um período longo, ou o excitamento catatônico, onde o indivíduo apresenta atividade motora incontrolável e sem objetivo. Também podem ocorrer estereotipias (movimentos repetidos sem objetivo aparente) e maneirismos (atividades normais, mas fora de contexto).

Geralmente a deterioração do comportamento social ocorre junto com o isolamento social. Algumas pessoas com esquizofrenia comportam-se de forma estranha ou transgridem regras sociais (por exemplo, ficando nuas em público). Podem fazer gestos estranhos, expressões faciais impróprias ou caretas e assumir posturas estranhas sem qualquer objetivo aparente. Podem ser encontradas nas ruas marchando, falando alto e gesticulando. Também podem negligenciar seus cuidados pessoais, vestir roupas sujas ou inapropriadas e descuidar de seus pertences. Esse descuido com a higiene pessoal e comportamentos excêntricos podem dificultar ainda mais a aproximação de familiares, amigos e estranhos. Ao mesmo tempo, tal situação faz com que as pessoas com esquizofrenia acreditem que ninguém gosta delas, acentuando o isolamento social.

Inflamação e envelhecimento

Além destas questões clássicas abordadas, pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre mostrou que pessoas com esquizofrenia envelhecem mais rapidamente. No sangue dos pacientes com esquizofrenia foram encontrados marcadores inflamatórios que encurtam o tamanho dos telômeros (ponta do DNA - saiba mais no vídeo a seguir), contribuem para a diminuição de áreas do cérebro e prejudicam a memória. 

A medicação correta reduz a inflamação, por isto o diagnóstico precoce é importante. O tratamento adequado (medicação, psicoterapia e estilo de vida saudável) previne a depressão, os surtos e o suicídio. Atitudes antiinflamatórias (atividade física moderada, higiene do sono, meditação, redução do consumo de álcool, abstenção do tabagismo e dieta adequada) são fatores importantes para a redução da inflamação cerebral. Saiba mais no vídeo sobre os telômeros:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/