Aumentar GABA para redução de ansiedade e dores

O GABA é um neurotransmissor inibitório que costuma estar reduzido em transtornos ansiosos, no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e em doenças dolorosas como a fibromialgia.

Para ajudar a frear a ansiedade e a dor devemos estimular a produção de GABA. Estratégias que funcionam incluem: consumo de chá verde (fonte de teanina), aumento de vitamina B6 (importante também para produção de serotonina e norepinefrina e redução de glutamato). Amendoim, avelã, nozes, semente de girassol são fontes de B6 (piridoxina). O suplemento de B6 que chega mais rapidamente à célula (maior biodisponibilidade) é o piridoxal-5-fosfato (P-5-P).

Outras estratégias para aumentar GABA são dieta antiinflamatória, estratégias de combate ao estresse (como yoga e meditação), tratamento da disbiose intestinal e atividade física regular.

Alguns fitoterápicos também ajudam a aumentar GABA como Valeriana officinalis, Melissa officinalis (erva cidreira), Matricaria chamomilla (camomila), Passiflora incarnata (maracujá), Magnolia officinalis, Mulungu, óleos essenciais (lavanda, laranja).

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Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Dieta e fibromialgia

A fibromialgia é uma doença reumática crônica, acompanhada de alterações na percepção e processamento da dor. Os pacientes têm hiperalgesia (mais dor do que o normal nos músculos). A alteração de processamento cerebral aumenta também a sensação de fadiga, sono, problemas de humor e de memória. É por isso que tantos pacientes com fibromialgia precisam de antidepressivos. O uso do medicamento tem o objetivo de aumentar os níveis de alguns neurotransmissores no cérebro, já que é típica a redução de serotonina e norepinefrina nestes pacientes.

Dores e outros sintomas associados à fibromialgia

Em alguns casos os sintomas começam após um trauma físico, cirurgia, infecção ou estresse psicológico, em outros acumulam-se gradualmente ao longo do tempo, sem nenhum evento desencadeador. Outro fator desencadeante é o excesso de glutamato cerebral, neurotransmissor excitatório.

Para organizar tudo isso e reduzir os sintomas dos pacientes não podem faltar vitaminas do complexo B, magnésio, triptofano (ou 5-HTP). Saffrin e Rodhiola rosea são fitoterápicos que ajudam a modular serotonina. Exercício físico, passeios ao sol, massagens e sonecas também ajudam a aumentar a serotonina. Cuide-se!

Para aumentar norepinefrina, há necessidade do aminoácido tirosina (ovos, feijão, algas, castanhas, abacate). Música, exercício, sono adequado e consumo de chocolate acima de 75% de cacau também ajudam a aumentar norepinefrina.

A fibromialgia também está associada à disfunção mitocondrial. Por isso, muitos pacientes só conseguem controlar a dor com ciclos cetogênicos e dieta antiinflamatória, associadas à suplementação de creatina, coenzima Q10, atividade física e hidratação adequada.

Mas de nada adianta suplemento se você continua inflamado. Reduza alimentos industrializados que contenham glutamato, adote dieta antiinflamatória, cuide do intestino. Coma comida de verdade e fuja dos empacotados! Refrigerantes com aspartame (um tipo de adoçante) também aumentam muito glutamato.

Falei ali da dieta cetogênica. Por quê? Quanto mais glicose chegar ao cérebro (dos biscoitos, doces, arroz, salgadinhos) maior é o estímulo para a produção de glutamato e ele aumenta a dor! A dieta cetogênica é restrita em carboidrato e rica em gordura. Mas não pode ser qualquer gordura, pois gordura saturada aumenta a dor também (melhor peixe do que carne vermelha).

Produtos industrializados contém ácido benzóico, um conservante que faz o alimento durar muito, mas também aumenta glutamato no cérebro. Industrializados também costumam conter glutamato monossódico, presente no molho shoyo, molhos prontos, salgadinhos de pacote, carnes embutidas (salsicha, bacon, mortadela, presunto) e tantos outros alimentos ultraprocessados. Já teanina (do chá verde), magnésio (das folhas verde escuras) e cisteína (das brássicas) ajudam a reduzir os níveis de glutamato no cérebro.

Glúten e leite vão ajudar o paciente? Depende. Quando o paciente possui intolerâncias e alergias, a retirada do gatilho inflamatório ajuda o paciente a melhorar. Mas se o paciente não tem problemas com estes alimentos, a exclusão de grupos alimentares não vai contribuir para a melhoria dos sintomas. Pode é gerar mais estresse pelas restrições desnecessárias.

Existem estudos mostrando que a dieta mediterrânea, que inclui pão de fermentação lenta e iogurte natural, além de frutas, verduras e outros alimentos verdadeiros, saudáveis, com baixo teor de industrializados, açúcar contribui para a saúde geral, do cérebro e redução dos sintomas da fibromialgia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/

Investigação laboratorial na fibromialgia

As doenças autoimunes andam de mãos dadas. Por exemplo, cerca de 40% dos pacientes com hipotireoidismo autoimune desenvolvem fibromialgia, doença que caracteriza-se por dor muscular difusa associada à alterações no sono, fadiga, memória e sintomas neuropsíquicos. É prevalente em cerca de 6% da população mundial. Muitos pesquisadores defendem que cuidar dos hormônios da tireóide é fundamental.

O hormônio tireoestimulante (TSH) é produzido no cérebro, na adenohipófise e controla a produção dos hormônios da tireoide T3 e T4. A dosagem do TSH é importante no diagnóstico não só do hipo e hipertireoidismo, mas também para controle de doenças autoimunes em geral. Estudos indicam que para pessoas com propensão a doenças autoimunes o TSH deve ser mantido abaixo de 2,5 UI/mL (ao invés de 5,6 UI/mL, como indicado para pessoas típicas). Também é importante pesquisar como andam os valores de ferritina (valores altos indicam inflamação), B12, B9 (atuam na metilação), vitamina D (regula autoimunidade), proteína C-reativa (marcador de inflamação), anticorpos (inclusive para glúten), parasitoses, IGF etc.

Doença autoimune tem cura?

Esta é a clássica pergunta de quem é recém diagnosticado com uma doença autoimune. Infelizmente ainda não há cura, mas há controle. Existem mecanismos e tratamentos extremamente eficazes que proporcionam uma significativa melhora na qualidade de vida e no quadro inflamatório de qualquer paciente. Um dos pontos é cuidar do intestino!

MICROBIOTA E FIBROMIALGIA

Acredita-se que existam gatilhos para a doença autoimunes. Estudos mostram que subprodutos do metabolismo bacteriano e fragmentos de bactérias podem causar estímulo ou inibição dos receptores dolorosos via ativação imune, e ainda efeitos secundários no sistema nervoso central pela maior produção de neurotransmissores que podem promover mais fadiga e disfunção cognitiva (piora da memória, falta de foco...).

Os autores mostram que o perfil de microbiota em pacientes com fibromialgia é diferente de outras doenças reumatológicas, o que inclusive corrobora o conhecimento atual de que os mecanismos causais são diferentes entre elas (Minerbi, & Mary-Ann Fitzcharles, 2020). Para uma microbiota boa é fundamental o consumo de alimentos antiinflamatórios, ricos em fibras, frutas e vegetais, reduzir tudo o que tiver açúcar, alto índice glicêmico, consumir menos óleos refinados e carnes gordurosas.

Biointestil ou PB8 (600mg, antes de dormir), NAC (200 mg, 3x ao dia), cloridrato de betaína (150 mg, antes do almoço e jantar) e BIOMAMPS são suplementos interessantes na fibromialgia pois melhoram microbiota, digestão e reduzem inflamação. Para ajuste de doses e individualização marque uma consulta.

COMO LIDAR COM A FADIGA?

Para muitas pessoas com doença autoimune, a fadiga é o sintoma mais debilitante. A fadiga é diferente do cansaço que sentimos após o dia de trabalho ou após uma sessão de treino na academia. É uma sensação de exaustão que persiste durante todo o tempo e que interfere no bom funcionamento geral. É um componente de diversas doenças autoimunes como fibromialgia, artrite reumatóide e síndrome de Sjogren. Preste atenção ao seu corpo, seu ritmo. Permita-se descansar. Planeje suas atividades com antecedência, priorizando o que de fato importa.

Também é importante adotar uma dieta saudável, rica em todos os nutrientes que precisa. Mas não coma demais, nem o tempo todo, pois isso pode piorar os sintomas. Eu sei que pode ser difícil, mas atividade física regular é fundamental para o controle da doença e bem estar geral. Durma mais cedo e encontre apoio. Pedir ajuda não é sinal de fraqueza.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/