Esquizofrenia acelera o envelhecimento. O que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida?

A esquizofrenia é um transtorno mental que atinge 1% da população mundial. Pode aparecer tanto em homens quanto mulheres, sendo mais comum o diagnóstico entre os 12 e os 40 anos. Acredita-se que a genética explique pelo menos 50% dos casos de esquizofrenia. Estudos mostram também que gripes durante a gestação e demora do parto aumentam o risco de esquizofrenia. Na infância, a meningite, o abuso físico ou sexual ou experiências negativas estão associados a maior risco de surgimento da doença. Já na adolescência o uso de maconha parece ser um dos maiores problemas.

Os sintomas mais comuns da doença incluem alterações do pensamento, da percepção sensorial, do comportamento e do afeto. Os transtornos do pensamento envolvem delírios e alucinações. Delírios são crenças não verdadeiras, baseadas em um julgamento incorreto sobre a realidade exterior, apesar de provas e evidências contrárias. O delírio pode levar a pessoa a acreditar que está sendo perseguida, que tem dotes ou poderes especiais, como controlar o tempo ou se comunicar com extraterrestres.

Alucinações

Alucinações são falsas percepções na ausência de um estímulo externo, mas com as qualidades de uma verdadeira percepção, isto é, a pessoa pode ver, ouvir e sentir coisas que não estão realmente ali. As alucinações podem ser auditivas, visuais, táteis, olfativas, gustativas ou uma combinação de todas.

As alucinações auditivas são as mais comuns e podem ocorrer na forma de barulhos, músicas ou mais frequentemente como vozes. Estas vozes podem ser sussurradas, ou claras e distintas, podem falar entre si ou ser uma única voz. Podem comentar o comportamento da pessoa e às vezes podem dar ordens. As alucinações visuais levam a ver distorções de imagens ou aparecimento de pessoas e coisas que só ela vê, podendo estabelecer contato e diálogo com essas pessoas e coisas inexistentes. Além disso uma pessoa com esquizofrenia pode sentir cheiros ou gostos ruins ou ter a sensação de ser tocado ou picado, como se insetos estivessem rastejando sobre a pele.

Também é comum que os pensamentos saltem de um tópico a outro, às vezes sem conexão aparente. A pessoa pode criar palavras novas, substituir palavras por sons, rimas e repetir sílabas. A fala também pode ficar incoerente e incompreensível.

Alterações do comportamento

Já as alterações do comportamento mais comuns são a diminuição de iniciativa, transtornos motores e alterações no comportamento social. A pessoa pode ficar parada por um longo período de tempo ou se engajar numa atividade repetitiva e aparentemente sem finalidade. Os extremos podem incluir o estupor catatônico - situação na qual o paciente fica imóvel por um período longo, ou o excitamento catatônico, onde o indivíduo apresenta atividade motora incontrolável e sem objetivo. Também podem ocorrer estereotipias (movimentos repetidos sem objetivo aparente) e maneirismos (atividades normais, mas fora de contexto).

Geralmente a deterioração do comportamento social ocorre junto com o isolamento social. Algumas pessoas com esquizofrenia comportam-se de forma estranha ou transgridem regras sociais (por exemplo, ficando nuas em público). Podem fazer gestos estranhos, expressões faciais impróprias ou caretas e assumir posturas estranhas sem qualquer objetivo aparente. Podem ser encontradas nas ruas marchando, falando alto e gesticulando. Também podem negligenciar seus cuidados pessoais, vestir roupas sujas ou inapropriadas e descuidar de seus pertences. Esse descuido com a higiene pessoal e comportamentos excêntricos podem dificultar ainda mais a aproximação de familiares, amigos e estranhos. Ao mesmo tempo, tal situação faz com que as pessoas com esquizofrenia acreditem que ninguém gosta delas, acentuando o isolamento social.

Inflamação e envelhecimento

Além destas questões clássicas abordadas, pesquisa do Hospital de Clínicas de Porto Alegre mostrou que pessoas com esquizofrenia envelhecem mais rapidamente. No sangue dos pacientes com esquizofrenia foram encontrados marcadores inflamatórios que encurtam o tamanho dos telômeros (ponta do DNA - saiba mais no vídeo a seguir), contribuem para a diminuição de áreas do cérebro e prejudicam a memória. 

A medicação correta reduz a inflamação, por isto o diagnóstico precoce é importante. O tratamento adequado (medicação, psicoterapia e estilo de vida saudável) previne a depressão, os surtos e o suicídio. Atitudes antiinflamatórias (atividade física moderada, higiene do sono, meditação, redução do consumo de álcool, abstenção do tabagismo e dieta adequada) são fatores importantes para a redução da inflamação cerebral. Saiba mais no vídeo sobre os telômeros:

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/