Dieta e fibromialgia

A fibromialgia é uma doença reumática crônica, acompanhada de alterações na percepção e processamento da dor. Os pacientes têm hiperalgesia (mais dor do que o normal nos músculos). A alteração de processamento cerebral aumenta também a sensação de fadiga, sono, problemas de humor e de memória. É por isso que tantos pacientes com fibromialgia precisam de antidepressivos. O uso do medicamento tem o objetivo de aumentar os níveis de alguns neurotransmissores no cérebro, já que é típica a redução de serotonina e norepinefrina nestes pacientes.

Dores e outros sintomas associados à fibromialgia

Em alguns casos os sintomas começam após um trauma físico, cirurgia, infecção ou estresse psicológico, em outros acumulam-se gradualmente ao longo do tempo, sem nenhum evento desencadeador. Outro fator desencadeante é o excesso de glutamato cerebral, neurotransmissor excitatório.

Para organizar tudo isso e reduzir os sintomas dos pacientes não podem faltar vitaminas do complexo B, magnésio, triptofano (ou 5-HTP). Saffrin e Rodhiola rosea são fitoterápicos que ajudam a modular serotonina. Exercício físico, passeios ao sol, massagens e sonecas também ajudam a aumentar a serotonina. Cuide-se!

Para aumentar norepinefrina, há necessidade do aminoácido tirosina (ovos, feijão, algas, castanhas, abacate). Música, exercício, sono adequado e consumo de chocolate acima de 75% de cacau também ajudam a aumentar norepinefrina.

A fibromialgia também está associada à disfunção mitocondrial. Por isso, muitos pacientes só conseguem controlar a dor com ciclos cetogênicos e dieta antiinflamatória, associadas à suplementação de creatina, coenzima Q10, atividade física e hidratação adequada.

Mas de nada adianta suplemento se você continua inflamado. Reduza alimentos industrializados que contenham glutamato, adote dieta antiinflamatória, cuide do intestino. Coma comida de verdade e fuja dos empacotados! Refrigerantes com aspartame (um tipo de adoçante) também aumentam muito glutamato.

Falei ali da dieta cetogênica. Por quê? Quanto mais glicose chegar ao cérebro (dos biscoitos, doces, arroz, salgadinhos) maior é o estímulo para a produção de glutamato e ele aumenta a dor! A dieta cetogênica é restrita em carboidrato e rica em gordura. Mas não pode ser qualquer gordura, pois gordura saturada aumenta a dor também (melhor peixe do que carne vermelha).

Produtos industrializados contém ácido benzóico, um conservante que faz o alimento durar muito, mas também aumenta glutamato no cérebro. Industrializados também costumam conter glutamato monossódico, presente no molho shoyo, molhos prontos, salgadinhos de pacote, carnes embutidas (salsicha, bacon, mortadela, presunto) e tantos outros alimentos ultraprocessados. Já teanina (do chá verde), magnésio (das folhas verde escuras) e cisteína (das brássicas) ajudam a reduzir os níveis de glutamato no cérebro.

Glúten e leite vão ajudar o paciente? Depende. Quando o paciente possui intolerâncias e alergias, a retirada do gatilho inflamatório ajuda o paciente a melhorar. Mas se o paciente não tem problemas com estes alimentos, a exclusão de grupos alimentares não vai contribuir para a melhoria dos sintomas. Pode é gerar mais estresse pelas restrições desnecessárias.

Existem estudos mostrando que a dieta mediterrânea, que inclui pão de fermentação lenta e iogurte natural, além de frutas, verduras e outros alimentos verdadeiros, saudáveis, com baixo teor de industrializados, açúcar contribui para a saúde geral, do cérebro e redução dos sintomas da fibromialgia.

Dra. Andreia Torres é Nutricionista, especialista em nutrição clínica, esportiva e funcional, com mestrado em nutrição humana, doutorado em psicologia clínica e cultura/ensino na saúde, pós-doutorado em saúde coletiva. Também possui formações no Brasil e nos Estados Unidos em práticas integrativas em saúde. Para contratar envie uma mensagem: http://andreiatorres.com/consultoria/